TRINTA E QUATRO

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─ Não! Não sei no que está pensando, mas você não vai fazer isso. ─ Agustín guinchou puxando-a mesmo contra a vontade dela, fazendo-a se sentar no sofá. ─ Karol, olha pra mim. Você está em pânico, eu entendo, mas sumir não é uma opção. E não me importa quem é esse tal de Hassel, mas na nossa casa ele não entra! Ele não vai vir aqui.

─ Agustín, você nem gostava de mim! Quantas vezes você não quis que eu sumisse da vida do Hugo? Em quantos momentos não me disse claramente que me odiava? Porque isso agora? Porque não me deixa fazer o que é certo?!

─ Porque não há nada certo na mínima possibilidade da sua morte. ─ Retrucou com firmeza, segurando o rosto dela, ignorando a própria dor que sentia. ─ Eu te odiei por que eu tinha medo. Eu falei inúmeras coisas para você e que agora me arrependo amargamente. Mas sabe qual é o meu maior medo agora?

─ Qual?

─ Perder você. ─ Suspirou pesadamente e abanou a cabeça. ─ Agora eu entendo o motivo pelo qual o Hugo te amava. Você não é aquele monstro que eu pensava. Você é a melhor pessoa que eu já conheci. E você é a minha família agora. Portanto, eu sinto muito, mas eu não vou ficar sozinho de novo. Eu não vou permitir que algo aconteça, Karol. Eu não vou.

─ O Agustín tem razão. ─ Raziel subiu no sofá e a abraçou, pousando a cabeça no ombro dela. ─ Você não pode nos deixar. Uma família nunca se separa. Não importa o que aconteça, uma família nunca desiste.

Karol sentiu as lágrimas escorrerem quentes por suas bochechas e aos poucos esmoreceu nos braços dos dois, sendo acolhida, permitindo que a sensação dolorosa de pânico fosse se dissipando, abrindo caminho para a razão que tinha ficado no fundo da mente acuada.

Sabia que eles estavam certos, mas se aceitou aquelas palavras foi porque também não se imaginava sem os irmãos.

─ Eu amo vocês. ─ Sussurrou com a voz entrecortada. ─ Eu amo muito vocês e eu faço qualquer coisa para que...

─ Shiu! Cala a boca. ─ Agustín ralhou acariciando os cabelos dela. ─ Eu sou o mais velho aqui para todos os efeitos, então, antes de pensar em fazer qualquer burrada, fala comigo, mas nunca mais me faça sentir esse medo de novo, entendeu?

Ela assentiu, dando um beijo na bochecha dele.

─ Obrigada. Muito obrigada.

Raziel afastou um pouco o rosto e fitou os dois, depois sorriu.

Por mais estranho que pudesse parecer, eram uma família. Uma verdadeira família.

۞

Ruggero estacionou o carro em frente à casa de Karol no começo da tarde, mas não desceu imediatamente. Ele sacou o celular no bolso e ligou para Mabel, porém novamente caiu na caixa postal.

Ele havia tentado conversar com ela após Karol ir embora, mas a menina simplesmente não quis ouvir e se foi. E por mais que soubesse que precisava deixá-la assimilar as coisas, Ruggero tinha medo de que por se sentir tão sozinha, Mabel fizesse alguma besteira.

E mesmo não estando mais juntos, ele não a queria mal.

─ Mabel, essa é a quarta mensagem que eu deixo. Por favor, pelo menos manda um emoji no WhatsApp só para que eu saiba que você está bem. Qualquer coisa. Apenas... Não me deixe sem notícias. Eu estou preocupado com você. ─ Disse e desligou a ligação, colocando o aparelho no bolso novamente.

Depois de um longo suspiro, apanhou a pasta escura onde havia posto os desenhos e a protegeu dentro da jaqueta que usava para que os pingos de chuva não molhassem e acabassem estragando tudo.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora