Capítulo 15

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[ Capítulo 03 da maratona ]

Soraya veio correndo na direção de Simone, mas Jeiza a segurou para não deixar que chegasse perto ou tocasse nela antes da ambulância. A major, em seus anos de experiência,  já havia vivenciado aquele tipo de cena muitas vezes, por isso sabia exatamente que não podia deixar ninguém tocar na vítima.

— Simone…

— Soraya, calma…calma por favor, para…— Jeiza tentava segurar a relutância dela.

— Aqueles vagabundos, Jeiza…eles atiraram nela sem motivos, eu vi…me larga, por favor — ela falava e chorava enquanto ainda lutava para se soltar dos braços de Jeiza.

— Não posso, você não pode mexer nela…se acalma por favor, Soraya…calma

— Não…me larga, me larga…

— Soraya, não…não você pode piorar o estado dela, não sabemos onde ela foi atingida.

— Nas costas, eu vi ele atirar…me larga, Jeiza — enfim ela conseguiu se soltar.

Outro policial ia segurá-la, mas Jeiza pediu para deixar.

O corpo de Simone estava inerte no chão, Soraya ajoelhou perto dela completamente desesperada ao vê-la daquele jeito.

— Não, não, Simone…meu amor, por favor…ei…ei, não faz isso comigo Simone — ela segurou o corpo dela nos braços e checou seu pulso.

{ Soraya }

Eu podia sentir o sangue dela escorrer pelas minhas mãos, Simone havia aparentemente levado um tiro nas costas, em que ponto eu não fazia ideia, só sabia porque conforme ela estava em meus braços, a temperatura do sangue denunciou de onde vinha. Vi que ela estava acordada, só não tinha condições de me responder. Aquele olhar começando a perder a vida só me deixava ainda mais aflita e morta de medo de perdê-la.

— Vida…— virei o rosto dela para mim com cuidado —...você não pode fazer isso comigo, Simone, por favor. Vida, por favor. Fica acordada, tá bem? A ambulância já vai chegar.

Aqueles olhos quase fechando ainda me olhavam como se quisessem me dizer o quanto a dor física estava insuportável. Suas pálpebras pesando, quase se fecharam.

— Não…não, você não pode dormir. Olha para mim — dei um beijo suave nos lábios dela e acolhi ainda mais seu corpo com cuidado junto ao meu.

— Soraya, a ambulância já está a caminho, tá bem?

— Ouviu, vida? Vai ficar tudo bem, tá? — minhas lágrimas pingavam do rosto e um nó imenso na minha garganta mal me deixava falar — eu tô aqui, tá bom?

— Sua amiga vai ficar bem, Soraya. Calma.

— Ela não é minha amiga, Jeiza…Simone não é minha amiga, é minha mulher, ou você nunca percebeu nada? — Acho até que fui rude demais, mas quem liga? Eu estava aflita.

O choque estampado na cara dela foi de quem caiu a ficha. Foi como se pontos fossem ligados em sua mente, como se coisas passassem a fazer sentido.

Mas eu não dei importância, não era o momento de explicar nada, se aquela ambulância não chegasse logo eu iria perder a mulher da minha vida, ela ia morrer nos meus braços. À medida que tanto sangue escorria, meu coração disparava ainda mais. Encostei minha testa na dela, passando a mão ainda suja de sangue sobre seus cabelos.

— Sei que você consegue me ouvir, vida — fechei os olhos, encostei minha testa na dela e comecei a conversar com ela para mantê-la acordada — eu te amo tanto, Simone. Preciso de você aqui comigo, ainda temos tantas coisas para viver juntas, não posso ficar sem você.

SPARKS I - Simone e Soraya [ EM CORREÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora