Imagem do homem que raptou Kora em cima.
****************Olá, só vos queria desejar uma boa leitura, e espero que estejam a gostar. É a primeira história que escrevo, e fico contente de estar a ter alguma saída. Gostaria de saber a vossa opinião sobre o desenlace da história e as vossas críticas também.
Boa leitura : ))
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Kora
Nada me conseguia tirar o sorriso do rosto, era inacreditável como o Jake e o Kyle conseguiram mudar essa parte de mim tão rapidamente. Eu sabia o quão fechada eu era quando cheguei aqui, os anos passados fora fizeram-me isso, a extrema importância de eu precisar de cuidar da minha família fez-me assim. E agora, esta nova liberdade que eu tinha fez-me perceber que eu não estava tão partida por dentro como eu pensava. Eu ainda conseguia amar, sentia como se me tivessem tirado o chão debaixo dos meus pés e eu estava a adorar voar, sentia-me tão bem como não me sentia há anos. Tudo o que precisava este tempo todo para ser feliz era perceber que ainda podia ser amada e que alguém me fizesse sentir que eu não estava sozinha. Sorri quando me lembrei da noite passada, foi tudo tão maravilhoso que nem tinha palavras para descrever o que eu sentia neste momento. Borboletas voavam no meu estômago quando eu os via, fazia-me sentir como uma adolescente mas eu não me importava, o sentimento era meio que novo para mim e eu queria aproveitar o máximo que eu podia.
Olhei para o céu pensativa, o ar parecia-me carregado hoje como uma tempestade prestes a rebentar, nuvens escuras eram evidentes por todo o lado. Não pude deixar de pensar que eles hoje tinham me levado o pequeno almoço à cama, foi tudo tão natural que parecia que eles o faziam desde sempre, claro que eu não me importei mas achei um pouco estranho as caras que eles tinham quando entraram, eles disseram que tinham uma reunião com o seu pai então supus que fosse disso, o pensamento de que fosse algo relacionado com a minha família passou-me pela cabeça, deixando-me nervosa. Passei pelas casas em direcção à floresta, correr em loba iria-me fazer bem, precisava de esticar os musculos, o meu corpo suplicando-me por isso. Transformei-me e corri sem destino deixando-me levar, não me importando a direção que tomava, só queria sentir a minha liberdade, queria sentir tudo a cem por cento, precisava do meu coração acelerado, de gastar toda esta energia que tinha crescido em mim. Corri sem me importar com o tempo mas parei abrutamente quando senti o cheiro de sangue, não consegui distinguir de quem era, só conseguindo entender que era de alguém da nossa alcateia, o cheiro característico. Corri em direcção ao cheiro, que se tornava mais forte a cada passo meu, até que dei por mim numa clareira e o que vi assustou-me bastante. Uma rapariga, uma loba da nossa alcateia na sua forma humana, encontrava-se frente a frente com um humano, o seu cheiro chegando rapidamente ao meu nariz, fazendo-me rosnar baixinho. Ele não estava sozinho, á sua retaguarda deviam estar à volta uns dez homens com ele, todos com grandes armas de diversos tamanhos nas suas mãos. Como seria isto possível? Como é que ninguém tinha sentido o cheiro deles aqui? E porque estava aquela mulher a falar com o aparente líder deles? Mudei de volta para a minha forma humana, ciente da minha nudez mas não me importando. Escondi-me atrás de uma árvore na tentativa de ver melhor, não deviam ter notado a minha presença uma vez que não olharam para onde eu estava. Cheguei perto o suficiente para ver a cara da loba. Era a mulher que falou comigo na festa. Estava ferida, devia ter levado um tiro, o seu braço sangrava bastante, mas ela não parecia notar. A conversa entre eles parecia ser calma, falavam baixinho, nem com a minha audição, conseguia ouvir algo. O líder deles era aterrorizante, a sua barba grande cobria-lhe praticamente a cara toda, os seus olhos frios e penetrantes, era alto, com um corpo atlético como quem trabalha arduamente para o ter. Tinha uma pose superior, de quem podia mandar no mundo e fazer o que quisesse.
Não sei se a rapariga já tinha dado com a minha presença ou se eu fiz algum tipo de ruído, mas ela olhou para onde eu estava, olhou-me diretamente nos olhos e sorriu. O humano olhou para o mesmo local que ela, e viu-me. Os seus lábios abriram-se num pequeno sorriso torto, um sorriso que se vê nos filmes de terror, na cara do vilão que sente prazer em torturar as suas vítimas. O meu instinto só me dizia para eu fugir, virei-me para correr e sair dali o mais depressa possível mas não consegui. Quando me virei, dei de caras com uma parede de músculos, um homem sólido e forte, um humano. Tentei afastar-me para o passar, mas ele agarrou-me pelo pescoço. Levantou-me no ar, os meus pés não tocando no chão. O ar a fugir-me dos pulmões, quis gritar mas não conseguia, o grito preso na garganta. Com todas as forças que eu tinha pontapeei-o na barriga fazendo-o perder o seu agarre em mim e dobrando-se em dor. Ele podia ser forte mas eu era muito mais e ambos sabiamos disso. Não satisfeita com o que eu tinha feito ainda lhe dei um soco na temporã o que o fez gemer de dor mais uma vez agarrado à cabeça. Tornei-me rapidamente alerta dos meus arredores quando vi que o líder dos humanos encontrava-se a alguns metros de mim com um sorriso sádico nos lábios, e o resto do seu batalhão tinha as armas apontadas para mim. Fugir foi a primeira coisa que me ocorreu, seria impossível sair da mira deles sem levar um tiro, talvez lutar fosse a minha única opção. Eu sabia que estava enferrujada de estar tantos anos fora, nunca tinha a necessidade de treinar no mundo dos humanos o que eu realmente lamentava agora, de certa forma a minha força e agilidade eram as minhas únicas vantagens neste momento, e era nisso que eu tinha de me focar. A mulher já não se via em lado nenhum, sabia que ela já não estava perto pois o seu cheiro já se tinha dissipado. Fiz figas para que ela tivesse ido buscar ajudar e não me tivesse abandonado aqui para lidar com todos estes homens, mas pensando no sorriso frio que ela me tinha mandado quando me viu, as minhas esperanças morreram nesse mesmo segundo. Ela tinha-me denunciado, ajuda não viria, não por influência dela pelo menos.
— Não precisas de estar nervosa lobinha, não pretendo fazer-te mal...muito. — Riu-se da própria piada como se tivesse dito algo que ninguém tivesse entendido, algo que só ele sabia.
Não lhe respondi repensando nas minhas opções neste momento, deixando-o pensar que eu estava com medo das suas palavras. Sádico era a única palavra que me vinha à mente quando olhava para os seus olhos escuros, a voz dele fazia-me arrepios como se fosse o som de metal contra metal.
— Parece que precisas de alguém que te domestique, para te ensinar como tratares o teu dono. — O sorriso nunca deixou os seus lábios, olhava para mim com escárnio como se eu não fosse mais que um cão em quem ele mandava.
Ele tentou fazer os seus homens flanquearem-me mas eu não cai nas armadilhas dele. Pelo canto do olho vi quando dois homens tentaram aproximar-se de mim, e antes que ele tivesse tempo de dar alguma ordem eu saltei para cima deles dando-lhe tudo o que eu tinha. Os homens eram fortes e bem treinados e foi simplesmente por essa razão que conseguiram atingir-me tantas vezes, eu era ágil e passava por eles facilmente conseguindo bater-lhes antes de eles se conseguirem esquivar. O meu corpo tinha manchas de sangue mas eu sabia que não me pertenciam, sorri quando me apercebi que eu estava a ganhar. Ou assim pensei eu cedo demais. Mesmo conseguindo vencer os dois homens que agora se encontravam no chão a ganir de dor, ainda tinha mais de uma duzia que me olhavam com olhos assassinos, e rapidamente me apercebi que eles não estavam com disposição para lutar justo comigo. Quando a primeira arma soou eu esperei pela dor mas nada veio, apenas irritação quando me apercebi que aquelas não eram armas normais mas sim dardos. Corri em direção a eles, raiva crescendo nas minhas veias a cada segundo, mas não cheguei longe, mais dardos de seguiram depois do primeiro, fazendo-me cair metros mais à frente de eu estava.
A última coisa que eu ouvi antes de cair, foi o riso estridente daquele homem e a ordem dele.
— Levem-na para as celas.
E caí.
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A Sombra de Kora
Manusia SerigalaKora é uma loba que fugiu da alcateia com a sua família, obrigada a voltar pelo alfa, descobre que o seu futuro sempre tinha estado naquela aldeia. Rodeada por dois irmãos gémeos que fazem de tudo para a ter, Kora vai ter de lidar com a indecisão e...