Capítulo 04

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O dia da votação finalmente chegou, o temido e esperado dois de outubro. Simone e Soraya mal conseguiram falar ou se ver durante aquele pequeno espaço de tempo. A correria se intensificou muito, ocupando todo o tempo que elas tinham. A assessoria sempre cobrando as agendas que ambas tinham que cumprir à risca.

Naquele dia, por volta das seis horas da tarde, a votação já havia sido encerrada. Começava agora a contagem dos votos por porcentagem. A CNN Brasil transmitia com debates inteligentes entre os repórteres que apresentavam. Avaliavam cada estado e município, recebendo em primeira mão, atualizações de todo território brasileiro. Os candidatos à Presidência eram o assunto principal, tratado como a pauta mais importante. No ranking: Bolsonaro, Lula e Simone, que ultrapassou Ciro Gomes com facilidade.

A senadora pelo partido ( MDB ) acompanhava a apuração em casa, junto de sua família, que estava em peso com ela. 

— Mãe, você acha que passa para o segundo turno, se tiver? — Maria Fernanda se sentou ao lado de Simone.

— Eu não sei, filha. Meu nervosismo não me deixa raciocinar direito — riu em nervoso.

— Calma, eu acho que você ganha.

— Vamos ver. Eu acho que não chego a tanto.

— Confia, mamys — Maria Eduarda também surgiu, dando um beijo nos cabelos da mãe.

À medida que as horas iam passando, as porcentagens também só aumentavam, começando a surpreender a todos da parte de Simone, inclusive a mesma.

— Meu Deus, mãe. Falta pouco para você ultrapassar o Bolsonaro — Maria Fernanda expressou, chocada.

A menina que estava ao lado da mãe no sofá, sentiu o celular da mesma vibrar e olhou rapidamente. A mensagem inicial dizia:

Soraya Thronicke

"Oi meu bem, estou aqui acompanhando a votação. Já sou carta fora do baralho, mas você eu tenho certeza que vai ganhar. O único erro disso tudo é que não serei sua primeira dama..."

A mensagem foi cortada pelo limite da tela de bloqueio. Mas foi suficiente para Fernanda olhar diferente para a mãe que nem sequer notou nada, por estar nervosa e entretida.

— Mãe, me empresta seu celular?

— Claro, claro. Pega.

— A senha...seu dedo — Simone colocou a digital e a tela abriu.

— Já devolvo, só um instantinho.

Simone não percebeu a real intenção da filha. A mulher levantou e foi para o extenso corredor que dava para a cozinha.

Soraya Thronicke

"Oi meu bem, estou aqui acompanhando a votação. Já sou carta fora do baralho, mas você eu tenho certeza que vai ganhar. O único erro disso tudo é que não serei sua primeira dama. Adoraria estar ao seu lado no dia da posse, poder segurar sua mão e dizer que vou estar com você até o fim .... Queria ter dito isso a anos atrás, queria ter dito no senado, e ontem, mas não consegui, então lá vai...Eu amo você! Eu sei, soou besta, mas é oque eu sinto. A vontade que eu tenho de te amar de novo como ontem é grande...enfim. Te desejo boa sorte, bjs".

No final da leitura, Maria Fernanda levou uma mão à boca em completo estado de espanto e choque. Sua mãe, casada, havia se envolvido com uma mulher às escondidas? Ela mal podia imaginar, tentava se convencer internamente de que aquilo só poderia passar de uma brincadeira de péssimo gosto, vindo da adversária de sua mãe.

SPARKS I - Simone e Soraya [ EM CORREÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora