Capítulo 13

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[ Capítulo 01 da maratona ]

{ Soraya }

Minha playlist tocava a música "This Masquerade - George Benson" oque me serviu apenas para continuar trazendo Simone a minha mente. Não se passava um segundo do meu dia que eu não me arrependesse de ter falado aquelas coisas para ela. Só queria poder vê-la, beijar e abraçar.  Poder deitar minha cabeça no colo dela e receber um carinho. Mas infelizmente não podia. Fui bastante rude, ela tem razão em estar magoada comigo. Só detesto vê-la tão fria e distante de mim.

Finalmente eu estava indo para casa, dei sorte de pegar a estrada sem engarrafamento algum, talvez fosse por conta do horário, uma da manhã já não tinha um fluxo tão alto. Peguei a ponte rio Niterói, ganhando uma paz indescritível com a janela aberta sentindo o vento fresco no rosto.

Meus pensamentos estavam tão longe que me peguei com um sorriso fraco ao lembrar do sorriso e da risada dela. Quando foi que ela se tornou tão importante a esse nível? Eu não conseguia mais imaginar meus dias sem a presença dela ali.

Sorte a minha ser convidada para ser vice, pois já no dia seguinte eu e ela vamos passar praticamente o dia todo juntas.

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Maria Fernanda acabava de sair de mais uma aula cansativa de direito administrativo, o dia estava apenas no início e ela já se sentia esgotada. Saindo da sala B14 ela quando foi abraçada por trás pelo por seu namorado.

— Que susto, Alexei — Ela levou uma mão ao peito.

O rapaz de cabelos pretos, alto e aparência sempre seria, não chegou na intenção de assustar, mas a pegou desprevenida. Seu casaco em gola alta, os cabelos num corte moderno e os óculos de armação redonda, lhe davam um ar de intelectualidade.

— Desculpe, não foi minha intenção. Acabou a aula agora?

— Sim! Estou indo estudar mais na biblioteca.

— Vou com você, precisamos conversar.

— Sobre?

— Na biblioteca é melhor. Vamos!

[...]

Se sentaram perto da janela que dava para ver toda a passagem dos carros sempre com pressa pelas ruas. Mafê colocou sua bolsa e seus livros sobre a mesa e o encarou.

— Você por acaso já pediu desculpas a sua mãe?

Mafê revirou os olhos e bufou.

— Ah, não começa, Alexei.

— Maria Fernanda,  você está a semanas sem falar com ela.

— E daí?

— Daí que você está sendo uma ingrata, concorda? — suas palavras eram sempre diretas, nunca passavam por meio termo. Sua postura ereta e as mãos cruzadas, sempre prendiam a atenção do receptor.

— Ingrata? Ficou doido? Eu não fiz nada contra ela?

— Claro que fez, você foi extremamente infantil, hipócrita, mimada e imatura diante da situação dela. Inverte a situação, imagina sendo você no lugar dela…

Ela riu em sarcasmo.

— Nunca nessa vida, meu bem!

— Continuando, imagina você no lugar dela, precisando de um apoio, compreensão e ela falando para você exatamente oque você disse a ela. Você iria gostar? Como se sentiria? Acho que nada bem, concorda?

— Não misture as estações, Alexei. Minha mãe é casada, figura pública, se envolvendo com uma mulher…

— E oque tem isso? E daí se é mulher? Se é branca, preta, azul? A escolha é dela, se você não aceita, ok. Não existe ninguém aqui te colocando uma arma na cabeça te ameaçando a morrer de amores por ninguém, mas há uma coisa que precisa e deve prevalecer, respeito! Você por acaso tem ideia de que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT no mundo? É claro que não sabe! Isso é muito grave, Maria Fernanda,  essas pessoas lutam pelo direito de ir e vir sem incômodos, preconceitos ou rótulos.  Lutas simplesmente pelo direito de serem felizes com quem quiser, isso é o básico, não tem ninguém pedindo o impossível.

SPARKS I - Simone e Soraya [ EM CORREÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora