Capitulo 50

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Esta foi definitivamente a mais longa viagem que eu ja tinha feito. O carro andava rápido e mesmo assim parecia me que nao iamos a lado nenhum, o silencio era matador e ninguem tinha proferido uma palavra desde que tinhamos entrado no carro. Kyle que conduzia, tinha a sua mao na minha e de vez em quando apertava a fazendo me olhar para ele, que em seguida me dava um sorriso fraco. O que eu via na cara dele nao era desapontamento para comigo nem tristeza, porque eu sabia que o mais importante para eles era eu estar bem, era mais uma espécie de confusão e arrependimento. Sei que eles se sentiam em parte responsáveis pelo que tinha acabado de acontecer, eu conhecia-os bem o suficiente para saber isso, eles queriam ter previnido isto, de impedir o pai deles de cometer esta loucara. Mas ninguém estava à espera de nada disto, tudo tinha acontecido rápido demais , senti-me fraca, inútil por ter presenciado tudo sem ter feito nada, mas eu nao queria mostrar isso, já havia muita preocupação sem que eles tivessem que se ralar com os meus sentimentos.

Kyle fez uma curva apertada à esquerda, fazendo-nos escorregar nos nossos acentos, o que fez Darren, que estava até então calado, resmungar:

-Se fores pelo outro lado é mais rápido.

Kyle continuou a conduzir sem prestar atenção ao que Darren dizia, os seus olhos estavam fixos na estrada, as mãos apertavam com força o volante de tal forma que eu pensei que ele o fosse arrancar fora, respirava muito pausadamente como se respirar fosse algo dificil para ele. Enconstei a minha mão na dele tentado dar-lhe conforto, tentando de alguma forma acalmar a sua fera, mas isso não pareceu ter resultado, o meu toque nem foi notado por ele, e se o foi, ele não o demonstrou. Do nada, ele pára o carro repentinamente fazendo os pneus chiarem no aslfato, e os pássaros começarem a voar ao longe.

-O que foi isso Kyle!? - Berrou Darren com ele.

Ele virou-se para trás tanto como o cinto o deixava, fuzilou o seu pai com o olhar, e gritou-lhe de volta:

- Não! Que merda foi aquela? - Gritou apontando o dedo lá para fora. - No que estavas a pensar? Não te passou pela cabeça as implicações que isto poderia ter?

-Kyle! - Jake emporrou-o na cadeira, tentanto fazer com que ele se acalmasse, de anda adientou pois Kyle continuava a vir para cima do Darren.

Mãos andavam de lá para cá, Jake e Kyle gritavam, não sabia bem se era um com o outro e com o pai deles, eu não conseguia entender as suas palavras no meio de tanta confusão, mas eu não conseguia não fazer nada. Desapertei o cinto, e olhei para a bagunça que era o banco de trás, Jake apertava a camisola do Kyle, tentando segurá-lo no sítio enquanto este gritava na cara do seu pai. Darren permanencia quieto fitando o seu filho com os olhos muito abertos, mas não pronunciou mais nada, se eu não o conhecesse melhor pensaria que ele nem estava a ligar nada para o que o Kyle estava a dizer, mas não era verdade, ele estava a absorver cada palavra, ingerindo tudo como um ácido que o corroia por dentro aos poucos. Desperada, olhei para o Jake tentado procurar ajuda, mas ele nem sequer olhou para mim, então eu agi. Com grande esforço empurrei o Kyle contra o banco dele, fazendo-o sentar-se normal, sem lhe dar tempo para recuperar do sucedido, sai do meu assento e pus-me sentada no seu colo, eu sabia que ele não iria fazer nada estúpido comigo assim tão perto, ele não me queria magoar, por isso joguei isso a meu favor. Ele agarrou-me a cintura fortemente, fazendo-me fechar os dentes com força, ele tinha sido apanhado desprevenido e ainda não se tinha apercebido do que estava a acontecer. Com gentileza pus-lhe as mãos de cada lado da cara, fazendo-o olhar para mim,e quando ele o fez beijei-lhe os lábios suavemente, apenas o suficiente para ele esquecer o que se estava a passar no banco de trás, o que resultou. As suas mãos rapidamente passaram para as minhas costas apertando-me contra ele, ele puxava-me o cabelo para que o beijo fosse mais forte, mordeu-me e arranhou-me a pele, chegou a forçar a linha dor/prazer, os seus dentes aleijavam-me a boca com a força que ele estava a fazer e eu rapidamente pude sentir o gosto de sangue na boca, ele também o deve ter sentido em algum ponto, porque parou abruptamente. Colocou a mão na minha barriga empurrando-me contra o volante, mantendo-me o mais possível longe da sua boca, os seus olhos brilhavam e ele olhava-me intensamente, eu sabia o que significava esse olhar, já o tinha visto vezes demais, mas nunca nesta situação, por isso eu não sabia o que esperar.

-Kyle... - Jake falou devagar não sabendo como o irmão estava, tocou-lhe ao de leve no braço mas ele não pareceu notar, o que fez com que ele apertasse o seu braço com mais força.

Desta vez ele notou, virou a cara para o Jake, e após um levantar de sobrencelhas da parte dele, Kyle olhou para mim novamente, e o que ele viu fez com que ele fizesse uma careta, eu não tinha entendido até que eu olhei para mim mesma. A minha camisola estava amarrotada e estava debaixo dos meus seios, a gola estava um pouco rasgada, e havia gotas de sangue em alguns sitíos, as mãos do Kyle estavam nas minhas pernas apertando-as com força, fazendo o tecido ranger. Ele tirou as mãos das minhas pernas e olhou para mim com um sorriso no rosto, aproximou-se de mim e beijou-me o pescoço.

-Algo me diz que gostaste, que tal uma repitação mais logo? - Perguntou-me mordendo-me a orelha, a sua respiração ainda acelerada.

Não lhe respondi, limitei-me a voltar ao meu lugar, olhei para o Jake que me olhava com uma expressão que eu não reconhecia nele, cíume? Tentei pegar-lhe na mão para lhe mostrar que também estava aqui para ele, mas ele não correspondeu ao meu toque, o que me deixou com um buraco no coração, será que ele não entendia que isso me feriria, o ele achar que eu preferia o irmão dele, o que não era verdade, eu amava os dois de igual maneira. O resto da viagem foi passada em silêncio, mas desta vez eu não me importei, pois já tinha havido demasiada tensão no carro, e era melhor manter as coisas assim.

Assim que chegámos à aldeia, o Jake saiu disparado do carro e o Darren foi com ele, olhei para o Kyle e ele beijou-me percebendo a minha preocupação.

-Não ligues ao Jake isso passa-lhe. - Disse-me beijando-me o nariz e encaminhando-me para a clínica, onde estava a tal mulher que os rapazes trouxeram.

-Posso saber o que ele tem realmente?

Ele não me respondeu de imediato, quase que lhe queria bater para que ele me respondesse, mas dada a situação julguei não ser uma boa ideia, a clínica estava mais perto.

-Sabes...o meu irmão é muito protetor, e quando viu que eu te magoei ficou fulo da vida, para ele isso foi como uma afronta à tua pessoa, como se eu tirasse prazer de te ver magoada.

-Talvez ele precise de saber... - Falei pensativa.

-De saber o que?

Não lhe respondi, avancei em frente a ele e abanei as ancas sugestivamente, sei que ele notou porque o rosnado que veio atrás de mim não enganava. Eu sabia o que o Jake pensava, que ele não era aquilo que queria, ai os meus gémeos teimosos, tinha de estar sempre a provar o quão prefeitos eles eram para mim, nem que precisasse de o fazer todos os dias, até chegar um dia em que eles não precisassem de se preocupar mais com isso. 

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora