VINTE E UM

419 67 450
                                    

Uma fina teia de terror serpenteava silenciosamente por cada junta do corpo de Karol, paralisando-a pouco a pouco, centímetro por centímetro. E por mais que a garota quisesse gritar e sair correndo, não podia. Não conseguia.
As lembranças de Lionel lhe corroíam a consciência, a faziam se lembrar de como agiu monstruosamente; matando-o.

Seria esse um castigo imposto por seu Pai? Não. Karol não imaginava o Pai sendo tão cruel assim.

Ele nunca faria isso.

Mas, e se ela merecesse? E se tivesse cavado sua própria cova? Afinal tirou a vida de alguém...

─ Eu sempre fui louco pra sentir o seu cheiro assim... ─ Gastón raspou a ponta do nariz no pescoço dela, empurrando para o lado os cabelos bagunçados de Karol sem gentileza alguma. ─ Não sabe como eu fantasiei isso, gatinha... Você nem imagina.

Com uma vontade imensa de vomitar, Karol o empurrou, mas suas forças pareciam poucas, escassas.
O medo realmente a enfraquecia como nunca antes.

De repente não era o anjo da justiça. Era só uma garota assustada... Um mero anjo caído, deserdado, indigno.

─ Por favor, não. ─ Choramingou ao ser girada brutalmente e empurrada para frente, encostando o rosto no móvel frio.

Gastón se aproximou por trás, roçando seu membro rígido contra a bunda dela, curvando-se o máximo que podia para beijar-lhe a nuca, o lóbulo da orelha, deixando rastros vermelhos por causa da violência do contato.

Com uma das mãos prendia os dois braços dela atrás das costas, forçando até que uma dor despontasse nos ombros de Karol e a fizesse apertar os olhos e grunhir.

Ela desejou estar tendo um pesadelo... Desejou sumir...

─ SEU FILHO DA PUTA DESGRAÇADO!

No primeiro momento Karol achou estar delirando, que sua mente apavorada estivesse criando a voz, inventando uma realidade menos horrorosa, porém, quando se viu livre das caricias estúpidas de Gastón, percebeu que era a mais pura verdade.

Ela cambaleou, caindo sentada no chão bem a tempo de ver Agustín arrastando Gastón pelo colarinho até a parede e espremendo a cabeça dele contra ela, desferindo socos violentos, sem dar a mínima chance do outro homem sequer reagir.

Karol abriu a boca pra gritar, mas um grito pavoroso escapou da garganta de seu chefe.

Agustín, cego de ódio, o arremessou com força contra o painel onde a TV tela plana estava e tudo se quebrou num estopim de segundo, caindo por cima do homem que agonizava como um pobre diabo todo ferido, sem conseguir sequer abrir os olhos direito.

Ainda não satisfeito, Agus subiu em cima dele e agarrou-lhe o colarinho.

─ Nunca mais, ouça bem seu desgraçado, nunca mais você vai tocar na minha irmã, está ouvindo?! ESTÁ OUVINDO, CARALHO?!

Golfando uma pequena poça de sangue que se aglomerava em sua garganta, Gastón esboçou uma afirmação e tentou se soltar; em vão.

Sem piedade, Agustín bateu a cabeça dele mais três vezes contra o piso, deixando-o mole e quase desacordado, arfando violentamente, implorando por uma gota de ar, assim como Karol implorou para não ser abusada por ele.

─ Deus do céu! ─ Michael guinchou aparecendo no batente da porta com Raziel a tiracolo.

Karol nem havia percebido que o irmão menor estava ali o tempo todo.

Ela se apoiou na mesa e ficou de pé, correndo na direção de Raziel, deixando que Michael fosse arrancar Agustín de cima de Gastón antes que viesse a matá-lo.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora