Capítulo 3 (revisto)

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                                         Imagem de Jake em cima, espero que gostem :)

                                                                                     Kora


Foi na madruga do dia seguinte, quando um estranho com o nome de Mika nos bateu à porta, que nos disse que o alfa estava pronto para nos receber. Olhávamos uns para os outros sem saber o que dizer nem o que fazer, mas o homem rapidamente nos chamou à atenção porque o alfa estava impaciente, o que nunca era um bom sinal.

Tinhamos decidido ontem que não deveríamos levar a Susie connosco, mas após chegarmos à conclusão que não tinhamos ninguém com quem a deixar, não tivemos outra opção, e deixá-la em casa parecia demasiado... imprudente, devido à situação em que estávamos. Fizemos tudo o mais rápido possível, não queriamos que o alfa ficasse pior do que já estava. A Susie ainda veio a dormir no colo do meu pai, era demasiado cedo para ela, mas assim era menos uma pessoa para acalmar, ela iria ficar nervosa se acordasse e visse onde estava, talvez assim fosse melhor, oxalá que ela não acordasse até que isto estivesse acabado.

Seguimos o Mika até ao escritório do alfa, este situava-se no piso superior do maior edifício da aldeia, o refeitório. Por fora era como todas as outras estruturas de madeira, mas por dentro, era decorado com grandes mesas de madeira escura, os tetos altos as janelas demasiado translúcidas o que nos fazia acreditar que nem havia vidro, o barulho sempre insurcedor, mas era aqui onde todos os dias todos os membros da matilha, se juntavam para comer. Não me surpreendi quando entrámos que estivesse lá estivessem em peso, ninguém saltava o pequeno almoço por muito estranho que isso fosse, nós eramos uma espécie que comia bastante, comida era algo que raramente recusávamos. Escusado seria afirmar que todos os rostos se viraram para nós mal entrámos, apesar de não aparecermos aqui à anos, nunca ninguém esquecia um desertor. Reconheci algumas caras, apesar de agora diferentes, na altura eram apenas adolescentes que clamavam por atenção, agora eram adultos, alguns já tinham filhos ao colo e mulheres, o que era estranho, parte de mim esperava encontrar tudo na mesma, mas o tempo não tinha parado por nós, o que era óbvio. Questionava-me o que teria acontecido se não tivessemos fugido, talvez também estivesse sentada áquelas mesas segurando o meu filho de um homem que eu tivesse conhecido e que me amasse, talvez fossemos felizes e fizessemos planos para nos casarmos em frente às nossas famílias que gritariam de felicidade por nós, ou talvez... eu tivesse morrido naquela guerra e só seria lembrada uma vez por ano, quando fosse o aniversário da minha morte, quando alguém gentilmente colocaria flores onde eu tinha sido enterrada.

Não estranhei quando andávamos para o andar de cima, que muitas das pessoas demonstravam o seu desagrado quanto à nossa presença, alguns rosnavam baixinho outros nem sequer o dissumalvam e faziam-no olhando diretamente para nós. Alguns até chegaram a cuspir para o chão, o que era tanto um insulto como uma ameaça, eles não gostavam de nós e não tinham medo de o admitir. Mika chegou a confrontar alguns que tentaram chegar um pouco mais longe e aproximar-se de nós, mas assim que eles eram informados que estávamos sobre a proteção do alfa estancavam no lugar desistindo do confronto, mas as suas posturas nunca mudavam, não eramos bem vindos.

Assim que vimos uma porta de madeira enorme, do estilo vitoriano, suspirámos de alívio, tínhamos chegado vivos ao nosso destino. A Susie ainda dormia apesar de todo o barulho o que era uma bênção. Estávamos todos nervosos, agora ainda mais depois de toda aquela demonstração de afeto... Ninguém entrou, nem mesmo o Mika, este limitou-se a bater à porta e a anunciar que já estavamos aqui, mas a resposta do outro lado foi demasiado abafada para eu entender, por isso ainda tivemos de esperar. Ele estava a fazer de propósito com certeza, queria-nos deixar a pensar no que nos esperava do outro lado daquela porta, foi esta a conclusão a que cheguei após dez minutos de espera. O meu pai, sentado ao meu lado no sofá encostado à parede abanava a perna tentado acalmar-se e a minha mãe olhava pela janela para a rua tentando parecer calma, o que claramente não estava.

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora