NOVE

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─ Aqui! Eu os achei. Espera aí, eu te ajudo. ─ Breno empurrava as águas com maestria, pois já era perfeitamente familiarizado com a piscina, afinal graças aos seus dotes como nadador já colecionava troféus nacionais e até internacionais, sempre competindo pela escola. Por isso não foi dificuldade alguma para o rapaz alcançá-los e içar Ruggero dos braços de Karol.

Ele viu pelo rosto apavorado da menina que ela parecia prestes a não aguentar mais Ruggero.

Não que ele soubesse de toda a força que ela possuía.

─ Ruggero está respirando. ─ O pequeno anjo guinchou entre tremores, lutando para não deixar à amostra todo seu pavor com a situação. ─ Mas a cabeça dele está ferida. Está sangrando muito!

Breno gritou por ajuda e logo mais e mais alunos se aglomeraram na borda da piscina, esticando os braços para ajudar a içar primeiro o garoto ferido, depois o ruivo e Karol que haviam entrado ali para socorrê-lo.

Ruggero foi prontamente colocado em cima de tolhas e trataram de cobri-lo com algumas delas também, porque além de se debater por causa do frio, ele começava a ficar com os lábios arroxeados.

Era como se uma linha muito tênue o separasse do mundo dos vivos e dos mortos.

─ Pode se apoiar em mim. ─ Alfonso, amigo de Ruggero, disse a Karol na hora em que ela se arrastou para perto da multidão, buscando um jeito de sair da água, mesmo que estivesse completamente desnorteada ainda.

Muitas mãos estavam estendidas para ela, mas a menina não raciocinava direito, tampouco se importava consigo mesma.
Seu maior medo era que o pior acontecesse com Ruggero, e foi exatamente por percebê-la tão fora de si que Alfonso se ajoelhou na borda lisa da piscina e sem muito esforço conseguiu içá-la parcialmente para cima, pedindo que a menina fizesse um pouco de força para que não se machucasse.

Automaticamente Karol obedeceu, dando-se conta de que precisava reagir.

Não fazia o menor sentido que se mostrasse tão abalada.

Ninguém ali sabia do que ela estava passando. Ninguém sabia como a vida de Ruggero era importante para ela.

Se ele se fosse, tudo estaria acabado, e desta vez não haveria Raziel para trazê-lo de volta.
Estavam sozinhos.

─ Pelo amor de Deus! Você me deu um susto, Karol! ─ Mabel ralhou toda afobada, cobrindo a nova amiga com duas toalhas brancas de uma vez.

Aos poucos Karol foi se desvencilhando de Alfonso e ao notar que ela estava bem, o moreno se voltou para o amigo que aguardava por socorro enquanto o professor de educação física tentava fazer os primeiros atendimentos.

A turma falava incessantemente, formando um semicírculo em volta do garoto machucado.

─ Precisam ajudá-lo. Precisam ajudá-lo agora! Agora, Mabel!

─ Calma, Karol. Calma. ─ A menina loira repetia, mas por dentro seu coração se apertava com tanta força que era como se o ar estivesse lutando bravamente para passar.

Jamais ela havia sentido uma agonia tão forte por causa de outra pessoa.

Mabel não sabia de sua ligação com Ruggero, mas estava prestes a descobrir que por mais insano que parecesse, necessitava vê-lo bem.
E isso era maior do que qualquer coisa no mundo.

Entretanto, também se preocupava com Karol que não parava de se debater de frio.

Frio e desespero.

─ Ele tem que ficar bem. Tem que ficar...

As duas se abraçaram ligeiramente e Mabel não se importou que sua roupa ficasse ligeiramente empapada de água, pois seus olhos azulados sondavam com ansiedade a cena que ia se desenrolando mais adiante, onde o professor pedia espaço e realizava manobras de ressuscitação, tentando não demonstrar que a situação estava pior do que ele cogitava no inicio.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora