Capítulo 38

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{ Soraya }

Já era noite e tínhamos acabado de chegar do nosso passeio de lancha. Eu posso dizer que foi maravilhoso estar com ela em alto mar, bebendo champagne e degustando de sua companhia. Já tinha tomado banho, e agora estava sentada na área externa com piscina do nosso quarto.

Fechei os olhos para aproveitar melhor o vento fresco que batia no meu rosto. Deitei a cabeça de lado, fazendo uma auto massagem na altura da nuca, depois tomando mais um gole daquele vinho tinto. Balancei meus pés que estavam dentro da água da piscina e relaxei.

Até que senti a presença de Simone se aproximar e sentar ao meu lado, tocando minha mão com carinho. Abri meus olhos, trazendo um sorriso fraco ao olhar para ela.

— Estava aqui lembrando da gente…— iniciei, expondo minhas memórias engavetadas.

— Em qual parte de nossas vidas?

— No início, quando começamos a trilhar nosso caminho extenso até aqui. Você presidente da república e eu vice — Encarei o mar à minha frente — Éramos amigas e agora estamos casadas. Nossas vidas deram um salto. Viraram do avesso para ser mais exata.

— É verdade! Mas sempre juntas.

— É, sempre juntas. As estações mudaram e você sempre ao meu lado — não consegui segurar minha emoção.

— Minha amiga de anos e agora o meu amor! — ela se aproximou bem de mim, dobrando a perna para ficarmos de frente — eu faria de tudo nessa vida por você, Soraya. Jamais largaria, duvidaria ou deixaria você. Oque sinto por você já não cabe mais dentro de mim porque se tornou maior que eu. Eu adoro a sensação de receber você nos meus braços, podendo te proteger de alguma forma. É…não tem palavras para dizer como é, eu apenas sinto e…é maravilhoso.

Peguei sua mão e beijei carinhosamente.

— Amo você. Obrigada por cada segundinho que fez parte da minha vida. Eu guardo cada momento picante, os mais carinhosos, as brigas e todas as nossas reconciliações. Tudo faz parte da nossa história, da nossa construção. É daqui para o restante de nossas vidas, meu amor.

Nos olhamos profundamente e nos abraçamos.

— Agora me leva de volta para cama — sugeriu vendo os olhos dela brilharem.

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[ Luiza ]

Benjamin ainda dormia tranquilamente em meus braços, quando depois de dois anos e meio, eu pisava em solo brasileiro. Passado o portão de desembarque, com a companhia incômoda dos dois homens que me acompanharam a viagem toda, fui levada por eles até um restaurante que ficava dentro do aeroporto. Eu estava com muito medo e assustada, oque eu estava fazendo ali? Porque? Oque iria acontecer a mim e ao meu filho?

Fiquei enclausurada por anos sem ver nada além dos muros naquele sanatório. Nada além das enfermeiras e as paredes brancas. Desde que fui internada contra a minha vontade por aquela maldita da Vera que acabou com a minha vida. Perdi total contato com o Gael, meu casamento, minha casa…perdi tudo do dia para a noite por causa de um plano diabólico da mente doentia e fética da Vera. Não teve um só dia que eu não tenha pensado no Gael, chorado de saudades, desejando que ele conhecesse o filho que nem deu tempo de saber sobre sua existência. Será que ele conheceu outra pessoa? Será que casou e teve outros filhos? Com essas repetidas perguntas internas, meu coração se entristeceu. Oque eu não daria para vê-lo de novo, ter talvez uma chance de me explicar.

— Oque estou fazendo aqui? — perguntei já inquieta com aquele suspense sobre a certeza de que algo certamente aconteceria.

Não fui respondida, eles apenas continuaram em silêncio.

SPARKS I - Simone e Soraya [ EM CORREÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora