VINTE E OITO

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─ Acode aqui! SOCORRO! ACODE AQUI! ─ Pietro guinchou aos quatro ventos, largando o copo de cerveja que trazia numa mão e o celular que estava na outra.

Correu o mais depressa que pôde, porém, Agustín estava logo na frente.

A confusão era tamanha que até a música havia cessado.

Com o coração batendo na garganta, Agustín se abaixou na beirada da piscina, curvando-se para ajudar Ruggero a tirar Karol da água. Ela se debatia tremendo de frio e balbuciava coisas desconexas.

─ Pega uma toalha pra ela! ─ Ruggero gritou, apoiando-se na beirada da piscina para conseguir sair, sacudindo a água que escorria deu seus cabelos e derramava-se sobre seu rosto contorcido de preocupação.

Ele não havia entendido nada, mas ao vê-la despencando totalmente atordoada, não pensou duas vezes.

E nem teria o que pensar. Pularia outras mil vezes se fosse preciso.

─ Me dá isso aqui que você nem está precisando. E nem combina com a sua roupa! ─ Pietro ralhou com um dos convidados, arrancando do garoto um casaco grosso e correndo para onde Karol estava nos braços de Agustín. ─ Toma, veste nela! Depressa! A coitadinha está tremendo!

Desajeitadamente Agustín conseguiu cobri-la, ajeitando-a em seus braços para que pudesse se levantar com ela e sair dali.

Karol agarrou-se a camisa dele, enterrando o rosto em seu peito, ainda balbuciando um 'não' atrás do outro.
O medo lhe fazia perder a razão.

─ O que está acontecendo? Porque ela está assim?

─ Eu não sei, Ruggero! Eu só preciso tirar a minha irmã daqui agora!

─ Vamos levá-la para o meu quarto. Eu vou pegar uma roupa da minha mãe, que com certeza vai caber nela! Vamos, vamos! ─ Pietro saiu abrindo caminho, agitando os braços e guiando Agustín e Ruggero para dentro da mansão.

Logo atrás deles, Mabel. Ela também se sentia preocupada.

Subiram inúmeros degraus e cruzaram um corredor enorme coberto por tapetes Persas que custavam mais do que qualquer um ali poderia calcular. No fim de tudo aquilo, uma porta entreaberta com um pôster da Lady Gaga colado.

Agustín não teve nem dúvidas de quem era o quarto.

Avançou na direção da porta antes que Pietro pudesse abrir e adentrou o cômodo, mas precisou parar por causa da escuridão.

─ Cadê a cama?

Pietro bateu palmas, mas nada aconteceu. Ele soltou um muxoxo de aborrecimento.

─ Droga de sensor que nunca funciona quando eu preciso! ─ Murmurou apertando no interruptor, ligando todas as luzes.

Ignorando o tamanho gigante do quarto, Agustín correu até a cama, deitando Karol sobre os lençóis cor de pêssego, puxando um travesseiro para que ela pudesse apoiar a cabeça.

A garota agarrou a mão dele e o fitou nos olhos; a angústia era latente.

─ Quer levá-lo... ─ Sibilou batendo o queixo de frio. ─ A voz... A voz quer levá-lo de mim...

─ Quem? Que voz? ─ Sussurrou de volta, agachando-se. ─ O que aconteceu de verdade?

─ Cadê ele? ─ Choramingou. ─ Cadê ele? Cadê o Ruggero...?

─ Eu estou aqui, minha linda! ─ O garoto guinchou, atravessando o quarto às pressas, molhando todo o carpete. Pensou em chegar perto da cama, mas Agustín lhe lançou uma olhadela atravessada, impedindo-o.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora