Nat: Isso vai acabar, é questão de tempo agora... – sorriu pra mim. – Eu vou me trocar, não posso receber uma advogada de pijama. Eu já volto. Quer comer alguma coisa?
Rafaela: Eu vou pedir comida pra gente daqui a pouco.
Nat: Tá bom. Você fica para comer com a gente tá?
Eu: Obrigada... – sorri. Ela e a Rafaela foram para o quarto se trocar. Logo elas voltaram, a Regina chegou e a Natalie a recebeu, eu as apresentei e ela me explicou tudo. Eu estava aliviada, mas estava com medo ainda. Regina logo foi embora, fiquei encarando aquela medida, ele não podia chegar perto do Lukkas, não podia chegar perto da Lohana, não podia ir até a minha empresa. Rafaela pediu comida para nós, a gente conversou muito. Eu acabei passando a tarde toda lá. Regina me mandou mensagem falando que ele tinha sido preso e eu soltei aquele ar pesado todo de dentro de mim.
Nat: Quer vinho?
Eu: Que horas são?
Nat: Sete horas.
Eu: Meu Deus eu passei o dia todo aqui, hoje é sábado você deve ter algo para fazer.
Nat: Não tenho não... – abriu a garrafa e colocou nas taças.
Eu: Cadê a Rafaela?
Nat: Foi trabalhar. Ela saiu você se despediu dela, mas você está tão aérea que nem se lembra.
Eu: É... O que ela faz? De que ela trabalha?
Nat: Ela é fisioterapeuta. Trabalha na Unidade de Terapia Intensiva do Copa Star.
Eu: Nossa...
Nat: Ela é demais. Ela está de plantão essa noite.
Eu: Ela mora aqui?
Nat: Mora no prédio, com o Rodrigo outro amigo nosso, o Rodrigo é médico, cirurgião geral no Barra Dor e no Copa Star também. Não parece, é bem vida louca, mas ele é um ótimo médico. Eu não sei porque eles não se mudam pra cá, porque eles ficam mais aqui que na casa deles. A Rafa e eu ficamos bebendo até tarde e ela dormiu aqui.
Eu: Vocês duas são só amigas mesmo ou tem alguma coisa? – ri.
Nat: Somos praticamente irmãs... entre a gente não tem nada... – ficamos nos encarando um tempo.
Eu: Você tem alguém?
Nat: Não... A bastante tempo por sinal. Eu quase me casei, mas a minha noiva decidiu ir embora do país cuidar da vida dela um mês antes do nosso casamento.
Eu: Nossa, sinto muito.
Nat: Que nada, eu estou bem com isso. Acho que foi a melhor decisão. A gente não ficaria bem juntas. Nos casarmos seria um grande erro. Muita briga, muita discussão, muita cobrança sem sentido.
Eu: Que bom que não sofreu.
Nat: É... E a sua família, sabe de tudo isso que você vem passando?
Eu: Minha tia sabe, meu tio. São as únicas pessoas da minha família que eu tenho contato. Minha mãe, eu e meu irmão não nos falamos a anos. Desde que me casei para ser exata. Meu pai morreu eu era adolescente, ele era a melhor pessoa do mundo. Quando eu fiz 18 anos e entrei na faculdade eu pude acessar a herança que ele deixou e consegui multiplicar até hoje ter minha empresa.
Nat: Por que não fala com sua mãe e seu irmão?
Eu: Minha mãe é a pessoa mais preconceituosa que existe. Eu sou bissexual e ela me abominou desde que soube disso. Ela me fez casar com o Ian dizendo que ele era homem pra mim, acho que parte do que ele é hoje, ela o incentivou a ser. Ela deu esse poder a ele. No dia do nosso casamento ela foi extremamente arrogante comigo na festa e meu irmão é um pau mandado dela. Ele sempre ficou do lado dela em tudo, não sei se por medo ou se realmente por pensar como ela. Então eu não falo com ela a cinco anos.
Nat: Sente falta?
Eu: Não... Minha mãe é muito tóxica sempre foi. Ela sempre foi o tipo de pessoa de deprecia tudo e todos, muito sufocante. A minha tia Cristina que é irmã dela, é a minha mãe do coração, meu tio Jaime marido dela, os meus primos Gabriel e Thamires filhos dela são a minha família. Não tenho contato com mais ninguém. A Família do meu pai era muito pequena, tenho a minha avó ainda, mas ela não mora mais aqui no Rio, já é bem idosa e raramente consigo visita-la. Ela mora num sítio em Teresópolis.
Nat: Desculpa perguntar, mas porque não se separou antes?
Eu: Ian sempre fez chantagens comigo, de que ia se matar se eu não o ajudasse a melhorar, ele melhorava por um mês e voltava a ser o que era. Eu não tinha como provar as agressões dele. Eu engravidei e ele me chantageou. Isso tem quase 3 anos. Disse que se eu fosse embora ele mataria o bebê na minha frente e se mataria. Meses depois a gente brigou, porque como sempre ele desconfiava de mim por tudo e ele me bateu muito e eu sofri um aborto. A culpa foi dele e desde então esses ataques dele ficaram piores. Ele tenta a todo custo me culpar da morte do nosso bebê, para tirar de dentro dele a culpa de ter matado o filho dele.
Nat: Desculpa perguntar, mas com tudo que ele fez, você teria o bebê dele?
Eu: Sim. Era o meu bebê também, mesmo tendo sido fruto de uma relação não consensual e sim forçada. Eu tinha a escolha de tirá-lo, e eu pensei nisso, mas de alguma forma eu achei que ele seria a única pessoa que me manteria de pé no meio desse caos então eu decidi tê-lo. Era meu bebê, era meu filho era parte de mim e se fosse preciso defende-lo do pai quando ele nascesse eu sairia do país pra sempre e ele nunca mais nos encontraria. Mas o pai dele o matou antes – falei sentida. – Eu não pude defende-lo.
Nat: Não foi culpa sua. – se aproximou e tocou meu rosto. – O que importa agora é que você está se livrando dele. Vai poder viver sua vida.
Eu: Vou ter 30 dias de paz, mas e depois Natalie? E depois?
Nat: Eu te ajudo... – fazia carinho no meu rosto e eu fechei os olhos. Eu só queria sentir aquele carinho, mais nada. Eu não sabia o que era isso a anos. Quando me dei conta nossa respiração estava bem próxima. E eu me aproximei mais e a beijei calmamente. Que delicia de beijo... era outra coisa que eu não sabia mais o que era... beijar com carinho, devagar, por vontade. Logo voltei a razão.
Eu: Desculpa... Eu não queria invadir e... – ela colocou um dedo na minha boca me silenciando.
Nat: Não peça desculpas, eu quis tanto quanto você – sussurrou olhando nos meus olhos. Ela pegou a taça da minha mão e colocou a mesa de centro, colocou as duas mãos no meu rosto e me beijou de novo. Aquilo era loucura...

VOCÊ ESTÁ LENDO
NATIESE EM: O AMOR QUE LIBERTA
FanficNatalie Kate Smith, 29 anos, empresária, atua no ramo da hotelaria junto com a família a qual não se dá nada bem, inclusive os pais. Seu relacionamento familiar se resume apenas a irmã que é sua advogada na empresa. Acabou de sair de um relacionamen...