QUARENTA E DOIS

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Dias depois...

Para não levantar boatos desnecessários e, óbvio, por falta de espaço, Ruggero aceitou o convite de Pietro e sua família para que ele ficasse na mansão deles ou invés da casinha de Karol, onde já viviam Agustín e Raziel.

Contudo, o plano do garoto era que assim que acabasse o ano letivo, e contando que tudo daria certo para todos eles, seu foco era viajar o máximo que conseguisse, rodar o mundo com Karol ao seu lado, claramente.

Ele tinha certeza de que poderia arrumar emprego em cada cidade e país que pisassem.

De alguma forma, viveriam bem, contanto que estivessem juntos.

─ Ei, Romeu, volta para a realidade! ─ Pietro gracejou, atirando uma lasquinha de pão em Ruggero que mastigava distraidamente um pedaço de queijo, afundado em pensamentos. ─ Deixe-me adivinhar... Você estava pensando na Karol e em como serão felizes para sempre?

Não que fosse mentira, mas Ruggero fez uma careta para o colega de casa que estava sentado do outro lado da grande mesa de café da manhã que haviam montado para os dois.

Ruggero até chegava a pensar que era um exagero tanta comida para duas pessoas, afinal os pais de Pietro costumavam sair cedo para trabalhar e rara eram as vezes em que comiam com eles.

─ Vai me dizer que você não faz planos com o azedo do Agustín? ─ Alfinetou de volta.

Pietro abriu um sorriso dúbio.

─ Meus planos são tentadoramente pessoais. Não seja intrometido!

Ruggero riu alto, dando-se por vencido.

Não queria entrar em detalhes, assim como não contava sobre o que planejava com Karol.
Por um tempo, era melhor apenas conjecturar e calcular os próximos passos.

Além do mais, agora se sentia bem, revigorado.

Já havia retirado os pontos, os hematomas estavam suavizando e a saúde parecia boa.

E apesar do coração ainda triste por causa do pai, tinha que seguir em frente.

Talvez fosse até a hora de arrumar um emprego.

Ele sabia que os pais de Pietro haviam pedido que ele se focasse apenas nos estudos, assim como o filho deles, mas a última coisa que Ruggero queria era ser um peso morto ali.

─ Pietro?

─ Hum?

─ Você soube algo da Mabel ultimamente? Estou sem ir à escola esses dias e não tenho cara de perguntar para a Karol, sabe? Seria esquisito.

Pietro bebericou seu suco de morango com pedacinhos de abacaxi e suspirou pesadamente, pousando o copo sobre a mesa.

─ Ela não chega perto de mim e nem da Karol, mas nós a vigiamos sempre. Nunca a deixamos sozinha, sabe? Todos os dias a acompanhamos até em casa de longe, esperamos ela entrar. E até onde sei, ela continua indo se consultar com a psicóloga. Nesses dias ela sai um pouco mais tarde e o motorista busca ela, então a Karol e eu não precisamos esperá-la ou vigiá-la.

Ruggero assentiu vagamente, observando o café em sua xícara.

─ Não é seguro deixá-la só.

─ Sabemos. Mas com a doutora é de boa. Ela fica com a Cinthia, depois vai direto para casa com o motorista até onde sabemos.

─ Certo. Pelo menos ela está se consultando.

─ É o mínimo, ? Ela até aparenta estar mais calma.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora