Capítulo 5 (revisto)

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Jake


Tudo isto era muito estranho, o nosso pai tinha-nos convidado para irmos ter com ele ao seu escritório mas não nos tinha dito o porquê. Tinha perguntado ao Kyle mas ele também não sabia de nada o que era ainda mais estranho, normalmente ele sabia sempre de tudo de uma maneira ou de outra, mas não desta vez. Estávamo-nos a dirigir para lá agora e o Kyle estava estranhamente calado, o que não era nada dele, cheguei a pensar que ele sabia de alguma coisa, mas ele nunca me conseguia mentir, não para mim, por isso exclui essa hipótese.

— Estás bem? — Perguntei-lhe.

Ele olhou para mim e sorriu, os seus olhos a brilhar.

— Ele está a aprontar alguma eu sei disso — Respondeu-me e apontou para o grande edíficio que estava à nossa frente — Apenas um pressentimento.

Não constestei, ele sempre tinha sido melhor do que eu nessa matéria, como se tivesse um sonar que o ajudasse. Se ele pressentia isso é porque estaria provavelmente certo, e eu não sei se gostava disso.

Entrámos no refeitório, estava quase cheio como sempre a esta altura do dia. Era estranho ver toda esta gente mesmo apesar de os conhecer à anos, era como se eu estivesse parado no tempo e eles não. Muitos já tinham famílias, filhos, mulheres, e a mim não me preocupava nenhuma dessas coisas, não por enquanto, às vezes pensava que havia alguma coisa de mal comigo, aliás connosco, porque o meu irmão era igualzinho a mim disso não havia dúvida, mas deixei essas questões para mais tarde e dirigimo-nos ao andar de cima, onde estava o nosso pai.

Não batemos à porta, simplesmente entrámos, sabíamos que ele estava à nossa espera por isso nem nos demos ao trabalho. Ele estava, como sempre, atrás da sua secretária com o computador à sua frente, nem olhou para nós quando entrámos, simplesmente apontou para as cadeiras à sua frente. Nenhum de nós dois se sentou, não porque gostávamos de desobedecer ao nosso alfa, simplesmente porque gostávamos de ver a cara de irritado dele quando isso acontecia. Fiquei em pé ao pé da porta enquanto o Kyle sentou-se num dos sofás ao lado da janela, as pernas em cima da mesa de vidro.

— Já aqui estamos pai, já nos podes dizer porque nos chamaste? — O Kyle perguntou-lhe.

— Muito simples, temos não tão novos visitantes e eu quero a vossa opinião sobre algo.

— Não tão novos visitantes? O que é que isso significa? — Questionei-o enquanto andava para à cadeira em frente a ele.

— Certamente se lembram do nosso antigo beta... ele está aqui agora, e eu quero saber o que fazer.

Bateram à porta e a cabeça do Mika apareceu, a sua expressão sempre séria.

— Eles estão aqui.

— Dá-nos uns momentos, já vos mando entrar. — O nosso pai respondeu, e fez sinal para continuarmos.

— Pai trazê-lo para aqui foi como se lhe fizesses um favor, viver no mundo dos humanos devia estar a consumi-los. — Kyle coçou a cabeça como que em horror.

— Eles pertencem aqui independentemente de tudo, nós não deixamos as pessoas lá fora, eles têm duas filhas, uma delas uma criança, ela pertence aqui para aprender os nossos costumes.

— Então se já os trouxeste para que queres a nossa ajuda?

— Eu quero saber como posso castigá-los pela sua insoburdinação, ele era meu amigo e traiu-me, não posso deixar isso passar em branco. — Ele falou com raiva, os dentes cerrados.

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora