Capítulo 30

627 61 13
                                    

Logo um perfume doce invadiu a sala silenciosa. Vi a Cristina tencionar o corpo e fechar a cara. Uma mulher loira grifada dos pés a cabeça entrou na sala com seu olhar superior e seu rosto sem expressão.

Cristina: O que está fazendo aqui? – falou entredentes.

XX: Eu vim saber como a minha filha está.

Cristina: Lembrou que tem filha? – falou com ironia – Vai embora Patrícia. – ela era a mãe da Priscilla.

XX: Não pode me impedir de ver minha filha.

Cristina: Abdicou dos direitos de mãe quando a jogou nos braços do homem que atirou nela hoje. Então some daqui antes que eu chame a policia para você. – falou exaltada.

Jaime: Já estou chamando a polícia – levou o telefone no ouvido e ela saiu rapidamente dali. Cristina ficava muito alterada, muito exaltada com a presença daquela mulher e não era pra menos, ela não era boa pessoa pelo que a Pri falava, talvez por uma série de equívocos, mas talvez ela seja como a minha mãe. Depois de mais cinco horas a cirurgia acabou.

XX: Oi, eu sou o doutor Marcelo Ferraz sou neurocirurgião eu fiz a cirurgia da Priscilla.

Eu: Eu sou Natalie Smith namorada dela, esses são os tios dela, Cristina e Jaime e o amigo dela Lukkas, como ela está?

XX: Conseguimos retirar o projetil. A principio, ela tem uma pequena lesão na região motora e de fala. Não sabemos quais as sequelas até ela acordar.

Eu: Quando ela vai acordar?

XX: Em 72 horas vamos começar a tirar a sedação e esperar que ela acorde sozinha. Essas 72 horas são muito importantes. Ela precisa reagir e manter a atividade cerebral dela intacta. Se começar a cair não teremos muito o que fazer.

Cristina: Se cair, ela...

Eu: Ela tem morte cerebral.

XX: Sim.

Eu: Podemos vê-la?

XX: Vou permitir a entrada de vocês, mas um de cada vez e por no máximo cinco minutos.

Eu: Tá... Obrigada doutor.

XX: Daqui a pouco uma enfermeira vem busca-los. – esperamos cerca de vinte minutos. Logo fomos levados pra lá, os tios dela entraram primeiro, depois o Lukkas e depois eu me vesti e entrei.

Eu: Oi amor – deixei cair uma lágrima. – Você vai ficar bem tá? Eu te amo, eu estou aqui esperando você. Fica boa logo... Fica boa pra mim? – solucei. – A gente vai se casar. Vamos nos casar... – fiquei ali os cinco minutos falando tudo que eu podia, passando todo meu amor pra ela e logo sai. O médico nos informou que os boletins dela seriam dados as 8 da manhã, e as 17 horas. Eu fui pra casa entrei no chuveiro e chorei, eu chorei como eu não chorava a muito tempo. Eu estava com medo de perde-la, eu estava com medo do que aconteceria dali em diante. Depois de um longo banho sai, me troquei, sequei um pouco o cabelo, a Rafa chegou.

Rafa: Oi...

Eu: Oi... – falei quase sem voz.

Rafa: Como você está? – eu voltei a chorar.

Eu: Com medo. Com um medo absurdo. – solucei.

Rafa: Eu entendo – me abraçou. – Ela vai ficar bem. Mas a recuperação dela vai ser longa.

Eu: Já pegou um caso assim?

Rafa: Já.

Eu: E como... – suspirei – Como foi?

Rafa: Difícil.

Eu: Me explica? – ela suspirou.

Rafa: A bala lesionou de maneira leve o que foi um verdadeiro milagre, a área de broca que é responsável pela fala e foi direto ao cerebelo causando lesões insignificantes em outras áreas até chegar ao cerebelo que é a parte da coordenação motora dela. Ela pode acordar com afasia total ou parcial, com ataxia é o mais provável, mas não sabemos se será da cintura pra baixo ou se será total.

Eu: Como assim total?

Rafa: Ela pode estar com uma tetraplegia temporária ou permanente.

Eu: Meu Deus.

Rafa: Natalie, nada é consistente agora. Ela foi bem na cirurgia, o quadro clinico dela é estável, é bom. Sabe quantas pessoas levam um tiro como ela levou e sobrevivem? A cada 100 pessoas, 5 sobrevivem. As 90 morrem na cirurgia e as outras 5 em 24 horas por estarem em estado gravíssimo. O prognóstico dela é bom apesar de tudo. Vai ser um processo longo de recuperação.

Eu: Se ela não ficar tetraplégica... O que pode ser?

Rafa: Ela vai precisar reaprender a falar, com sessões intensas de fono, com incentivo diário em casa, ela vai ter que aprender a comer sozinha, ela está com traqueostomia, ela vai ter que aprender a se equilibrar, a andar novamente, a segurar objetos.

Eu: A memória dela foi afetada?

Rafa: Provavelmente não. Ela pode ter um pouco de confusão mental no inicio, mas é normal.

Eu: Ela precisa sair dessa... – solucei – Ela precisa voltar pra mim – ela me abraçou.

Rafa:Vamos pensar positivo, vamos cuidar dela... – aquelas 72 horas foram uma verdadeira torturapra mim. Na internet, na TV, nos jornais só falavam do caso. A milionáriaPriscilla Pugliese sofreu uma tentativa de homicídio por seu ex marido abusivoo engenheiro Ian Tavares. Era só isso que falava. Eu falava com a tia delaCristina diariamente e íamos ao hospital duas vezes ao dia ter noticias dela.

NATIESE EM: O AMOR QUE LIBERTAOnde histórias criam vida. Descubra agora