Desencontros

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Neguim narrando- caralho eu só posso tá muito doidão me enfiar em um avião, e vim parar em Goiânia por causa de uma dona que eu não conheço direito, que eu fiquei uma vez que porra eu tô fazendo? Larguei o morro sem falar nada, tô fudido, dentro do uber eu fiquei nervoso, a ficha da merda que eu tô fazendo foi caindo, o Mb deve ta louco .

Ana- pensando? Arrependido?

Ela colocou a mão na minha .

Neguim- admirando a cidade, tudo muito diferente.

Ana- obrigada!

Olhei para ela sem entender, e me dei conta de porque eu fiz tudo.

Neguim- porquê?

Ana- por fazer eu me sentir importante.

Eu ri, como uma mulher linda como ela não se sente importante. Chegamos em um prédio, ela sorriu para o porteiro que ficou olhando e sorrindo para ela admirado, subimos para o sexto andar e chegamos em um apartamento muito grande, eu fiquei até com vergonha.

Ana- bem vindo a minha casa.

Eu sorri sem graça, ao lembrar do meu barraco que moro com a minha mãe e minha irmã.

Ana- que foi? Você é todo falador, tá muito calado.

Neguim- nada não, acho que tô cansado só isso.

Mundos diferentes, óleo e água, eu pobre ela rica, eu favelado ela Paty, eu preto e ela branca, eu bandido e ela empresária, tenho que voltar para a favela e esquecer essa porra toda.

Olhei o celular, dezessete chamadas e um monte de mensagens, tocou na minha mão, é o MB.

📞Neguim- e ai?

📞MB- e aí porra? E ai é um caralho tá onde arrombado?

📞Neguim- pô mano foi mal, não ter avisado, tô em Goiânia.

📞MB- aí tu me fode né porra, abandona o plantão, geral preocupado e tá em Goiânia? Fazendo o que Neguim? Me dá um motivo pra eu não te matar.

📞Neguim- nós é irmão porra! Eu vim atrás da Ana.

📞Mb- tomar no cú porra, largou o morro por causa de mulher.

📞Neguim- pera aí, quantos tiros tu tomou pela tua mulher? Fala ai...

📞Mb- vai se fuder porra.

📞Neguim- relaxa que eu volto amanhã, avisa lá em casa.

📞Mb- falô.

Ele desligou.

Ana- vai voltar amanhã?

Nem percebi que ela estava ouvindo, achei que tivesse em outro cômodo.

Neguim- pois é, eu tenho que voltar para o morro, não posso deixar o MB na mão.

Ela não disfarçou a tristeza. Cheguei perto dela, coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, os olhos dela é lindo verdes, ela é toda linda, más não é para alguém como eu.

Ana- fica! Não me deixa sozinha.

Encostei meu rosto no dela, a pele é tão macia que eu ficaria assim pra sempre, sentido o cheiro dela, sentido o calor do corpo dela, beijei ela devagar, sentido o gosto da boca dela, soltei a boca dela, nossos olhos se encontraram, desviei o olhar.

Neguim- tenho que ir para o hotel, você sabe como faço isso?

Ana- eu não vou deixar você sair daqui.

Cárcere não PrivadoOnde histórias criam vida. Descubra agora