Capítulo 45

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  -O quê? - Foi a única coisa que eu consegui proferir. 

Não conseguia encaixar bem as palavras dele na minha mente, espantaram-me e emocionaram-me mais do que deveriam, mas eu não conseguia demonstrar-lhe isso. Tinha de me manter firme acima de tudo, não podia sucumbir aos meus sentimentos assim tão facilmente, eles iriam-me destruir, como sempre o fizeram. Corroendo-me por dentro pouco a pouco até eu estar a sufocar com eles, morrendo por causa deles. Mantém-te forte, lembra-te por tudo o que passaste, que isso te sirva de lição para não confiares em ninguém, pensei para mim mesma. O Patrick ainda olhava para mim com os seus olhos penetrantes, mordia o seu lábio com força, as suas mãos agarravam fortemente as suas coxas grossas, os seus nódulos brancos. 

-Eu... - Vários minutos passaram sem ele dizer mais nada, pensativo - A minha toda está lixada, virada do avesso, e não por tua causa, simplesmente porque...eu a fiz assim.

-Patrick... - Sussurrei para o ar, sentando-me na cama em frente a ele, ele abanou a mão dissuadindo-me de falar algo mais.

-Não me perguntes porque eu te estou a dizer isto, talvez por eu saber que somos o mesmo. Ou talvez não - Sorriu fracamente para mim - Talvez eu seja o pecador e tu uma santa.

-Eu não sou nenhuma santa - Falei-lhe baixinho, não confiando na minha voz, ele estava a trazer os meus sentimentos à tona, eu sentia isso, as minhas barreiras a derreterem.

-Talvez...Mas então temos de parar os dois de fingir algo que não somos. 

Olhei para ele mais uma vez, não acreditando nas palavras dele, o que estava ele a sugerir? Eu não era cega e conseguia ver perfeitamente que ele estava a ser sincero comigo, eu sabia que ele tinha muitos defeitos, mas sabia que mentiroso não estava entre eles. O que deveria eu fazer, contar-lhe tudo? Eu não sabia, neste momento eu estava a sentir-me tão pequena, como se eu não soubesse de nada, como se todo o meu raciocínio estivesse a fugir de mim. Eu não lhe conseguiria mentir, até porque ele já sabia que eu vestia uma máscara.

-Eu não posso.

Ele chegou-se mais perto de mim, perto o suficiente para eu sentir o cheiro adocicado da sua pele, admito que me assustei um pouco com a sua audácia, mas não me afastei. Ele tocou a pele do meu braço suavemente, o seu olhar nunca deixando o meu, medindo o meu rosto. Fazia festas para cima e para baixo, o seu polegar fazendo pressão na minha pele, ele foi descendo até chegar à minha mão, o contacto lançou alertas ao meu cérebro para eu me mexer, para parar com aquilo, mas o meu corpo não estava a responder, era inútil. Ele deu-me a mão, era um contacto tão suave que parecia inexistente, com a outra mão agarrou o meu rosto, fechei os olhos ao toque, ele tinha-se aproximado mais eu sentia o seu bafo na minha cara, senti os lábios dele na minha bochecha onde depositaram um beijo casto, abri os olhos ante o contacto inesperado. Ele afastou-se o suficiente para eu ver a tristeza depositada nos seus olhos, ele tentou afastar-se mais, mas eu não o deixei, agarrei-lhe a mão mantendo-a junto a mim, a acção surpreendendo os dois, mas eu não me importei.

-Deves ter sido umas das poucas mulheres a quem eu beijei na cara - Falou sério. 

Ri-me perante a sua declaração, mas foi um riso que até a mim me soou mal, um riso fraco sem propósito, olhei-lhe directamente nos olhos, e disse-lhe a primeira coisa que me ocorreu.

-E tu deves ter sido uma das primeiras pessoas a beijar-me - Olhei para o chão assim que as palavras saíram da minha boca, que parva que eu era, porque lhe fui dizer isso?

Ele pareceu surpreendido mas não disse nada, talvez sentindo o meu desconforto ante a minha própria declaração. A sua mão tinha recomeçado a sua suave viagem para cima e para baixo no meu braço, o toque era reconfortante, nada sexual, mais como o toque de um irmão que nos trazia segurança, talvez fosse por isso que eu não me importava com o seu toque, não havia nada mais do que estava ali entendido, nenhuma outra intenção, nenhum pensamento depravado, eu sabia disso porque já tinha visto muitos desses.

-Porque estás aqui? - Perguntei-lhe.

-Vim pedir desculpas por não me saber comportar como um homem decente, por estragar tudo, como sempre...

-Tu não estragaste nada, só me mostraste a tua posição.

-A minha posição? Eu gritei contigo, fiz-te chorar, disse que te odiava e tu simplificas isso? Se tu fosses uma mulher em quem eu estivesse interessado sexualmente, eu já te teria mandado para casa, porque eu não aguentaria ouvir essas coisas.

-Mas eu não sou...

Não...tu não és - Ele mordeu o lábio com força.

-Então o que vais fazer?  - Sussurrei para ele.

-Uma coisa que eu nunca fiz com ninguém - Levantou-se e sentou-se ao meu lado, o colchão baixando com o seu peso - Abraçar-te.






Desculpem pelo capítulo pequeno mas tem de ser, neste momento é o que posso =(

Mas prometo compensar a cada capítulo que lanço, sim?

Então, perguntas:

Nr. 1: O que acharam? 

Nr. 2: O que sairá daqui?

Nr. 3: Gostaram?? Não se esqueçam da estrelinha, e dos comentários que eu tanto gosto =)


Esperem por mim *.*


A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora