Capitulo 10 (revisto)

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Kora


Não podia negar que estava nervosa, não sei quantas vezes me repreendi mentalmente por não ter dito não ao Jake, mas na altura nem conseguia pensar como deve ser e ele levou o meu silêncio como um sim. Disse-me que ele e o Kyle iriam-me preparar uma noite fantástica, e eu admitia que tinha receio do que poderia acontecer, não conseguia negar que sentia alguma coisa por eles, mas sabia que a minha atração pelos dois não era em nada bom. Antes de mais deveria dizer-lhes que nada disto era correto para ninguém, que eu não podia fazer isto a nenhum dos dois, eu até tinha preparado um pequeno discurso, não querendo que eles interpretassem mal as minhas palavras de forma errada. Suspirei com a cabeça a girar com os meus pensamentos e vesti um vestido justo preto até aos pés com renda nas costas e uma racha na perna direita que vinha até meio da coxa, era sofisticado e não muito revelador, o que era justo o que eu queria. Apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo e passei lápis preto nos olhos um pouco de batom vermelho e estava pronta.

Desci para não encontrar ninguém em casa, andei um pouco até ver que a porta para o jardim estava aberta, luzes chamaram-me à atenção e decidi ir por ai. Lá fora, no meio das árvores, estava posicionada uma mesa de madeira branca com grandes velas vermelhas dispostas no centro, cadeiras de ferro preto antigo estavam à volta da mesa. Simplesmente um cenário lindo e elegante com uma vista para as árvores e para os lindos jardins que ladeavam a casa, tudo isto dava um aspecto de privacidade e intimidade. O ar prendeu-se-me nos pulmões quando os vislumbrei, estavam simplesmente lindos. Jake vestia um smoking preto com camisa branca, o casaco desapertado. E Kyle ostentava um ar poderoso, com a sua calça de fato preta e camisa vermelha que se ajustava aos seus músculos definidos. Estava claramente nervoso passando o seu peso de uma perna para a outra, saberia ele do beijo de ontem? Não conseguia decifrar a sua cara pois como sempre tinha aquela expressão trocista como se nada se passasse, parecia sempre tudo bem para ele, mas eu sabia que isso não era verdade.

Com um sorriso olharam-me de cima a baixo avaliando-me. Olhei para o Kyle mas ele desviou o olhar como se tivesse vergonha de alguma coisa, por alguma razão isso fez-me sentir mal, haveria algo de errado? Encolhi-me com o pensamento. Dirigi-me à mesa parando à frente deles para os cumprimentar. Jake foi o primeiro a chegar-se à frente, deu-me um rápido beijo na cara e com um sorriso sentou-se. Kyle chegou perto de mim relutante não sabendo bem como reagir deixando-me nervosa. Timidamente passou a palma da sua mão na minha bochecha, fechei os olhos com o prazer da sua pele a tocar a minha, o meu corpo traia-me por muito que eu quisesse ficar indeferente. Agarrou-me a parte de trás do pescoço e puxou-me para si beijando-me intensamente. A sua mão na parte de baixo das minhas costas colava-me ao corpo dele, a sua língua a explorava a minha boca num beijo ávido, cheio de sentimento que me pôs a tremer. Não sei quanto tempo durou, mas quando ele se afastou de mim senti que o sangue me subia à cara deixando-me vermelha de vergonha, mas ele não pareceu se importar, limitando-se a sorrir ainda mais para mim, o que fez desviar o olhar rapidamente.

Sentámo-nos à mesa, e eu olhei para o Jake que estava a olhar para mim com um pequeno sorriso, tudo isto era um pouco estranho para mim. O irmão dele havia acabado de me beijar e ele tinha-o feito na noite anterior... qual seria o limite aqui? Isto nunca iria resultar não conseguia perceber que tipo de jogo eles estavam a fazer um com o outro, ou até mesmo comigo. Kyle destapou uns pratos que estavam num carrinho de ferro igual ao dos hotéis, o cheiro maravilhoso da comida cheogu-me rapidamente ao nariz fazendo a minha barriga roncar de antecipação. Depois de estarmos servidos e com os barulhos dos talheres a bater nos pratos durante um bocado, Jake decidiu quebrar o silêncio.

— Pensei que este jantar seria uma boa ideia para nos ficares a conhecer um pouco melhor, portanto se tiveres perguntas podes fazê-las. 

Não sabia bem o que perguntar mas julgo que esta era uma boa oportunidade para ficar a saber algumas coisas, ainda que tivesse um pouco envergonhada para perguntar logo o que eu queria saber. Eles continuavam a comer bastante devagar até, dando-me tempo para pensar, mas passavam mais tempo com os olhos cravados no meu rosto do que no prato o que me fazia racicionar ainda mais devagar.

A Sombra de KoraOnde histórias criam vida. Descubra agora