Capítulo 39

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— Meu Deus, eu não posso tá grávida. Você tem noção que a minha mãe vai me matar? E sem contar a faculdade. Eu só tenho vinte e três anos — Fernanda falava gesticulando de um lado para o outro.

— Calma! Primeiro, porque minha mãe te mataria? Até parece que ela é assim. E outra, a faculdade não vai sair do lugar, você tem amigos no campus todo, pode muito bem pegar as matérias, conversar com os professores etc…fica calma, ficar nervosa não faz bem pro meu sobrinho ou sobrinha — Eduarda alisou a barriga ainda lisa da irmã.

Fernanda se pegou pensando por alguns segundos, talvez buscando absorver com calma tanta informação ao mesmo tempo.

— Eu não sei se é o momento certo para ser mãe, eu…— ela pausou — não sei se tenho capacidade para ser uma boa mãe como a nossa foi para a gente, sabe? — ela se perguntou, sentando na cama.

— Cada um é cada um, Fernanda. Não se compare a minha mãe ou a nenhuma outra pessoa. Você acha que ela não teve medo ou suas preocupações e dúvidas em relação à maternidade? Óbvio que teve, é normal. Faz parte da vida. Por exemplo, se você nunca andou de bicicleta, se pegar uma para andar, logicamente você terá suas quedas, as falhas, mais nada que a prática não resolva. Ser mãe é um milagre da vida, aprendi isso ouvindo nossa mãe repetir a mesma coisa sempre para a gente. E você não tá sozinha, tem a mim, o Alexei que é louco por você, duas mães, nosso pai…um monte de gente para te ajudar.

Elas se olharam e sorriram, como faziam quando eram crianças, buscando abrigo uma na outra.

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[ Simone ]

Minha mãe dizia que a felicidade bate à nossa porta quando menos esperamos. Toda vez que ela dizia isso, eu não acreditava muito, mas no dia em que uma aluna minha bateu na porta da sala, atrasada, perguntando se ainda dava tempo de participar da minha aula, foi naquele instante que literalmente a minha particular entrou na minha vida.

Enquanto viajava no universo das minhas lembranças, escutei o chuveiro ser desligado, anúncio de que Soraya havia finalmente acabado com a água do mundo num banho tão demorado. Eu já estava deitada, preparada para dormir, enquanto esperava o calor do corpo dela junto ao meu, de óculos eu lia um livro que trouxe comigo.

De cabelos soltos, pés descalços e pijama simples de seda preta, ela cruzou o quarto, foi até a pequena mala onde continham seus inúmeros itens de higiene pessoal, como um dos hidratantes corporais mais caros que já vi. Apoiando o pé numa cadeira, ela passou uma mão generosa nas duas pernas, alternando entre elas. Oque restou foi para os braços. Pegando outro potinho, ela se virou para o espelho e passou um gotinha em pontos estratégicos do rosto e terminou espalhando.

Soraya quase nunca notava que eu a admirava quase todo tempo. Ela havia se tornado para mim um pouco intocável, uma necessidade. Era extraordinário saber que encontrei alguém com quem posso dividir a minha alma, planejar as coisas, sorrir num fim de tarde. Ela simplesmente me aceita como sou e me ajuda na minha construção de mim mesma. Tenho tentado, pelo oque parece um tempo muito longo, superar quem eu sou, e com ela eu sinto que posso recomeçar e construir as mais belas lembranças. Um genuíno saudável amor. A mulher com quem casei era a mais bela que meus olhos já viram.

Por fim, guardou as coisas e veio até a cama, apagando o abajur que ficava ao seu lado da cama e buscou meu corpo como um aconchego. Marquei a página na qual parei, colocando o livro no criado mudo ao lado, junto dos óculos, apaguei o abajur e ficamos apenas com o brilho reluzente da lua invadindo o nosso quarto pela janela de madeiras brancas e vidro. Não dando tanto tempo assim, dormimos.

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[ Alguns dias depois…]

— Surpresa!!!!

SPARKS I - Simone e Soraya [ EM CORREÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora