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Alessa
Não tenho desejo de acordar, aqui está tão bom, o silêncio reconfortante, nem mesmo os medos de uma vida miserável me assombram mais, Cassandra não fala comigo acredito que tenha entendido que nada me fará voltar para ele e sua maldita dívida, minha hora está chegando, sinto como se nada fosse mais certo do que morrer e encontrar a paz. Pensando bem, Dante apareceu na minha vida para que pudesse enfim morrer, nunca fui feliz ou tive paz nessa Terra.
Está na hora do descanso eterno, talvez Deus possa me perdoar pelo pecado da fornicação e por desejar uma vida diferente do que fui destinada, por mesmo que por segundos pensar em pertencer a Cláudio, as vezes que quis ser como minha mãe e trair Dante para ter pelo menos um gesto de carinho e desejo doce, calmo e sem culpa. Dante jamais me daria isso, vejo uma luz forte vindo em minha direção ando até ela sentindo um calor confortável.
Já ouvi falar dessa luz, é o fim para mim, estou feliz e calma pronta para atravessar a ponte da vida para a morte, sinto mãos tocando meu rosto deve ser o anjo que veio me buscar, ele segura minhas mãos, tenho a sensação de que vivi para sentir a paz que estou sentindo agora. Depois de toda tristeza que passei, toda dor e sofrimento vou viver longe de tudo.
– Ainda não é a sua hora, menina, de todos os meus você é aquela que carrega dores profundas como um dia eu carreguei, que chora pelos seus filhos perdidos como chorei, tudo que queria era morrer para não sentir tanta dor como você mas Deus sabe o que é melhor para todos nós.
– Estou pronta, me deixe ir, por favor. Se ficar, Dante vai me matar ou me fazer sofrer, não posso ficar, por tudo que é mais sagrado me permita ir.
– Não sou eu que decido, minha criança, agora precisa voltar, seus caminhos ainda estão ligados aos dele, tudo será resolvido, precisa confiar.
Meus olhos se abrem depois de muito tempo sem ver a luz, os fecho novamente não aguentando a claridade, o quarto todo branco não era o meu, só consigo ouvir os sons dos aparelhos ligados a máscara em meu rosto auxilia na minha respiração mas sinto uma grande vontade de chorar, não queria voltar ou acordar, voltar para este inferno que é viver com Dante Fontana.
Não havia ninguém comigo no quarto, estava totalmente sozinha como sempre estive durante toda a minha vida nem mesmo Cassandra estava aqui, acredito que ela esteja com raiva de mim já que fingi que ela não existia durante todo esse tempo, tento entender essa obsessão que tem por Dante mas não consigo. Ele não a ama e jamais vai amar um homem como ele apenas nos vê como uma fonte de exploração jamais nos verá como uma esposa e nos dará uma família.
Fiquei ali quieta piscando os olhos por muito tempo a máscara de oxigênio que trazia ar aos meus pulmões funcionavam muito bem, os sons daquele quarto dos aparelhos ligados em meu corpo foram a minha companhia durante muitos dias quando percebia que alguém estava vindo fechava os olhos como se ainda estivesse em coma.
Não queria que soubessem que havia acordado, não sentia fome mas queria beber um copo d'água, fingia que poderia ficar ali até que a morte me levasse por desnutrição ou por desidratação. Até que o médico percebeu que estava fingindo, mas de maneira discreta colocou uma enfermeira para me alimentar e trazer água, acho que a fama de Dante é muito conhecida e talvez eles saibam que se voltar para ele logo estarei internada novamente.
Cláudio não foi me visitar durante esses dias e nem sei se veio em algum momento Jarbas também não, acredito que todos pensam que vou morrer a qualquer momento inclusive Dante. A enfermeira que cuida de mim me contou que várias pessoas vieram me visitar mas acho que ela diz isso só para me deixar contente todos que vêm aqui já perceberam que estou com um grave grau de depressão.
Um médico e duas enfermeiras que sempre vêm em horários alternados, conversam comigo mas permaneço em silêncio piscando os olhos e olhando para eles, a enfermeira me disse que sabe que a Dante faz e por isso entende a razão de estar fingindo que estou doente, já recebi um alerta de uma das enfermeiras de que não vão poder mentir por muito tempo.
Sabia que em algum momento teria que revelar que estava bem e que havia acordado mas pela primeira vez depois de muitos meses estava me sentindo bem, não estava preocupada com o fato de que Dante poderia me atacar a qualquer momento como aconteceu no dia que passei mal, Cassandra sumiu, penso que ela não aprova a minha atitude e não quer se pronunciar.
– Aquele motorista veio hoje novamente mas disse que seu quadro não mudou, não podemos continuar mentindo, Alessa. Porque não foge? Podemos ajudá-la no que precisar.
– Fugir será pior, Dante vai prejudicar quem me ajudar além do que vai me caçar até os confins da Terra. Apesar de não sentir nada por mim e o valor que estou devendo a ele não ser nada em comparação com a grande fortuna que possui, ele é rancoroso e jamais vai aceitar que sua esposa fugiu. Tenho que voltar, mas antes preciso que alguém venha até aqui.
Minha memória é boa, lembro de ver o número de telefone de Camille anotado nos vários blocos de anotações que ficavam em cima da mesa do escritório de Dante, informo o telefone dela para enfermeira que disca o número informando que pedindo para ir até o hospital, antes de voltar preciso conversar com ela, minha sobrevivência naquela casa depende da amante de Fontana.
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Alessa, Nos Caminhos Da Loucura E Do Destino ( Concluído)
ChickLitQuando fiz cinco anos minha vida mudou, perdi minha mãe e tudo que sabia sobre amor se foi junto com ela. Me enviaram para um convento onde encontrei a fé que salvou minha vida achando no amor a Deus e Santa Bárbara a vocação para toda vida, até o d...