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Lídia
Havia ligado para Alessa algumas vezes, em todas elas nunca me atendeu, pensava que talvez por minha origem não queira nenhum tipo de contato comigo. Mas as informações que tenho dela são muito poucos repassadas por terceiros dizem que é sozinha, que não tem família sendo extremamente discreta, seu marido não a leva a festas prefere estar acompanhado de sua amante de muitos anos.
Alessa Castilho nem ao menos carrega o sobrenome do marido, no convite que Mariana fez ela colocou o sobrenome Fontana mas pelo que ouvi dizer ela não carrega o nome do esposo pois não é casada legalmente com ele apenas possuem um contrato de compra e venda o que para mim já é muito estranho, quando Mariana me falou sobre as mulheres que deveria convidar me senti tão acolhida mesmo não as conhecendo pareciam que eram pessoas reais, que não viviam de aparência como a grande maioria das mulheres da família pareciam viver.
Cecília também ligou para Alessa várias vezes e em todas as vezes ela não teve sucesso, Alessa se isola no seu próprio mundo com medo de tudo e todos como Mariana mesmo disse, Dante é violento, ela me contou quando foi levar o convite havia visto Alessa agachada lavando um vaso estando uma barriga enorme, nem ao menos o fato dela estar grávida parece compadecer o coração de Dante.
Existem muitas histórias sobre ele, muitas são verdadeiras mas a principal é que vem me preocupando muito é que mesmo grávida Alessa é obrigada a fazer serviços domésticos para pagar uma dívida, é um absurdo pensar no que faz com a própria esposa. Deveria amá-la e protegê-la ao invés disso a obriga a limpar agachada sendo que é um homem muito rico e tem muitos empregados.
Minha cunhada me pediu por mensagem para tentar ligar para ela novamente e que dessa vez ela iria me atender, não queria prejudicá-la mas sei que Dário comentou algo com o Dante porque Cecília falou também depois que disse que havia tentado ligar para ela várias vezes, não foi minha intenção causar transtornos mas queria muito que ela viesse.
No primeiro toque Alessa atendeu sua voz transmitia uma doçura, ela usava de um tom baixo para conversar comigo parecia uma mulher da nobreza conversando comigo, possuía uma educação diferenciada até da maneira de me cumprimentar e prosseguir com a conversa mesmo nitidamente incomodada pela minha ligação não pela insistência mas Cecília me contou que Alessa não se sente digna de estar perto de pessoas como eu e ela, até mesmo Mariana, me senti muito mal sabendo disso imaginando como deve ser um inferno viver com um homem que a menospreza apenas por ser quem é.
Lídia, entendo bem que gostaria da minha presença mas queria que pudesse compreender o meu lado, tenho muito trabalho em casa e também estou grávida, preciso deixar tudo organizado para quando ela chegar, não sei se soube mas estou grávida de uma menina, ela precisa de bastante atenção até o dia que desmamá-la.
Achei estranho quando comentou sobre desmamar, parecia que iria entregar a filha dela para outra pessoa quando terminar seu período de amamentação mas não quis entrar em detalhes ainda não nos conhecemos e não quero passar uma impressão ruim a ela.
Compreendo o seu lado mas também gostaria que compreendesse o meu, talvez se contar para você quem eu sou possa mudar um pouco a sua ideia. Alessa, sou uma mulher preta e órfã, meus pais já morreram há muitos anos e para todos sou considerada uma mestiça imunda, que não deveria estar no meio deles. Nunca quis fazer parte de nada disso como você tenho certeza que também não, Saulo fez um pacto de sangue comigo quando ainda era criança, não tive escolha como você também não teve. Por isso reconsidere o convite seria bom ter alguém como você ao meu lado.
Alessa ficou em silêncio, insistir não foi uma boa ideia mas não poderia desistir dela, sinto que preciso pedir para que vá.
Tudo bem, Lídia, vou tentar ir no seu evento mas não posso garantir nada!
Entendo, de qualquer forma vou ficar esperando por você, Alessa.
Julgamento
– Ela tinha medo, muito medo, não sei se das mulheres da família que são horríveis com todo seu preconceito e nojo de pessoas diferentes como eu e Alessa ou de Fontana. Mas havia algo em relação ao bebê, que causou tanto incomodo em mim, Dante venderia a criança, Saulo me contou alguns dias antes do casamento, contei a ela sobre o que descobri mas parece que já sabia, Alessa acreditava que morreria mas antes como toda boa mãe ela já se preveniu dizendo que se morresse a criança seria criada por uma família, ela me contou que conheceu um casal de espanhóis, não me deu muitos detalhes só disse que eles cuidariam da menina.
Recordar de tudo o que passei com Alessa é muito difícil, queria muito que ela pudesse viver sem a sombra de Dante em sua vida mas parece que ele mesmo depois de ter pagado a dívida que ele tanto fazia questão de dizer que ela o devia ainda a queria.
– Você até mesmo se ofereceu para adotar a criança?
– Sim, tinha tudo planejado, Dante não era um bom marido, não ligava para a bebê portanto Saulo fez a proposta mas nunca tivemos a resposta, bom, vocês sabem bem o que aconteceu. Dante sempre se sentia dono de Alessa tanto que não se preocupou em bater nela no dia do meu casamento com ela quase pronta para ganhar Bárbara.
Lembro como ele foi agressivo com ela por causa de um comentário que fez a Saulo sobre o nosso casamento, no final ela estava certa o que aconteceu quase determinou o resto de nossas vidas, perdoei Saulo tentando não associar o passado e as escolhas erradas feitas por ele.
– Saulo, como foi essa conversa com Dante sobre adotar a menina?
– Lídia não queria filhos, entendia a opção dela mesmo não aceitando mas vi em Bárbara uma chance de fazê-la mudar de ideia, talvez convivendo com uma bebê pudesse mudar de pensamento mas Dante não me deu a resposta ou não quis dar.
Dário direcionou seu olhar em direção a Dante, nunca soube o que ele iria fazer afinal de contas Alessa “morreu” levando consigo a bebê.
– Venderia a bebê à Saulo, liguei para Ferraz no mesmo dia desfazendo o negócio, Alessa foi fiel a mim mesmo não sendo fiel a ela em nada, nos últimos dias que antecederam sua partida da minha vida, ela parecia tão debilitada, cansada e distante, tive medo de acontecer o mesmo que aconteceu com Heloísa, confesso que jamais a deixaria livre mas algo em mim mudou quando percebi que Lídia e as outras se aproximaram dela. Elas deram atenção a Alessa que jamais recebi em todo tempo que estive na família, tinha ciúmes mas também inveja, não entendia porque alguém como Alessa podia ter tudo que sempre quis.
– O que você sempre quis, Dante?
Dário perguntou deixando todos em expectativa pela resposta de Dante, mesmo depois de supostamente morta, Alessa não teve descanso ou paz para seguir sua vida como se houvesse algo que a prende-se ao Dante, um fio invisível e inquebrável.
– Respeito. Não admitia que ela tinha respeito, alguns ainda a olhavam com desprezo mas a grande maioria não, ela estava sendo tratada como uma dama, os olhares em minha direção melhoraram mas não por mim e sim por ela. Lembro quando um dos associados comentou como ela era linda e educada, e que qualquer homem daria o mundo para ter Alessa, fiquei irado, não com o homem mas comigo, porque era inaceitável para mim como era vista com tanto prestígio, desde daquela época já a venerava porém não aceitava sentir, hoje me arrependo disso se tivesse a tratado com respeito e amor que sempre mereceu com certeza não estaríamos aqui.
Não consigo acreditar no arrependimento dele, infelizmente Dante fez muito para causar desconfiança suficiente em todos aqui lamento por minha amiga estar passando por isso principalmente porque sei que toda essa situação poderia ter sido evitada se Dante simplesmente aceitasse o fim.
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Alessa, Nos Caminhos Da Loucura E Do Destino ( Concluído)
Chick-LitQuando fiz cinco anos minha vida mudou, perdi minha mãe e tudo que sabia sobre amor se foi junto com ela. Me enviaram para um convento onde encontrei a fé que salvou minha vida achando no amor a Deus e Santa Bárbara a vocação para toda vida, até o d...