Alessa, Nos Caminhos Da Loucura E Do Destino ( Concluído)

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Alessa

- Agradeço a todos pela presença e disponibilidade, não há mais nenhuma testemunha para relatar sua visão da história, creio que todos estão dispensados até as 17, vamos unir reunir agora com os membros das famílias para definir como essa situação será resolvida.

Fui a primeira a sair totalmente exausta física e emocionalmente, reviver tudo foi difícil mas no fundo estou grata por ter descoberto a verdade de ambas as partes, Cecília e Lídia me acolheram em uma sala isolada, de repente apareceram Violeta e Graciela como também Mariana e Vivian, fiquei por pelos dez minutos chorando, elas não disseram nada apenas ficaram ao meu lado.

Bárbara estava com as outras crianças acompanhada por duas babás, tudo que queria era ir embora e esquecer esse maldito dia mas precisava respirar para saber o que fazer a partir de agora, Cassandra está calma por mais incrível que pareça. Quando finalmente parei de chorar, respirei fundo pronta para resolver minha vida.

- Alessa, precisa de algo? Qualquer coisa, é só pedir.

- Agradeço por tudo, minhas amigas mas agora quero falar com Henrique, será que podem chamá-lo, por favor.

Cecília saiu sendo seguida pelas outras, depois Henrique entrou, por muito tempo pensei mal dele e das coisas que fez, mas o único erro dele foi ter desejado a mim, de resto, Henrique foi colocado como culpado durante muito tempo, é meu dever desfazer qualquer engano.

- Henrique, quero me desculpar por ter feito mal juízo de você. Não nos conhecíamos o suficiente e deixei o seu ato determinar toda sua personalidade, agradeço por ter dado um jeito para o meu casamento não ter sido oficializado, Jarbas não é quem pensei que fosse.

Agora entendo que meu erro foi procurar alguém que pudesse cuidar de mim quando na verdade somente eu posso fazer isso, não posso dar poder a outro de me amar e zelar, se tivesse pensado realmente em mim e na felicidade que poderia me proporcionar sem um homem, muito teria sido evitado.

- Você não tem culpa e nem deve se desculpar, Alessa. Quero que saiba: me apaixonei por você mas respeitei as regras da família Albertini por isso não vim atrás de você antes, e não quero que pense que estou dizendo isso para que fique comigo e sim porque precisava dizer. Você precisa de tempo para absolver tudo que ouviu e descobriu mas agora sei que tomará a decisão mais correta, não tive oportunidade de dizer mas tem uma propriedade no interior de Goiás que reservei para você, para poder ressarcir todo mal que tenha causado a você. Tentei conversar com você antes do seu casamento para falar sobre tudo que queria contar mas Jarbas não permitiu por isso resolvi investigá-lo, lamento por ter que revelar o homem que ele é dessa maneira.

Se não fosse Henrique não saberia jamais quem era Jarbas e poderia viver o resto da vida sendo enganada.

- Henrique, só tenho a agradecer, quero conversar com você com mais calma depois agora tenho que esperar o resultado final.

Tenho impressão que Dante vai conseguir o que quer mas no momento não quero pensar nisso, Henrique saiu me deixando sozinha, é bom saber que apesar de tudo tenho nele um amigo, nesse momento, vou precisar de muitos amigos. Estou distraída com meus próprios pensamentos quando Dante entra na sala, ele está calado olhando para mim como se quisesse dizer tudo mas não tivesse palavras para expressar.

- Dante, gostaria de verdade ter convivência com Bárbara?

- Sim, não há mais ninguém na minha vida, depois de tudo tenho medo de acabar como meu pai, Alessa, sozinho por minhas decisões erradas e pecados incorrigíveis. Seja a decisão que tomarem a seu ou a meu favor, não quero obrigá-la a ficar comigo, trouxe muito sofrimento para sua vida, deveria tê-la a protegido mas fiz tudo errado. Merecia alguém melhor, é difícil admitir mas esse homem não sou eu.

Cassandra ainda o ama, sei disso, consigo sentir como é difícil para ela lutar contra todos estes sentimentos conflitantes, amor, ódio, rancor, saudade, magoa e desejo. Mas acredito que ele precisa saber.

- Na verdade, você precisa saber de algo: sou eu a segunda personalidade, fui criada por Cassandra para que pudesse suportar passar por tudo no início da vida, deve saber também que ela te ama mas está em um conflito com os sentimentos que tem.

- Mas e você? O que sente?

- Não sei. Na realidade, não existo, estou aqui apenas para cumprir com uma necessidade, quero pensar e refletir no que farei em relação ao meu futuro mas de imediato, Cassandra quer falar com você.

Dante

- O que Alessa disse é verdade?

- Sim, sei que a ama, entendo que é mais fácil amá-la, Alessa é doce e submissa, enquanto eu sou o contrário. Dante, esperei por você por tanto tempo, o desejei por toda uma vida mas preciso entender que mais uma vez me enganei com você, todas as perdas, o sofrimento e a dor profunda em meu peito por saber que nunca será o homem que idealizei está me destruindo de dentro para fora, me arrependo de ter tentado matar você, não é assim que vamos resolver tudo entre nós.

Era perceptível quando uma assumia no lugar da outra, precisava entender depois de hoje que não era e nunca fui o homem que ficaria com elas, não cumpri com minhas obrigações com elas e nem mesmo zelei do seu bem estar, cegado pelo meu desejo de ser maior que meu pai, iludido com toda fortuna que adquiri deixando quem jurei proteger padecer em pobreza e miséria.

- Me dói reconhecer que você está melhor sem mim, perdeu muito estando comigo insistindo em ter o que nunca poderia dar. Agora compreendo que não posso fazê-la ficar comigo, você e Alessa merecem ter toda felicidade possível nesse mundo, espero que não seja tarde de mais para me perdoar.

Antes meus pedidos de desculpas e perdão eram falsos, pois usei do fato de Bárbara ser minha filha para chantagear sem pensar como era difícil para elas reviver os terrores que a submete por quase três anos, os meus filhos que morreram por minha culpa a deixando traumatizada, elas sofreram sozinhas e caladas, consigo compreender porque Bárbara é tão preciosa, Cassandra e Alessa somente tem a ela.

- Sei que agora entende tudo, o julgamento foi importante para isso, não quero que morra, sua morte não vai trazer paz para mim somente mais tormento e dor. Sobre o perdão, preciso de tempo, não se esquece tudo que fez e se segue em frente como se esses últimos anos pudessem ser apagados.

- Tem razão. Não se pode esquecer tudo como se tivesse sido nada, mas saiba: Bárbara é sua, nunca fiz esforço para que ela fosse minha porque a reneguei como fiz com vocês por várias vezes, sou desgraçado mas quero que minha filha seja feliz e que você também.

É insuportável ter que abdicar dela, deixá-la ir para mim é a parte mais difícil de todas, mas preciso compreender que nada poderá mudar o que fiz, o correto e honesto é não atrapalhar mais sua vida. Independente da decisão tomada, Alessa e Cassandra terão a paz que desejam mesmo que isso custe muito para mim.