Capítulo 14

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Jake

        Assim que atravessámos a porta, alarmes começaram a soar  fazendo luzes vermelhas piscar em todo o edifício, a porta atrás de nós fechou-se de imediato, e suponho que todas as outras saídas também, estamos fechados aqui. Não sabíamos quantos homens estavam em frente a esta operação, o que era um problema, em breve poderíamos estar cercados, tínhamos de ser rápidos. A nossa prioridade era retirar estas pessoas daqui o mais depressa possível e levá-las para segurança. Mas aqui não poderíamos dividir-nos, era demasiado arriscado, não iria por ninguém em risco. Mandei os homens estabelecer perímetro e ficarem atentos caso aparecesse  alguém, e dirigi-me a uma cela, lá dentro estava um rapaz, não deveria ter mais que vinte anos, o seu corpo estava encolhido no canto, os braços apertavam as pernas com força, estava nu e eu só conseguia ver o seu cabelo preto. 

        -Olá, o meu nome é Jake,  sou do clã Darkmoon, estou aqui para vos ajudar, achas que me consegues dar algumas informações? - Estava com medo de o assustar mas não tinha outra hipótese, tinha de ser rápido, o  tempo estava a esgotar, e alguém iria aparecer em breve.

        O rapaz, olhou para cima muito devagar, como se tivesse com medo de se mexer, tinha os olhos fundos e um dos olhos estava negro, observou-me dos pés à cabeça como se tentasse descobrir se eu estava de facto a dizer a verdade, a visão dos homens armados atrás de mim deve tê-lo convencido.

        -O que é  que querem.... - A sua voz estava fraca, como se não falasse á muito tempo.

        -Sabes quantas pessoas estão aqui presas? Quantos homens estão aqui dentro? E existe alguma forma de sairmos daqui? -Espero que ele nos possa ajudar.

        -Não sei ao certo, muitas mulheres e crianças estão aqui, muitos feridos. Sei que passou aqui o manda-chuva à pouco mas não chegou a sair, pelo menos não pela porta da entrada, talvez haja alguma porta escondida algures. -O medo era evidente na voz dele,  o seu corpo tremia, os seus olhos nunca estavam fixos num sítio só.

        -Qual é o teu nome?

        -Oliver.

        -Muito bem Oliver, eu venho-te buscar e vamos sair daqui. Obrigada pela ajuda. - Não esperei pela resposta, virei costas e regressei para junto da minha equipa.

        Estávamos todos em modo alerta, o Kyle olhava para mim com expectativa, contei-lhe o que o Oliver me tinha contado, das duas uma, ou o manda-chuva tinha fugido quando a sirene começo a tocar, ou ele ainda estava aqui dentro. Som de passadas interrompeu os meus desvaneios, eram de várias pessoas, o que significava que a cavalaria já tinha chegado. Portas abriram-se no andar de cima, de onde saíram homens armados com grandes armas, era um grande poder de fogo, o manda chuva devia ter dinheiro. Protegemo-nos atrás das paredes assim que eles começaram a disparar. Balas voavam dos dois lados, era disparar para matar, eu o Kyle tínhamos tido treinos intensos para nos sabermos proteger, futuros alfas eram sempre alvos. As nossas balas atingiram muitos deles, mas não era o suficiente, teríamos de nos aproximar para ter um melhor campo de visão. Fiz sinais à minha equipa e avançámos, corremos para o fundo do corredor,  onde estavam as escadas, os tiros sem cessar, ouvi alguns rosnados o que levou a crer que alguém tinha sido atingido, mas não parámos. Assim que chegámos ao cimo das escadas, disparámos contra tudo o que se mexia, não iriamos deixar ninguém vivo. Corpos caiam por todos os lados, ouviam-se gritos do lado dos humanos, ainda eram muitos, transformámo-nos e corrermos para eles. A minha visão estava turva da adrenalina e da raiva, mordia tudo o que me aparecia à frente, sentia a pele a rasgar-se na minha boca, o sabor do sangue inundava-me os sentidos. Pelo som dos rosnados que se ouvia, o resto da equipa tinha feito o mesmo que eu, e já estavam a tratar do resto dos humanos. Quando ficou tudo silencioso parei  e olhei em volta. Parecia um cenário de um filme de terror, as paredes estavam salpicadas de sangue, bocados de corpos estavam espalhados pelo chão irreconhecíveis, era um autêntico massacre, mas teve que ser feito. Transformámo-nos de volta e organizámo-nos,  uma parte da equipa iri tentar descobrir uma saída dali para fora, outra iria libertar as pessoas das celas, enquanto eu e o Kyle iriamos procurar a Kora.

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora