CINQUENTA

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Karol havia dito a Ruggero que o melhor golpe contra um anjo é agir antes de pensar.

Nunca deixe um de nós saber qual será a sua próxima ação.

E ele havia decorado aquilo perfeitamente.

Porém, a única ação da qual precisava para encerrar aquele ciclo nada tinha a ver com atingir Raziel, aproveitando-se da distração dele ou algo do tipo. Não. Aquela ação, aquele último golpe, era a sua esperança final. Um apelo desesperado para estar com quem amava.

E naquele instante usou toda a força que tinha para segurar a espada. Ela reluzia, era enorme, fascinante e celestial.
Um objeto construído de material maciço, completamente diferente do que qualquer outra coisa que já havia visto ou tocado na vida.

Todavia, apesar de todos esses pensamentos que lhe passavam pela cabeça, tomou a única atitude que achou correta.

De um jeito atabalhoado, ergueu a espada no ar, segurando-a com as duas mãos.

Num movimento brusco e inesperado girou o braço para o lado, deitando a lâmina na altura do rosto, por fim a abaixou um pouco; no mesmo instante em que a fez deslizar por seu pescoço; abrindo um corte profundo e irreversível.

Uma vida não é vida sem você, meu anjo. Coração com coração. Alma com alma. Se você não respira, eu não ousarei respirar.
Se aqui você não está; nada me resta.

A espada tilintou contra o piso ao ser solta.

Ele caiu debilmente no chão ao lado dela, virando o rosto para fitá-la, esticando a mão o máximo que podia para tocar na mão de seu único e verdadeiro amor. Na outra mão, ele segurava a pena escura das asas de seu amor; aquela pena que ele levava consigo simbolizando o lado dela que desejava reencontrar; fosse onde fosse.

Assim se sentia feliz; morreu sorrindo.

E tão logo ele partiu, mais uma alma atormentada logo se uniria à sua. Sem titubear, Hassel reagiu, aproveitando-se de um momento de alegria visceral que Raziel sentiu ao ver Ruggero morrendo.

Sem nenhuma piedade, a fúria do anjo de asas violetas se direcionou poderosamente contra o irmão, destroçando-o ferozmente entre socos e chutes, arrancando com todo o ódio possível as asas dele, sem sequer dar-lhe a chance de ter uma reação que fosse.

Raziel convulsionava de tanta, mas tanta dor.

Era um pobre diabo desesperado, afoito demais em sua miséria, incapaz de reagir, de corresponder.
Não tinha mais força, afogava-se no próprio sangue, odiava a imortalidade naquele momento.

Ele via por entre os olhos arroxeados como Hassel parecia envolto em chamas.

Um golpe atrás do outro o arremessava longe, deteriorando ainda mais a velha construção.

O teto começou a ruir em cima deles.

Mas não antes de Hassel recuperar a espada e ferir de todas as formas possíveis àquele que destruíra sua família.

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A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora