TRINTA E CINCO

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Três dias depois...

Quanto o ponteiro do relógio parar (e ele vai parar); quando o coração errar a batida (ele não vai mais bater); Quando o arrepio virar gelo (tudo irá se estilhaçar)...

Você ouvirá a minha voz (você sempre vai me ouvir)

Quando o ponteiro do relógio parar...

Quando o coração errar a batida...

Quando o arrepio virar gelo... (quando tudo se quebrar)

Quando o ponteiro do relógio parar...

Quando o coração...

─ Amor, calma! Ei, calma! Foi só um pesadelo. Acorda. Está tudo bem.

As mãos de Karol tatearam o ar e seus olhos se abriram rapidamente. Ela sentiu os dedos esbarrarem em algo e depois se sobressaltou quando Ruggero lhe tocou o rosto, chamando sua atenção.

A menina respirava pela boca entre lufadas de ar entrecortadas.

O coração parecia que ia sair pela boca.

─ A voz. ─ Murmurou se endireitando no banco no qual estava sentada. ─ Eu a ouvi no sonho... Ela estava lá.

─ Amor... ─ Ruggero segurou-lhe o rosto. ─ Você acabou cochilando, mas está tudo bem. Não tem voz nenhuma, tá? Eu te busquei em casa, já chegamos no colégio, precisamos descer do carro...

Atordoada, Karol girou a cabeça e percebeu que ele tinha razão.

Havia pegado no sono durante o caminho e nem se dera conta disso. Realmente se sentia muito cansada ultimamente, principalmente porque preferia passar as noites acordada, por precaução.

O que quer que pudesse acontecer, só ela poderia evitar, afinal Raziel estava cada vez mais fraco e Agustín não teria forças para um ser superior.

Só ela poderia impedir.

─ Desculpa. Desculpa, Rugge.

─ Está se desculpando porque, minha linda? ─ Riu, beijando-lhe nos lábios com delicadeza. ─ Você apenas teve um pesadelo.

No fundo, lá no fundo mesmo, Ruggero sabia que não era só um pesadelo quando se tratava deles, mas se negava a deixá-la ainda mais nervosa.

Karol acariciou o rosto dele.

─ Nada vai acontecer, não é?

─ Nada.

─ Você me promete?

─ Eu prometo.

─ Rum. ─ Ela esboçou um sorriso triste, escondendo o rosto no pescoço dele. ─ Você sabe que não dá para prometer.

─ Sim, mas eu prometo de toda forma.

─ Ruggero...

─ Nada vai te tirar de mim, Karol. E nada vai me tirar de você.

Chorosa, ela se afastou um pouquinho.

Ruggero tocou o próprio peito por cima do casaco que usava.

─ O meu coração dói se você se afasta. O seu coração dói se eu me afasto. Então não vamos nos causar essa dor. É coração com coração. Não há a menor possibilidade de algo acontecer.

Ela aquiesceu e fungou.

─ Coração com coração.

─ E nada de dor!

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora