Rick narrando- Talvez tivesse sido melhor eu morrer, seria mais fácil se ele tivesse acabado comigo, do que ser humilhado e torturado por esse maldito que eu jurava que estava no inferno sendo brinquedo do satanás, não fiz minha caminhada até aqui para ser pisado e esculachado na minha favela, ele fez o que disse que ia fazer comigo, me jogaram em cima da primeira lage , com os pés algemados , correntes fincadas no concreto, como se ele já tivesse tudo em mente, virado de frente para entrada do morro , sendo a principal atração de quem entra e de quem sai da favela, segurando um 12x1 nas mãos a espera do primeiro sinal de invasão para explodir e avisar ao dono do morro , meu morro , minha família, minha vida dedicada ao movimento , toda a minha história resumida a nada, porque é assim que eu me sinto um nada.
Em pé , de dia o sol forte a noite o frio congelante , com sede, fome. E uma semana que se passa, os pés feridos, os tornozelos inchados contra as algemas fazem elas ferirem, as moscas me rodeiam pelo mal cheiro, e a cada segundo que se passa eu só penso que teria sido melhor a morte, ao contrario do que eu pensei , os moradores passam revoltados com o novo dono , e gritam que estão orando , rezando , e que o dono deles vai voltar, fecho os olhos e lembro da minha morena, da minha filha, do meu pivete, da minha mãe que foi escorraçada por um soldado , por ter insistido em ficar de campana aqui perto, o corpo dói , más o coração mano, há o coração está sangrando, eu sinto o gosto do sangue dele na minha garganta.
Sobrevivendo a pão e água que raramente chega , tortura é mato, tapas , murros, chutes, choques, marteladas nos dedos, chicotadas, o corpo já está se acostumando com a dor, más a tortura maior é pensar na tortura que esse desgraçado está fazendo com a minha família, só de pensar daquelas mão sujas tocando o corpo da Micaela eu choro, para completar a sorte ou o azar a chuva hoje foi forte, a noite inteira de chuva , sem camisa a água do céu lavam meu corpo e minhas feridas, e me lembra da existência de Deus, o sol nasce e junto com ele um arco íris, eu não sei rezar , más se Deus tiver ouvindo o meu coração ele sabe de tudo, senti uma mão no meu ombro, e uma voz conhecida me fez despertar, um soldado meu das antigas, um velho aliado, levanto a cabeça devagar para ele.
Kaká- porra mano, só de te ver assim dá vontade de chorar.
eu não consigo responder, não lembro a ultima vez que usei minha voz.
Kaká- vou ficar na função de te vigiar ai hoje, se eu pudesse mano eu te soltava agora más lá embaixo tá lotado de soldado, só nós dois não ia dar conta, más vou aliviar teu lado.
Ele deixa as correntes mais folgadas, me dá bastante água, comida de verdade, me dá dois comprimidos de dipirona, e divide um baseado comigo, aos poucos meu corpo foi se reerguendo, eu tive forças para falar.
Rick- valeu mano! sabe o que você podia fazer de verdade por mim?
Kaká- então parceiro, fugir não rola.
Rick- me dá um tiro mano, fala que eu tentei fugir e me mata parceiro, eu não dou conta de viver assim não, em nome da nossa amizade , dos anos no corre, em nome da nossa camaradagem.
Kaká- se liga Rick, tú lá é homem de desistir parceiro, se esse comédia te deixou vivo é para você aproveitar a oportunidade, e vai chegar tua vez, pensa na tua família se tu morrer quem vai ser por eles? tua mulher e teus filhos vai passar a vida nas mão desse comédia, tava pensando aqui em fazer um levante , tá ligado, ligar esses manos das antigas, soldados , vapor, que tão ai na função, buscar aliados e colocar esse filho do capiroto onde ele merece, a favela ta engolindo terror mano, os morador tudo com medo, isso ai não tá certo .
As palavras do Kaká são as respostas de Deus , o que eu precisava ouvir para voltar a ser quem eu sempre fui, nunca desisti de porra nenhuma, não posso desistir de viver e lutar.
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Cárcere não Privado
Ficción GeneralMicaela uma jovem de 25 anos casada com Guilherme, um homem extremamente ciumento e possessivo, casados a cinco anos os dois vivem uma vida comum em Goiânia , Micaela é pedagoga , más por ciumes o marido não deixa ela exercer o que sempre sonhou, e...