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_ Chegamos no endereço. - O motorista me fala e eu agradeço e saio do carro. O lugar parece ser bem arrumado e tem duas pessoas bem estilosas entrando pela grande porta. Esse pub está mais para um bar de luxo e ainda bem que eu vim bem arrumada, seria péssimo vir com uma roupa casual enquanto todos estão com suas melhores roupas.
Falo meu nome para o segurança e ele analisa a lista de convidados. Um frio na espinha de estar no local errado. Logo pego a mensagem que Fabien me passou e bom, é o endereço certo, o lugar que ele me falou. Uma fila vai se formando atrás de mim e estou com vontade de sair correndo, fugir. Eu não quero atrapalhar as pessoas. O segurança começa a falar com outras pessoas através do seu fone no ouvido. Será que Fabien realmente falou que me convidou ou foi um convite por educação, sem pretensão que eu aceitasse?
_ Anna! - A voz de Fabien surge atrás de mim. Ele está acompanhado mas não por uma mulher e sim por um homem alto, bonito, que eu pareço conhecer de algum lugar. Não é alguém desconhecido, com certeza.
_ Oi! - Falo. - Acho que estou com problemas para entrar. - Dou um sorriso sem graça, olhando para o segurança.
_ Fabien, você esqueceu de botar o nome dela na lista? - A voz do seu amigo toma conta do espaço e soa como uma música para meus ouvidos. Ele me encara e dá um sorriso de lado. - Matt. - Estica a sua mão e me cumprimenta.
Seu toque me fez engolir seco. Tempos que eu não sentia certas borboletas no estômago. Ele parece sério mas ao mesmo tempo não é. Tem um charme, uma voz, sua roupa é toda bem desenhada como se fosse perfeita para seu corpo. O jeito que ele passa a mão em seus cabelos... Espera, Nada disso, Anna.
Não pense em homens, eles parecem legais mas eles vão te ferrar no final. Não acredite que eles valem a pena. Eles não valem a pena. Eles são péssimos.
Fabien falou com o segurança que eu estava com ele e confirmou que meu nome realmente estava na lista. Entramos nós 3 pela grande porta e, para uma comemoração pequena está parecendo um after de uma grande premiação.
Passo o olho pelo local e quando vejo estou sozinha. Fabien foi puxado por alguém e Matt também. Estou sozinha num evento que eu mal conheço 2 pessoas. Ótimo.
Vou até o bar e peço um copo de whisky com algumas pedras de gelo. Vou para um local aberto que está vazio e acendo meu cigarro. Paz.
Entre uma tragada e outra, observo as pessoas de longe e fico me perguntando como vim parar nesse mundo. Sempre quis ser atriz, mas não imaginava que tudo seria tão complicado. Me vem a imagem de Brian na cabeça. Nós éramos felizes, de verdade. Aparentemente Hollywood fez com que ele mudasse. Ou tirou dele o seu pior lado que estava escondido todo esse tempo.
Meu cigarro acaba junto com meu whisky. Vou até o bar e peço um outro copo. Avisto uma mesa longe, vazia. Vou em direção à ela e me sento no sofá. Quase todas as mesas estão vazias, as pessoas estão em pé e parecem animadas. Queria sentir essa animação toda, mas infelizmente vim para beber e tentar criar alguma conexão com Fabien, que não deu muito certo até agora.
_ Tem alguém sentado aqui? - A voz grossa e familiar de Matt surge e me faz parar com meus pensamentos.
_ Não, pode sentar. - Tento parecer uma companhia agradável mas sei que no momento não sou. Dou um gole no meu whisky e percebo que ele está me encarando.
_ Passando por um momento difícil, não é? - Ele fala, dando um gole em sua bebida que não consigo identificar o que seja.
_ Resumidamente, sim. - Falo e abaixo a cabeça tentando esconder meu rosto coberto de vergonha. Eu sabia que todos iam saber.
_ Eu sempre achei que pessoas com o nome Brian fosse babacas. - Ele fala e sorri. Eu sorrio de volta e dou um suspiro. Eu nunca pensei que Brian poderia ser um babaca.
_ Aparentemente todos estão sabendo sobre minha vida íntima, então. - Falo.
_ Eu não fiz questão de ver, mas Fabien me contou. - Ele fala, mais sério. - Sinto muito. Nenhuma pessoa deveria agir dessa forma com um ex.
_ Bom... Brian achou que deveria agir assim comigo. - Estou encarando meu copo vazio sentindo um aperto forte no peito. O que eu mais temia aconteceu. Minha vida exposta e sendo comentada por todos. Até por colegas de trabalho.
_ Ele não presta. - Matt fala, levantando da cadeira e pegando meu copo. - Vamos pegar outras bebidas.
Acompanho Matt até o bar e todo o lugar parece 3 vezes mais cheio do que estava antes. Vozes ecoam por todo o lugar e sinto que aonde eu passo, olhos se voltam para mim.
_ O que você está bebendo? - Ele pergunta apoiado no balcão do bar.
_ Whisky com gelo. - Falo.
_ 2 Whiskys com gelo. - Ele fala para o barman.
Ele pega as bebidas e segue para o lugar aberto que está completamente vazio. Acompanho ele e nos sentamos nas poltronas do lugar. Ele me entrega meu copo. Era um lugar mais afastado de toda a multidão que lotava o pub. Matt pega em seu bolso um maço de cigarro e acende. Eu faço o mesmo.
_ Não sabia que bolsas de grife serviam para guardar cigarros. - Ele aponta para a minha pequena bolsa da Chanel. Era uma bolsa especial que ganhei depois de um ensaio fotográfico.
_ No momento, ela carrega apenas meu celular e um maço de cigarro. - Falo, soltando um trago lentamente. - E as vezes uma garrafinha de vodca para momentos difíceis.
_ Uma garrafinha de vodca. - Ele repete, me encarando. - Confesso que quando te vi pela tela do cinema não imaginava que era assim.
_ Assim como? - Senti uma pequena alfinetada. Será que eu sou uma pessoa ruim?
_ Real. - Ele continua me encarando, apagando seu cigarro e jogando fora.
_ Mas eu sou real. - Falo um pouco indignada e um pouco alta demais por causa dos dois copos de bebida.
_ Não, nas entrevistas, nos filmes e até nas fotos, você não parece ser real. - Ele fala, inclinando seu corpo para trás, com o olhar semicerrado e um pequeno sorriso no rosto. Tem alguma coisa nele que me faz sentir como se o Brian nem existisse, e nem fosse homem o suficiente. Engulo seco e desvio o olhar.
_ Se eu não sou real, então eu sou um fruto da imaginação de todos? - Falo, tentando quebrar o clima tenso.
_ Você parece se forçar pra ser perfeita. - Ele fala com toda a honestidade do mundo. - Mas nem sempre a perfeição é não ter erros e seguir as regras. - Ele fala tomando o último gole de whisky de seu copo.
Fico encarando meu copo. Talvez ele tenha razão. Toda a minha vida artística eu tentei agradar todos, seguir ordens, ser certinha. Eu cansei de ser o exemplo de pessoa. Eu não preciso aturar todos me massacrando e ser fina e gentil. Foda-se.
_ Sabe de uma coisa? - Levanto a cabeça e fico encarando ele. - Eu nunca fui num bar que eu sempre quis ir. Nunca deixaram eu pisar em qualquer lugar para não "manchar minha imagem".
_ É aqui perto? - Ele pergunta.
Quando percebo estamos os dois, caminhando alguns quarteirões até o bar que eu sempre quis ir. Chega de ser a Anna boazinha.
