VINTE E NOVE

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Agustín empurrou algumas pessoas que se sacudiam ao ritmo da música, já esquecidos do incidente de Karol. Na verdade, a bebida era forte o suficiente para fazer os adolescentes deixarem para lá qualquer coisa.

Mas para Agustín não era assim. A bebida não corria ainda em seu sangue, mas mesmo que viesse a correr, ainda assim, ele se sentia completamente responsável e não só pelo o que havia ocorrido com Karol, mas também com Raziel que ainda estava em casa. Sozinho.

Hugo havia deixado em suas mãos a proteção da garota que amou com toda a alma. Ele pediu que Agustín cuidasse dela; mas o rapaz sentiu que falhara nisso. E esse pensamento era como uma faca envenenada cravada em seu peito. A culpa de ter atiçado o sentimento de Karol por Ruggero agora lhe corroía; pois se tivesse permanecido firme e sem se meter, talvez as coisas não tivessem chegado a tanto.

E desta maneira, ele pensava, acabaria sendo mais uma mão que empurraria para o abismo dois anjos que só queriam a redenção e o perdão.

Ele se julgava pouco merecedor do perdão divino, mas sabia que Karol e Raziel mereciam.

Eles eram bons.

─ Achei! ─ Guinchou, agachando-se para pegar o celular de Pietro que havia caído perto do pé de uma das mesas na hora da confusão.

Há poucos metros de distância, após deixar Mabel dentro do carro para ser levada pelo motorista, Pietro se questionou o motivo pelo qual Agustín fuçava tão veementemente em seu celular.

Com a testa vincada, abriu caminho por entre os convidados e alcançou o amado.

─ O que aconteceu, Agustín?

─ Barulho infernal! ─ O rapaz murmurou mesmo ouvindo a pergunta de Pietro. ─ Posso ligar lá de dentro? Aqui até o sinal está horrível.

─ Não! Não pode enquanto não me disser o que está fazendo com o meu celular!

─ Ah Pietro, pelo amor de Deus! Acha que eu vou roubar? Ou, sei lá, que estou procurando algo? Por favor, né!

Pietro cruzou os braços.

─ Eu não sei o que pensar vendo essa cena, Agustín. Já passei por situações horríveis dessa maneira e se você não confia em mim, então é melhor...

─ O quê?! Como assim? Quem disse que eu não confio em você?

─ Olhe só para você, está com a porra do meu celular! O que está procurando? Acha que tenho outro? Pois bem, quer a senha para ver as mensagens? Daí você vai constatar a porra do idiota que eu sou, porque só tenho conversado com você!

Com a testa vincada, Agustín abaixou o braço, deixando de lado a ligação que precisava fazer.

─ Pietro, isso não tem a ver com nós dois. Eu só peguei o seu celular porque não trouxe o meu e preciso fazer uma chamada muito importante. É só por isso.

Alguns vincos formaram-se na testa do dono da festa, que subitamente perdeu as palavras por alguns segundos.

A música explodia por todos os lados e deixava tudo insuportavelmente agitado.

Por isso, tentando controlar o estresse, Agustín decidiu se afastar, deixando o celular de Pietro sobre a mesa.

Ele pegou a chave do carro no bolso e marchou para dentro da mansão.

Precisava ir embora antes que se arrependesse de ter ido ali.

─ Agus, espera!

─ Não venha atrás de mim. Não quero conversar agora, Pietro.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora