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Passo pelo segurança e está um pouco cheio. O bom é que ninguém consegue me ver direito, vantagens de ser uma mulher de estatura baixa em meio de pessoas mais altas. Vou andando e procurando Fabien, mas algo me diz para não fazer isso. Decidi dar meia volta e ficar num canto. O garçom passa com taças de vinho e pego uma. Não devia, mas peguei.
Fico num canto e observo a festa. Pego um cigarro em minha bolsa e... Cadê o meu isqueiro? Merda! Eu não acredito que esqueci em casa. Ou na minha outra bolsa?
_ Precisando acender seu cigarro? - A voz de Fabien surge atrás de mim. Me viro e por sorte, ele está sozinho.
_ Sim! - Falo com o cigarro na boca. Ele estende a mão com o isqueiro aceso e acende meu cigarro em minha boca.
_ Obrigada. - Falo depois de dar uma longa tragada.
_ Você demorou. - Ele fala. - Pensei que não viria mais.
_ Eu... Estava no bar lá embaixo. - Falo.
_ Mas aqui tinha bebidas. - Ele fala rindo.
_ Eu... - Como posso falar sem parecer uma maluca? - Eu estava acompanhada.
Fabien parece sem entender.
_ É... Um amigo. - Falo, desviando o olhar dele.
_ Ok... - Ele ainda parece confuso - O pessoal do filme teve que ir embora. Mas prometi que nossas fotos estariam nas redes sociais.
_ Cadê o seu celular? - Pergunto.
Ele pega o celular e abre a câmera. Aponta pra mim com minha taça de vinho e fala para eu fazer uma pose. Finjo que estou bebendo meu vinho e ele tira a foto. Depois tiramos uma juntos, eu dando um beijo em sua bochecha e por último uma comigo dando vinho da minha taça na boca dele.
Não sei se é porque estamos um pouco bêbados, mas rimos muito e ele fala que sou uma pessoa muito divertida e alegro ele. Ele me conta que o breve romance dele não deu certo e eles resolveram seguir como amigos. Entendo ele. Eu REALMENTE entendo ele. Um grupo de pessoas passa e ele fala que precisa ver quem são.
Volto a ficar sozinha e percebo que meu cigarro ficou esquecido no canto da mureta do terraço. Pego outro, acendo com o que está quase acabando e volto a fumar. Acender um cigarro no outro é algo que faço desde jovem em festas quando esqueço meu isqueiro. Sim, fumo desde jovem. Não me julguem.
Dou uma conferida na festa e nada de reconhecer alguém. Agora não avisto nem Fabien e parece que estou cercada de estranhos. O que realmente estou. Nenhum conhecido a vista.
O garçom passa novamente, e pergunta se quero mais vinho. Aceito e ele me entrega uma taça cheia, recolhe a minha vazia e pergunta se quero algo para comer. Falo que aceito e ele chama um outro garçom que está passando com alguma coisa para comer.
Pego alguns e deixo no guardanapo, apoiado na mureta. Continuo com meu cigarro, meu vinho e agora, admirando a vista da cidade. Daqui eu consigo avistar de longe o meu prédio. Queria estar em meu apartamento, de pijama e longe de todos esses desconhecidos. Meu cigarro acaba e fico comendo algumas coisinhas que peguei com o garçom. Sinto que estou ficando tonta. Mas tudo bem. Tudo sob controle. Estou comendo. Nada de ruim pode acontecer. Continuo encarando a vista da cidade. Termino de comer e beber a minha segunda taça de vinho. Será que devo pegar a terceira taça? Ou será que espero a minha tonteira passar?
_ Está se escondendo? - A voz que eu mais temia escutar surge atrás de mim. Viro lentamente. Não para causar algum impacto, mas para não afetar mais ainda a minha tontura.
_ Eu queria ficar sozinha, em um canto.
_ Aconteceu alguma coisa? - Matt pergunta e se aproxima. Eu dou um passo para o lado e me afasto.
_ Eu escutei. - Falo.
_ Escutou o que? - Ele pergunta, apoiando seu corpo na mureta.
_ Eu escutei o que você falou ontem. - Falo, com a voz um pouco embolada. - Eu escutei que você está sozinho. E também escutei sua ex lá embaixo.
_ O que você... - Ele parece confuso. - Eu sei, eu falei que estava sozinho por orientação da minha assessoria, mas não que eu queira ficar longe de você. - Ele fala. - Minha ex?
_ Ela estava lá embaixo. - Falo, tentando caminhar para longe, mas não consigo muito. Parece que o efeito do álcool veio todo de uma vez. Matt vem andando e me acompanhando, como se estivesse fazendo uma escolta para eu não cair. - Ela falou que vocês podem voltar. Eu não quero atrapalhar ninguém, eu prefiro ficar longe.
_ Anna...
_ Eu preciso ir. - Falo, indo em direção ao elevador. - Avisa para Fabien que eu adorei estar com ele.
_ Você não pode sair desse jeito. - Ele me segura pelo braço antes que pudesse tropeçar.
Matt me leva para o bar do hotel e pede uma água para mim. Estamos sentados na mesma mesa que eu estava antes. Ele está me encarando e eu desviando o olhar dele.
_ Olha, eu não sei aonde você escutou que eu vou voltar com a minha ex...
_ Ela falou ali. - Aponto para o banheiro.
_ Você precisa me escutar. - Ele fala e pega em uma das minhas mãos. - Eu estou pouco me fodendo para o que ela acha, eu não quero estar com ela mais.
_ Eu acho melhor nos afastarmos. - Falo. - E eu acho melhor eu ir para casa.
_ Eu deixo você lá. - Ele fala, se levantando junto comigo.
_ Ok. - Falo.
Ele vai me acompanhando pelo hotel até chegarmos na porta e entrar em um táxi. Ele fala o endereço e fico encarando a janela o caminho todo. Estamos um em cada lado banco de trás. Sem conversar e sem trocar olhares. Logo o táxi chega na porta do meu prédio e Matt pede para o taxista esperar porque ele vai voltar para o hotel. Ele me leva até a porta do meu prédio.
_ Você vai ficar bem? - Ele pergunta.
_ Vou. - Falo e dou as costas para ele. Entro no prédio e vou confiante até o elevador. Posso estar um pouco mal por dentro mas estou exalando confiança por fora.
Subo para meu apartamento e corro até o banheiro. Boto todas as bebidas pra fora. Fico sentada no chão pensando em como vim parar aqui. No chão. Sem ninguém. Completamente sozinha.
