-Precisam de ajuda? - Perguntei-lhes abrindo a porta e pondo a minha cabeça do lado de dentro.
Daniel, Joshua e o Aaron encontravam-se dentro do quarto, o ambiente estava empestado a tabaco, uma nuvem branca flutuava no ar mas eles não pareciam se importar. Estavam descontraídos em cima das camas e o Daniel no chão encostado a uma cadeira, um cigarro fumegante na sua mão, nem se tinham importado com a sua vestimenta limitaram-se a tirar a que tinham no corpo e a ficaram sem nada para além de roupa interior, o que nem era nada mau. Todos olharam para mim quando eu falei, os seus corpos a ficarem em alerta, tensos, prontos a entrarem em combate, mas relaxaram ligeiramente quando viram que era eu. Aproveitei para entrar e fechar a porta silenciosamente atrás de mim, deixei-me ficar encostada a ela, dobrando-me devido à tosse que se abateu subitamente sobre mim.
-Isso é um hábito nojento! - Falei apontando para o cigarro do Daniel.
-Consigo pensar nuns piores - Ele respondeu-me sem olhar para mim, mas sorrindo sorrateiramente.
-Vieste para conversar? - A voz profunda do Joshua ressoou no quarto, fazendo-me estremecer, nunca me iria habituar com o som da sua voz.
Ele olhava para mim com um olhar sério, os seus olhos penetrantes parecia que me conseguiam ver a alma, demorou um tempo para eu conseguir responder, a minha mente desconcertada.
-Como eu disse, eu vim ver se precisavam de ajuda com alguma coisa, nunca se sabe quando eu posso ser útil.
-Até agora tens sido tudo menos útil - Joshua cuspiu.
Fuzilei-o com o olhar, nunca senti tanta raiva como neste momento, como é que ele se atreve a dizer uma coisa dessas, depois de tudo o que eu passei para conseguir aquele estúpido caderno, o que eu tive de pesquisar e o quanto eu tive de procurar. Perdi imenso tempo por causa daquela porcaria e ele agora diz-me que não estou a ser útil. Andei a passos largos para ele, queria magoá-lo como eles me têm magoado a mim nestes dias, menosprezando os meus esforços e troçando de mim a todas as oportunidades, fazendo perguntas atrás de perguntas, desconfiando de mim. Eles não precisam das minhas razões, somente da minha ajuda, e se a minha ajuda pode levá-los ao que eles querem, porque querem saber o que me motiva? Joshua não se mexeu, ficou simplesmente a olhar para mim, os braços cruzados na sua barriga esculpida, as pernas traçadas em cima da cama, não iria perder esta oportunidade, ele pensava que eu era fraca, ele iria ver. Saltei para cima dele, mas não rápido o suficiente, ele desviou-se do meu ataque levantando-se no momento certo, fazendo-me cair de barriga sobre o colchão, o seu peso caiu em cima de mim logo a seguir tirando o ar dos meus pulmões. O seu peito estava encostado às minhas costas fazendo pressão, conseguia sentir o bafo dele na minha orelha, o seu hálito cheirava a menta. Mas não foi nisso que eu me foquei, lembranças surgiram pela minha mente mesmo sem eu querer, um corpo grande em cima de mim, suado, respiração ofegante, gritos, os meus gritos de socorro, e o aterrorizante silêncio, e o cheiro de sangue, o sangue do primeiro homem que eu matei.
-Hey acalma-te. - Joshua sussurrava ao meu ouvido - Eu não te vou fazer mal.
Eu estava a chorar apercebi-me, a minha cara estava molhada e fria, toda eu tremia, mas o corpo dele impedia-me de soluçar, a mera presença dele impedia-me de esmurrar a cama e amaldiçoar a minha falta de sorte na vida. Respirei fundo tentando acalmar-me e quando isso não resultou fechei os olhos, imaginando o que eu sempre imaginava, a minha mãe. Sempre pensei nela como uma pessoa gentil e meiga com olhos iguais aos meus, cabelos compridos e suaves que me fizessem cocegas nas bochechas quando ela me beijasse.
-Vou-te largar agora, vais-me atacar outra vez? - Ele perguntou suavemente.
Não confiando na minha voz, limitei-me apenas a abanar a minha cabeça desajeitadamente contra o colchão, mas ele entendeu uma vez que o seu corpo desencostou-se do meu suavemente. Mas eu não me mexi, não conseguia, o quarto estava mergulhado em silêncio, teriam eles saído? Impossível, eu ainda conseguia ouvir as suas respirações suaves no quarto, olhariam para mim com desconfiança? Troça, medo? Neste momento não queria saber por isso fiquei onde estava olhando a parede branca que estava à minha frente pensando no nada. O clique na porta uns minutos depois e o som de passos abafados fez-me entender que eu tinha sido deixada sozinha, melhor assim, a solidão era algo a que eu estava habituada, ao contrário do que eles poderiam pensar, a solidão sempre tinha feito parte da minha vida, desde o começo até agora, e isso não iria mudar.
-Desculpa por ontem - Dei um pulo na cama ao ouvir a voz do Patrick.
Ele vestia a mesma roupa de ontem, o seu cabelo estava embrulhado ao redor da sua cabeça, e ele não parava de passar os dedos por ele, como se o incomodasse o seu estado. Eram visíveis olheiras profundas na sua cara, os seus olhos azuis, como os meus olhavam para mim não com pena nem com raiva nem nada do que eu pensava, apenas com arrependimento. Ai estava um sentimento que eu não conhecia, pelo menos nunca direccionado a mim, fiquei espantada.
Ele continuou - Eu fui um idiota, se é que tu não deverias ter vindo atrás de mim, por isso acho que podemos dizer que a culpa foi dos dois, o que achas? - Um sorriso pequeno desenrolou-se dos lábios dele, como se ele tivesse medo que eu tivesse uma má reacção.
-Eu não me arrependo do que eu disse porque era tudo verdade, e nunca se deve pedir desculpa por se dizer a verdade.
Ficou a olhar para mim, a sua expressão indecifrável, ele estudava-me com os olhos, apesar de me sentir intimidada pelo seu escrutínio manti a minha posição, às vezes o que interessa é ser firme. Ele baixou os olhos e fitou os seus sapatos, não disse nada por um momento, mas a sua boca estava cerrada fortemente, eu conseguia ouvir os dentes a estalar, ele suspirou alto tirando todo o ar que tinha dentro de si, e segundos depois tirando o meu.
-Tu és tão doce, não deverias estar aqui... - Fez uma pausa demorada, olhou para mim intensamente, directamente nos meus olhos - O que tu estás a fazer comigo?
Olá Olá, eu sei que não tenho postadooo, erro meu, mas agora já tenho certezas dos meus dias livres e já vai ser mais fácil para mim puder-vos dizer antecipadamente quando vai sair o próximo capítulo =) Espero que tenham gostado quero estrelinhas PFF *:* que são muito importantes e comentem e perguntem o que quiserem que eu respondo sempre que puder =)
Esperem por mim *.*
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A Sombra de Kora
WerewolfKora é uma loba que fugiu da alcateia com a sua família, obrigada a voltar pelo alfa, descobre que o seu futuro sempre tinha estado naquela aldeia. Rodeada por dois irmãos gémeos que fazem de tudo para a ter, Kora vai ter de lidar com a indecisão e...