Minha sobrinha. - G!P

Capítulo 37

Pov Sarah

No dia após o meu aniversário eu nunca conseguia fazer nada, nem mesmo trabalhar. Era o dia que a saudade do meu pai mais batia e eu permitia que ela tomasse conta de mim apenas nesse dia.

Sei que se hoje ele estivesse entre nós ele seria um grande homem e teria orgulho por ver o rumo que tanto eu quanto minhas irmãs tomamos na vida. O sonho dele e da minha mãe sempre foi de ter menino, porém eles desistiram quando eu nasci. Pois por mais que eu não seja um menino e meu órgão reprodutor seja de um menino, eu sempre fui a mais próxima do meu pai como ele queria que minhas irmãs fossem.

Então sempre que ele precisava eu estava com ele o ajudando, tinha interresse em seu trabalho como chefe de cozinha, amava ajudá-lo a concertar o carro antigo que ele tinha, amava tudo que ele fazia, ele era o meu verdadeiro herói e inspiração, na verdade ainda continua sendo.

Então todo amor e carinho que ele dedicou a mim eu dediquei a ele também. Odeio a forma como ele se foi tão jovem. Na época eu estava com apenas nove anos, porém nós dois já havíamos feito tantas memórias boas juntos que até hoje me lembro de tudo com bastante clareza.

Bom, como meu costume de todo 23 de junho eu ia ao cemitério visitar seu túmulo pela noite, sim, eu sempre ia a noite pois eu sabia que minha família ia mais cedo, porém eu sou do tipo que prefiro ficar com ele sozinha como fazíamos enquanto ele estava vivo.

Mais cedo recebi algumas chamadas da minha mãe e outras de Ker, porém não atendi nenhuma das duas, odiava ter contato com as pessoas nesse dia pois sempre era o dia que eu mais estava frágil para tudo.

Quando o céu começou a escurecer me arrumei e passei em uma floricultura comprando ali alguns lírios brancos. Logo estava no cemitério indo em direção ao túmulo dele, ao me aproximar eu já podia ver mais dois buquês de lírios, meu pai amava lírios.

Suspirando deixei o lírio em sua lápide, após me ajoelhei proxima da lápide e fiquei ali pensando um pouco em tudo e nada ao mesmo tempo, no que dizer ao certo.

- Dezessete anos sem meu herói. - é a única coisa que consigo dizer com minha voz ainda firme. - Sei que você estaria orgulhoso por tudo que vesse se estivesse ainda entre nós, como anda minha vida, a vida de Roberta, de Ker e principalmente da mamãe. Não sei se estarei tão orgulhoso assim de mim pois venho fazendo algumas coisas que não são supostamente tão certas. - digo e suspiro fundo passando as mãos em meu rosto tentando cessar o choro.

- Eu sinto tanto a sua falta, as vezes acho que se você ainda estivesse aqui minha vida poderia ter tomado um rumo melhor, ou eu poderia ter feito escolhas que tivessem um caminho menos doloroso. - digo as palavras com dificuldade pois a cada segundo minha garganta parecia se fechar mais. - É tanta pressão ao mesmo tempo. Perdi a Roberta, perdi meu amigo, mamãe está meio brava comigo e bom, perdi a pessoa que eu amo pois não quero machuca-la, está sendo tudo tão doloroso. - digo sinceramente e por uns minutos apenas fico chorando pois é a única coisa que eu conseguia fazer.

- Nunca te esquecerei pai, nunca. - digo passando meus dedos de leve em seu nome escrito em letras douradas na lapide. - Obrigada por ter sido esse homem incrível, espero um dia poder ser alguém tão boa quanto o você já foi. 

E assim me levantei dali limpando minhas lágrimas. Segui em passos lentos em direção ao estacionamento enquanto sentia o vento forte das árvores baterem contra o meu corpo. Meu peito estava cada vez se apertando mais, a saudade havia difinitivamente de vez me tomado e eu não queria lidar com nada agora que não fosse a calmaria, mas isso se tornou impossível ultimamente pois minha mente não consegue parar um segundo se quer.

Após entrar no meu carro fechei meu olhos apenas tentando parar todos os pensamentos ruins que rodavam em minha cabeça. Por mais que ultimamente "isso" me parecesse uma opção, não vou dirigir assim, então enquanto meus pensamentos não se acalmarem eu não irei sair daqui, a menos que eu queria morrer logicamente.