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Votem e comentem!

Dante

- Como assim? Estão se demitindo?

- Senhor, recebemos uma boa oferta, além disso, a menina Alessa não está mais viva, ela era nossa inspiração e fonte de admiração, sem ela não faz sentido permanecer aqui.

Não são os primeiros que vieram hoje, todos com a mesma justificativa, não tive como negar, dei as contas para todos e dessa vez não tentei convencer ninguém a ficar, quando o soldado e sua família saem, Negrini entra com se tivesse sido convidado.

- Soube o que houve, Dante, se livrou de um problema, Alessa era uma prostituta como a mãe capaz que aquela criança nem era sua. Fiquei sabendo que as damas da família farão um velório e enterro para ela, sei que não foi ideia sua e fez muito bem, aquela bastarda não merecia nada.

- Dário sabe disso? Não fui comunicado sobre nada disso.

- Dário e Saulo estão ocupados demais tentando descobrir onde a menina adotada pela família Grassi está, os espanhóis a sequestraram além de ter feito um bom estrago por todo nosso território.

Sabia disso pois Dário me ligou, disse que queria ajudá-lo mas ele disse que já havia muitos homens apoiando nas buscas, ele pediu para ficar em casa acreditando que precisava ter um tempo de luto mesmo que isso para mim seja inútil.

- O que quer, Negrini?

- Deveria ir ao velório, aquela bastarda não merece homenagem alguma, ela será enterrada no cemitério da família como uma mulher honesta, isso é inaceitável.

Não queria ir em nenhum lugar porque não quero ver Alessa em um caixão, seria como me despedir dela sem volta, não quero acreditar que esteja morta.

- Porque não vai você? Me vendeu uma mulher doente que está morta, o que quer de mim? Me deixe em paz, Flávio, tenho muito que resolver já que além de ter morrido, Alessa fez meus empregados saírem daqui por também me acharem culpado pela morte dela

Olhei para ele percebendo algo que não havia visto antes, Negrini também acredita que sou culpado ainda consigo enxergar que se arrependeu de ter vendido Alessa para mim, como pude ser tão burro?

- Flávio, naquele dia ela não se ofereceu para você, não é? Tentou estuprar minha mulher. COMO PUDE SER TÃO CEGO! VOCÊ A AMA, COMO TODOS OS OUTROS ACREDITA QUE SOU CULPADO, NÃO MINTA POIS ESTA ESTAMPADO EM SEUS OLHOS.

- DANTE, VOCÊ ESTÁ CERTO, ELA ERA UMA VAGABUNDA MAS QUERIA QUE TIVESSE SIDO MINHA. NÃO DEVERIA TER VENDIDO ELA PARA VOCÊ, COMETI UM ERRO, VÊ-LA ERA COMO VER A MINHA CARMEM. NÃO DEVERIA TÊ-LA VENDIDO PARA VOCÊ, PODERIA TER COLOCADO ELA EM UMA CASA, A TORNADO MINHA AMANTE, ASSIM A TERIA PARA MIM ATÉ O ÚLTIMO DIA DE SUA VIDA.

Levantei da cadeira possesso de ódio pegando Negrini pela nuca levando para fora da minha casa, não aguento ter que ouvi-lo falar dela como se tivesse a tido em suas mãos como eu.

- SAIA DA MINHA PROPRIEDADE, VELHO IDIOTA, ELA NUNCA SERÁ SUA, NEGRINI. JAMAIS IRIA PERMITIR QUE TOCASSE NELA, SE MATEI MATEO POR ELA, NÃO DUVIDE QUE NÃO FARIA ISSO COM VOCÊ.

Ele saiu correndo tropeçando entre suas pernas, apavorado depois da minha ameaça, lembro do dia que ele estava em cima dela, Alessa disse a verdade, mesmo assim, a violentei, torturei e deixei ela passar uma noite naquele galpão horrível, não podia ter feito aquilo com ela, Alessa nunca me deu motivos para duvidar da sua fidelidade. Volto para o escritório indo atrás da minha garrafa de uísque, bebo metade dela somente bêbado posso suportar tudo isso, acabo cochilando sendo acordado por Jarbas.

- Senhor, desculpe acordá-lo!

- Sem problemas, Jarbas, sabe onde será o velório de Alessa?

- Vai ser no mesmo lugar do enterro, parece que tem um espaço reservado para o velório no cemitério, Mariana Albertini organizou tudo, a menina também será enterrada junto com a mãe. Mas, não acredito que seja prudente ir, as mulheres da família não irão vê-lo com bons olhos.

Alessa é minha, ninguém pode impedir que vá vê-la pela última vez, foi minha esposa e viveu comigo, mesmo não concordando que aquelas mulheres tenham passado por cima de mim, vou ao velório e está decidido.

- Eu vou sim, Jarbas, essas mulheres já passaram por cima de mim em muitas ocasiões mas isso acaba hoje, Alessa pertenceu a mim portanto vou vê-la sim mesmo que seja pela última vez.

Fui no velório mas realmente como Jarbas me alertou foi uma péssima ideia, Lídia e as outras ficaram revoltadas, e para não causar mais desconforto esperei os caixões serem enterrados para me despedir, as mulheres foram embora, uma a uma deixando flores sob a lápide, esperei que fossem embora para ir até elas.

Alessa Castilho

Amada amiga e mãe amorosa,

20/03/1999 - 07/07/2018.

Nunca esqueceremos você.

Uma foto dela grávida sorrindo enquanto colocava sua mão sob sua barriga estava junto a lápide, nunca a vi sorrir, na verdade, ela nunca sorriu para mim, sempre parecia ter medo, para mim havia o semblante cansado e sério. Ela está tão bonita nessa foto, parece um anjo, olhando para mim com doçura e inocência, estranhamente só consigo lembrar da sua beleza e doçura, não consigo recordar das torturas ou de como a fiz sofrer.

- Sabe, não sei bem o que dizer: você morreu por culpa sua, falei para não ter essa criança mas você insistiu nisso. Não sou o único culpado, deveria ter tirado seu útero ou ter usado proteção mas agora não adianta pensar no que poderia fazer, está morta e é isso. Meus empregados pediram demissão por sua culpa, até Léia me bateu por causa de você. Agora teve as homenagens que merece, está feliz, bastarda? Você morreu me devendo! Não deveria ter me deixado, podia ter ficado comigo, só havia sobrado você, o que vou fazer agora sem você?

O silêncio foi minha resposta, Alessa não respondeu com sua voz calma e baixa ou olhou para mim com deboche e me deu uma resposta afiada e atrevida como costumava fazer em suas mudanças repentinas de temperamento. Nunca mais vou ouvi-la, sentir seu medo, tocar sua pele e poder sentir seu cheiro, só queria tê-la mais uma vez, a última vez talvez não teria sido agressivo com ela, tentaria ser melhor, eu poderia ser melhor por Alessa. Mas agora não adianta pensar nisso, sou um monstro torturador nada vem de bom de alguém como eu, jamais poderia ser melhor por qualquer um nem mesmo por Alessa.

Alessa, Nos Caminhos Da Loucura E Do Destino ( Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora