Capítulo 22

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         A noite estava perfeita, sentia-me feliz como nunca me tinha sentido, sentia-me finalmente completa, como se toda a minha vida me faltasse algo e eu não me tivesse apercebido até agora. Estava formalmente vinculada ao homens da minha vida, às pessoas que faziam a minha vida a mais importante do mundo. Era surreal ser amada, correspondida, nem todos tinham essa sorte, nem todos tinham a capacidade para amar outro, era ai que eu me considerava sortuda. Porque no meio de tanta gente, eu sentia-me especial, sentia-me a única luz para os homens que olhavam para mim com intensidade. Os seus olhares demonstravam carinho, amor, como se não houvesse mais nenhuma mulher na floresta, fazia arrepios subirem por mim acima, era algo realmente mágico. Algo com que eu nem sequer sonhava ter algum dia, um amor incondicional, sem medida, profundo e equilibrado, daqueles que nos faz levantar de manhã com um sorriso. Kyle caminhou para mim lentamente, era a altura da dança, e tinha de ser um de cada vez, não conseguia antever maneira de dançar com os dois ao mesmo tempo, bem podia, mas não me parecia apropriado fazê-lo em  frente em toda a gente, havia crianças aqui afinal. Ele agarrou-me e lentamente puxou-me para si, a sua essência veio-me logo ao nariz, fazendo-me ficar quente, era o que acontecia sempre que estava perto demais de um deles. O seu agarre era suave mas  persistente, deitei a cabeça no peito dele, apenas aproveitando o momento, sentindo o seu calor contra o meu corpo, encaixávamos tão bem, o meu corpo moldando-se ao dele perfeitamente em todos os ângulos. Movíamos-nos ao ritmo da musica suave, os nossos corpos em sintonia com a balada, cada passo levando-nos em uma direcção diferente. Nenhum de nós disse nada por um tempo, quando o sentimento é profundo não são necessárias palavras, quando finalmente olhei para ele, jurei ter visto os seus olhos com lágrimas não derramadas, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele beijou-me profundamente, os nossos corpos agora parados, as suas mãos pousavam no fundo das minhas costas, ele fazia movimentos circulares que me faziam relaxar ainda mais contra ele, gemi contra a boca dele perante o prazer da sua língua a penetrar a minha boca, ele afastou-se rápido demais para meu gosto. Sorriu para mim, e os seus olhos maliciosos demonstravam que ele tinha planos para mim, mas que por agora teriam de esperar, não sei se iria resistir. 

            -Espero que tenhas dormido bem nas ultimas noites, porque não sei se terás descanso nas próximas minha bela. - Falou-me ao ouvido e mordeu-me o pescoço como que em uma promessa.

      Jake aproximou-se de mim por trás, fazendo-me encostar ao seu corpo poderoso, agarrou-me pela cintura com necessidade, fazendo a sua erecção roçar-se no meu traseiro, fazendo uma fricção tão agradável que se ele não parasse eu iria despi-lo ali mesmo, no meio de toda a alcateia, mas uma visão que eu tive de repente tirou-me os pensamentos dele. Susie. Aquele pequena cara sorridente olhava para mim com lágrimas nos olhos, não demorei tempo e corri para ela. Pessoas falavam comigo enquanto eu passava mas eu não conseguia ouvir nada, tinha a mente vidrada na minha pequena, ela estava aqui. Ela estava a correr para mim também, o seu pequeno vestido cor de rosa balançava com os seus movimentos, os seus cabelos a voavam com o vento, criando uma cascata loira atrás dela. Não sei quem chegou primeiro aos braços de quem, mas só sei que num momento estávamos nos braços uma da outra, os nossos corpos tão apertados que pensei que a ia magoar, por isso afrouxei o aperto. O corpo dela soluçava contra o meu, as suas lágrimas molhavam-me o vestido mas eu não me importava com isso, só me importava nesta minha pequena que estava aqui, não me lembrava da ultima vez que a tinha visto, as saudade apertavam demasiado, e eu também comecei a chorar. Visto que era o meu casamento não havia problema, as noivas sempre choravam nestes dias por isso, o momento tinha de chegar. Afastei-a de mim para conseguir olhar para a cara dela, estava igual, nada tinha mudado nas suas feições de criança, as suas bochechas continuavam redondas e os seus olhos da mesma cor verde que sempre tiveram, sempre linda, sempre a minha pequena. Beijei-lhe a face e limpei-lhe as lágrimas que ainda insistiam em cair com os meus dedos, não a queria a sofrer por nada neste mundo, ela era demasiado inocente, e ao olhar para os olhos dela eu esqueço-me das minhas lágrimas. Sorri-lhe e ela sorriu-me de volta, esse pequeno gesto trazia-me de novo a luz que me faltava, a que me faltava desde que me fui embora. 

       -Tive tantas saudades tuas mana. - Disse-me ela com aquela voz de menina que eu nunca esquecia.

    -E eu tuas minha pequena, nunca duvides disso. - Agarrei-a novamente, não conseguia deixar de o fazer, parecia tudo tão surreal para acreditar.

Senti risos atrás de mim, e mãos que me tocavam no cabelo e nas costas, sabem que eram os meus companheiros, os meus homens.

    -Como prenda o nosso pai pensou que a Sophie podia passar uns dias connosco, para matarem saudades uma da outra, até porque não é bom para uma criança ficar sem a sua irmã mais velha muito tempo, não achas Sophie? - Kyle perguntou-lhe com uma voz suave.

Ela olhou para eles e sorriu, e ainda agarrada a mim acenou-lhe com um sorriso tão grande que eu podia jurar que o meu coração se iluminou como uma estrela. Levantei-me e peguei-lhe pela mão. Sorri para os irmãos, queria que eles soubessem que eu estava mais do que agradecida, eles apenas sorriram e acenaram como se soubessem o que eu estava a pensar. Nada me vinha à cabeça para dizer aos homens que mais tinham mudado a minha vida, que me faziam feliz e me surpreendiam a cada dia que passava. 

    -Pensei que podíamos ir comer qualquer coisa, de certo que a pequena deve estar com fome, e acontece que nós temos uma mesa preparada cheia de chocolates e todas as gulosices que possas pensar. - Jake falou com um sorriso nos lábios e olhava para Sophie com olhar travesso. 

    -Jake! Não me parece que vás empanturrar a minha irmã de chocolates! - Afirmei surpreendida, mas achando piada.

    -Não lhe ia dar de comer a mesa toda, só uma coisa de cada para ela experimentar, meu amor. - Falava com um tom um tom sereno e com olhos de cachorro, mas ao invés de olhar para mim sorria para Sophie e piscava-lhe o olho, fazendo-a rir a meu lado.

    -Bem, sendo assim até que posso permitir. - Sorri para eles, e dirigimo-nos para as mesas de comer.

Quando cheguei lá, o que vi fez-me arrepender do que tinha dito anteriormente. Uma mesa cheia de doces ocupava grande parte da tenda que estava montada, podiam-se ver os mais diversas bombas de açúcar, desde bolos a pudins, gomas e chocolates. Olhei para o Jake mas ele já não se encontrava ao meu lado, uma miragem fez-me olhar para a esquerda e o que vi fez-me rir até me doer a barriga. Jake carregava Sophie ao colo e corria com cuidado para a mesa dos doces, Sophie ria desesperadamente no seu agarro, o sorriso chegando-lhe aos olhos. Todos pararam de comer quando Jake gritou em alto e a bom som.

    -Agarra tudo o que puderes Sophie, ela não vai descobrir, e depois vamos levar tudo para a nossa casa de árvore!!!! - Toda a alcateia começou a rir, maravilhados com a acção do seu novo alfa.

 -Imagina o que vai ser quando tivermos as nossas próprias crias, minha bela. - Kyle sussurrou ao meu ouvido enquanto me agarrava pela cintura, o que fez com que eu olhasse para ele. 

Ele sorria para mim, mostrando os seus maravilhosos dentes brancos, os seus olhos brilhantes olhavam para mim com sinceridade e felicidade, e eu sabia que ele já tinha pensado neste assunto, não posso mentir e dizer que não era algo que eu já não tivesse pensado. Nas alcateias é normal pares acasalados terem crias não muito depois do seu primeiro acasalamento, afinal os lobos eram animais muito sexuais.

     -Parece-me que temos de descobrir, meu príncipe. - O seu sorriso abriu-se ainda mais, se era que tal fosse possível. 

    -Espero que isso seja uma promessa, porque pretendo concretizá-la muito em breve. - Sussurrou-me e beijou-me profundamente, selando assim a minha promessa, não me bastava agora ter de levar com dois lobos recentemente acasalados, como também com dois lobos a querer ter bebés, óptimo, algo me dizia que teria que ter cuidado. Oh bem...quem se importava.

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora