VINTE E CINCO

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Agustín exalou pela boca e perambulou pela pequena sala na qual fora colocado para que pudesse consertar os computadores. Ao contrário do que o dono da lanchonete pensava, os monitores não estavam pifados ou coisa do tipo, eles só precisavam de uma boa limpeza e atualizações; além do mais, arquivar o que lhe foi pedido foi bem fácil, Agustín fez tudo em poucos minutos.

Seu único trabalho naquele momento era só esperar que as atualizações terminassem completamente, só então estaria liberado.

Porém, para matar o tempo, fuçou em algumas gavetas e tentou abrir a janela que tinha vista para a rua, contudo, estava emperrada.

Suado, ele tirou a camisa e a deixou em cima da cadeira, então voltou para checar o computador.

60% em andamento...

O rapaz bufou, pousando as mãos na cintura.

Pensou em ir abrir a portinha da sala, mas ela ficava de frente para um corredor estreito, depois havia uma escada bem íngreme, por fim o salão da lanchonete, portanto, o vento praticamente não chegaria ali.

Por um segundo ele se perguntou por que os computadores ficavam naquela masmorra.

E talvez até fosse por isso que pararam de funcionar; os coitados ficaram deprimidos.

Impaciente, andou de um lado a outro, fitando as paredes pálidas, mas cheias de mofo nos recantos.

─ Os ratos devem amar esse lugar. ─ Murmurou empurrando com a ponta do dedo um pedaço do gesso da parede, fazendo-o cair no chão.

─ Os ratos eu não sei, mas aqui tem um gatinho...

Estupefato, Agustín girou nos calcanhares.

Parado à porta com uma mão na maçaneta, Pietro sorria pra ele, trajando um conjunto vermelho que lhe fazia reluzir apesar da luz fraca.

─ O que está fazendo aqui?

─ Você disse que estaria aqui... Eu estava me sentindo sozinho... A Karol está com o Ruggero lá embaixo... A minha boca precisa de um beijo... Enfim, sabe como é, são as coincidências da vida. ─ Pietro praticamente cantarolou, adentrando o ambiente e fechando a porta atrás de si.

Agustín não pôde conter o sorriso que se alastrou por seus lábios.

─ Você é bem doidinho, não é?!

Deixando a bolsa em cima de uma cadeira abandonada num canto, Pietro quase flutuou até o rapaz sem camisa parado do outro lado da sala, que era incapaz de parar de olhá-lo, tampouco respirava como se devia.

─ Eu só acho que não devemos abrir mão das coisas boas por medo. Jogo no time dos decididos. E você, gatinho?

Instintivamente as mãos de Agustín estacionaram na cintura dele e esse mísero contato fez Pietro estremecer.

─ Eu sou um péssimo jogador. ─ Sussurrou.

Sorrindo sordidamente, Pietro deslizou as palmas quentes de suas mãos pelos braços nus do homem a sua frente, aproveitando cada centímetro daquela pele ardente que lhe envolvia sem pudores.

─ A sua sorte é que eu não me importo com isso. Quero você no meu time de todo o jeito...

─ Pietro... ─ Murmurou Agustín em tom de aviso, pois algo dentro de si já começava a ruir pouco a pouco. ─ Talvez eu não seja o cara que você quer na sua vida. Sou muito enrolado... Você pode estar entrando em um jogo perdido.

─ Pietro Hernandez nunca perde, gatinho. ─ Retrucou fitando-o nos olhos. ─ E estando comigo você só tem a ganhar.

Agustín sorriu.

A Marca dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora