Capítulo 23

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             A noite tinha sido maravilhosa, não a poderia ter imaginado de outra forma, a alcateia ficou lá em peso quase até ao amanhecer, altura em que não havia quase nenhuma comida para mastigar, lobos de facto comiam bastante. A Susie tinha começado a ficar com sono logo após ao jantar, e acabou por adormecer ao colo do Jake, não podia negar que ele tinha de facto afeto pela minha pequena, daria um pai babado. Passou a noite toda atrás dela, a apresentá-la a todos, e por onde ela passava todos ficavam encantados com a sua meiguice, era impossível não se gostar dela, a sua voz suave encantava toda a gente, assim como o seu riso inocente. Tínhamos vindo para casa após nos despedirmo-nos de todos que nos desejaram as melhores felicidades, e demonstraram o seu contentamento pela sua nova luna, tinha tudo corrida às mil maravilhas. Estava neste momento, deitada na cama ao lado dos meus homens, eles ainda dormiam. Mesmo a dormir era possível ver as pequenas diferenças entre os dois, Kyle estava com o seu corpo virado para mim, o seu braço estendido sobre a minha barriga, os seus músculos ainda que relaxados saltavam fora da sua pele clara, o seu cabelo despenteado estava maior agora que eles o estavam a deixar crescer, já lhes chegando até aos ombros. Jake ocupava o resto da cama, apesar de também estar virado para mim, a sua cabeça descansava no meu peito, criando um peso agradável, o seu cheiro penetrava-me no nariz, este cheiro a pinho e canela que eu tanto gostava. Suavemente para ele não acordar dei-lhe festas no cabelo apenas para sentir aquela textura sedosa que eu conhecia tão bem. Simplesmente maravilhoso, esta era das coisas que eu nunca me ia cansar. Uma suave batida na porta fez os irmãos acordarem repentinamente, levantaram as cabeças de imediato olhando para a porta e sorriram, claro que já sabíamos quem era. Assim que a pequena cabeleira loira espreitou pela porta um sorriso aflorou pelos meus lábios, a minha pequena era simplesmente linda. Entrou dentro do quarto ainda vestida com um pijama aos ursinhos em que ela ficava muito fofa, autoria dos meninos claro, que já tinham ido às compras para ela sem eu saber de nada.

             -Bom dia princesa. - Sorri para ela estendendo-lhe os braços para ela vir para ao pé de mim.

Ela veio a correr, demorando um pouco a subir a cama alta e arrastou-se para o meu colo aninhando-se. Dei-lhe um beijo na testa sentido o seu calor e o seu cheiro a morangos. Ela sorriu para os irmãos que já estavam completamente despertos, e deu-lhes um beijo e um abraço apertado, o que foi retribuído por eles com um sorriso e uma sessão de cócegas. Eles sorriram para mim e beijaram-me, o que fez um beicinho crescer na boca de Susie que aparentemente não tinha gostado muito da nossa troca de saliva.

            -Bem e que tal um pequeno-almoço para as meninas mais bonitas do mundo? - Kyle ofereceu com um sorriso nos lábios e olhando para nós as duas.

Susie começou aos pulos de excitação, batendo palmas e a rir-se.

        -Sim! Sim! Eu quero panquecas com chocolate e torradas com geleia e pãezinhos de alho e salada de frutas! - A sua energia era contagiante fazendo com que todos começássemos a rir.

      - A senhorita é que manda, estamos aqui para servi-la. - Fizeram os dois uma vénia exagerada o que a fez rir e bater ainda mais palmas.

Assim que fomos todos para a cozinha tomar o pequeno-almoço, decidimos que a nossa tarde seria passada na floresta, iríamos levar suplementos para fazer um piquenique e talvez fossemos correr um pouco na nossa forma de lobos para nos exercitarmos um pouco.

              Assim que entrámos na floresta a Susie ficou em rubro a correr de um lado para o outro, andava atrás de pequenos animais que nem eu via, e falava com as formigas e com os caracóis que por ali passavam. Eu só conseguia sorrir perante a sua inocência e pelas suas coisas de menina, enchia-me o coração de amor saber que ela ainda se preocupava com as coisas simples da vida. Os irmãos assim que chegaram montaram tudo para depois comermos, e transformaram-se. Andavam agora a correr atrás da Susie que gritava a fugir deles, as suas tentativas de fugir do alcance deles era quase sempre falhada, uma vez que os seus corpos apareciam sempre no sitio para o qual ela se dirigia, o que a fazia rir estridentemente. Mas ela não tinha medo dos lobos, até gostava deles dessa forma. Quando tinha uma oportunidade, ou quando ficava demasiado cansada para correr mais, parava ao pé deles e fazia-lhes festas no pelo, em diversas ocasiões ouvi-a dizer que quando fosse a altura dela também queria ter um pelo tão suave e fofinho, elogios esses que eram respondidos com lambidelas que a faziam voltar a correr. Os irmãos divertiam-se, davam-lhe a oportunidade de ela fugir e de escapar ao seu alcance, ainda que as suas pequenas pernas de criança não fossem adversárias à altura para eles. Susie em certo ponto, simplesmente sentou-se no meio da floresta, desistindo da corrida, o que deixou os irmãos um pouco desapontados, já que se estavam a divertir bastante. Vieram os dois ter comigo, fui recebida com lambidelas na cara e um deles até me lambeu por cima da fina camisola que eu tinha vestida o que fez com que o meu mamilo ficasse rijo.

              -Aqui não meninos...Que tal irmos comer comida a sério agora? – Sorri para eles com malicia.

Eles rosnaram como que em concordância mas o latido que deram era um sinal de que não se iriam esquecer das minhas palavras. Levantei-me no intuito de ir buscar a Susie para vir comer, mas ela já não estava onde tinha parado. Um mau pressentimento subiu por mim acima, gritei por ela, comecei a correr pela floresta mas ela não aparecia em lado nenhum. Os irmãos corriam ao meu lado, e eu também me transformei, querendo ter uma melhor perspetiva do espaço e do cheiro dela. Corremos os três pela floresta, tomando o que achávamos ser o seu rastro, e passado o que me pareceu uma eternidade, encontrámo-la. Estava de costas para nós, o seu corpo quieto, enquanto um homem falava ajoelhado em frente a ela. Não conseguia ver quem era nem o que estava a fazer, e com medo de que ele lhe fizesse mal não me aproximei muito. Mantendo a distância transformei-me de volta para humana, os irmãos mantiveram-se ao meu lado em forma de lobo para o caso de ser necessário tomarem rédeas da situação, apesar disso começaram a rosnar para o intruso em advertência.

          -Susie...pequena, preciso que venhas andando para mim, mas devagar sim? – Falei devagar olhando para o homem, não queria que ela se assustasse e corresse para mim, o que podia desencadear uma má reação por parte do estranho.

Ela fez o que eu lhe pedi, andando devagar na minha direção, não perdendo a calma, assim era a minha pequena. Assim que ela se afastou do homem, consegui ver quem era, era o rapaz ruivo, o que tinha estado no dia da corrida, o que tinha sorrido para mim, o que se estava a passar aqui? Ele sorriu para mim e fez uma vénia. Os irmãos, agora que a Susie estava fora de perigo, saltaram para cima dele, mas ele tinha desvanecido. Num momento estava ali, e no outro não estava, os irmãos correram feitos loucos por todo o lado tentando encontra-lo mas não vieram com resultados. Olhei para Susie para ver se ela estava bem, aparentemente estava intocada.

         -Susie, porque te afastaste tanto? Mataste-nos de susto! – Gritava com ela sem me aperceber, o que a fez começar a chorar, o seu corpo a soluçar. Abracei-a e beijei-lhe o cabelo.

        - Ele...ele disse uma coisa. – Falava a medo, como se não tivesse a certeza que deveria falar.

Os irmãos já se tinham transformado de volta e estavam ao nosso lado, atentos ao que ela dizia, ainda que estivessem atentos aos arredores para o caso de o homem ruivo aparecer de novo.

      - O que ele disse, pequena? Podes falar sem problema. – Tinha medo do que ia sair da boca dela, prendi a respiração.

          -Ele disse...disse que não se esqueceram que tiraram o que era dele, que queria as pessoas que roubaste de volta, senão iria tirar-te o que mais gostas na vida. – A sua voz era suave, o que me levou a pensar que ela não sabia a gravidade das palavras que acabara de dizer.

Não consegui responder-lhe, limitei-me a olhar para os meus homens, que também me olhavam, os seus olhos demonstravam raiva, e tinham as mãos apertadas em punhos, a sua aura era evidentemente negra. Abracei a minha pequena, e peguei-a ao colo, olhei para eles com firmeza.

          -Reúnam os homens mais fortes da alcateia, quero falar de imediato com eles, quero saber quem de facto me apoia, e quem está disposto a lutar para proteger o que nós aqui temos. É evidente que isto foi algum tipo de aviso, e não vou ficar à espera que eles venham ter connosco, sejam eles quem forem. Desta vez, somos nós que os vamos surpreender, ninguém ameaça a minha alcateia!




Mais um capítulo, espero que estejam a gostar, gostaria de saber as vossas opiniões =) Kora tem garra ah?

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora