𝒰𝓂 𝒩𝑜𝓋𝑜 𝒜𝓂𝑜𝓇 𝒫𝒶𝓇𝒶 𝒜𝓃𝓃𝒶 - 𝒞𝒶𝓅í𝓉𝓊𝓁𝑜 49

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Eu e Matt passamos o resto do dia no quarto

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Eu e Matt passamos o resto do dia no quarto. Alternamos em cochilos e conversas jogadas pelo ar. Por mais que não tivesse nenhuma conotação sexual naquele momento, foi íntimo e conseguimos nos conectar mais do que qualquer momento que tivemos antes.

Por mais que eu estivesse completamente vestida, ele me viu sem nenhuma "armadura", sem nenhum pudor na fala, sem medo de ser quem eu realmente sou.

Da mesma forma que eu me abri por completo durante o dia e a noite, Matt fez o mesmo. Falou sobre suas angústias, sobre seus medos, sobre tudo que ele não conversava normalmente com sua família e amigos.

Decidimos levantar da cama quando acabou de amanhecer e resolvi fazer nosso café da manhã. Matt ficou sentado no balcão me observando.

_ Por que está me encarando? – Pergunto, mesmo estando de costas, terminando de fritar os bacons.

_ Como você... – Matt começa a responder e eu o corto.

Me viro, segurando a frigideira cheia de fatias de bacon fritas.

_ Eu consegui sentir seu olhar em mim. – Falo, abrindo um sorriso. E foi a primeira vez desde um bom tempo que realmente dei um sorriso sincero.

Ele retribui o sorriso.

Sirvo os ovos com bacon e suco de laranja que tinha na geladeira e comemos em silêncio.

Fico presa em meus próprios pensamentos e como vou ter que criar forças para voltar a minha rotina. Pensar em como Laura está, em como Phil está e em como todos vão me receber. Sinto que, no fundo, eu não gosto de que sintam pena de mim. Nunca gostei. Quando Minha vó faleceu e me vi sozinha no mundo, odiava quando me viam como uma coitada. Fui acolhida pela Lia e a família dela, mas nunca me trataram de forma como se eu fosse uma vítima.

_ Qual o planejamento para o dia de hoje? – Matt quebra o silêncio entre nós.

_ Pensei em... Ficar em casa.

_ Ok então, ficaremos aqui. – Ele responde, dando um pequeno sorriso de lado.

Penso um pouco em silêncio.

Não precisamos ficar apenas trancados sem fazer nada de divertido.

O sol está brilhando do lado de fora, o dia está quente e tenho uma piscina enorme do lado de fora.

Acho que mereço um dia pegando sol e lendo algum livro na borda da piscina.

_ Você trouxe roupa de banho? – Pergunto para Matt.

_ Tenho uma bermuda na mala. – Ele fala. – Acho que pode servir.

_ Ótimo, vamos passar o dia na piscina.

-

Vejo os livros que tem disponíveis na casa e escolho "Razão e Sensibilidade". Já com meu maiô e minha toalha amarrada em minha cintura, vou até a borda da piscina, onde tem as cadeiras espreguiçadeiras e começo a reler pela "milésima" vez o livro.

Jane Austen é minha autora favorita e já li todas as duas obras. Confesso que a dualidade de Elinor e Marianne me cativa, além dos problemas que elas enfrentam ao longo do livro, como as perdas, as desilusões amorosas e até o conflito de ser mulheres naquela época.

_ Razão e Sensibilidade? – Matt surge atrás de mim, sem eu perceber, o que me dá um pequeno susto.

_ Sim, como sempre, o que eu sempre escolho para ler quando estou precisando me distrair.

Ele se senta na borda da piscina com as pernas dentro d'água.

_ Não consegue ler outro livro? – Ele pergunta.

Dou uma risada nasalada.

_ Sou previsível demais. – Respondo. – Eu sempre leio Razão e Sensibilidade. Eu confesso que queria ser um pouco mais sensata como Elinor e um pouco mais romântica como Marianne.

¬_ Você não se acha sensata e romântica? – Matt pergunta.

_Eu... – Fecho o livro e abaixo para encará-lo. – Eu já fui. – Olho para o horizonte. – Eu me tornei mais fria com o tempo. Desacreditei no amor por sofrer demais no passado. Deixei a sensatez de lado quando perdi pessoas que eu amava e faziam parte da minha base familiar ao longo dos anos. Eu me perdi ao longo dos anos, eu deixei de ser eu mesma. – Respiro fundo e volto a encarar Matt. – Mas todas as vezes que releio Razão e Sensibilidade, me sinto novamente como a adolescente de 14 anos que tinha um pouco de esperanças num futuro mais feliz.

Ficamos em silêncio e nos encarando.

Matt se levanta e vem até ao meu encontro, pegando o livro e deixando na mesinha ao lado da espreguiçadeira. Senta-se na espreguiçadeira do outro lado e pega em minha mão, não tirando o olhar dos meus.

_ Você é sensata, Anna. – Ele começa a falar. – Você ajudou sua irmã e seu padrasto sem nem ao menos ter uma grande convivência com eles, por saber que eles precisavam de suporte e apoio. Você sempre foi uma amiga leal, confiável, justa... Anna você é encantadora. – Ele aperta mais a minha mão como se quisesse mostrar a intensidade do que falava. – Você é romântica, sempre querendo agradar quem está com você, pensando em ter uma vida ao lado de uma pessoa que goste de você e te respeite. Eu sempre senti que você tinha um amor grande por todos, inclusive por mim, que por muitas vezes fui insuficiente com você. – Ele aproxima nossas cadeiras e estamos perto demais um do outro. – Anna, você é uma mulher muito especial, você é um ser humano incrível. Claro que tem seus defeitos. – Ele ri. – Mas não deixa de ser humana, sensata, romântica, linda, encantadora... A mulher que qualquer pessoa gostaria de ter ao lado.

Engulo seco.

Estamos sentados de lado na espreguiçadeira, de frente um para o outro. Ele ainda aperta minha mão, mas agora fazendo carinho com seu polegar na parte de cima dela. Com a outra mão ele toca meu rosto, acariciando.

Por mais que meu coração esteja de luto pela minha mãe, por mais que eu ainda esteja sofrendo pela perda dela, eu o sinto batendo mais forte depois que ele toca meu rosto.

Eu amo Matt.

Eu não posso negar isso.

Respiro fundo.

Aproximo meu rosto com calma. Ele sente que eu dei permissão, e aproxima também.

Sinto borboletas voarem fortemente em meu estômago.

Selamos nossos lábios e a mão dele continua em meu rosto, fazendo um leve carinho.

As borboletas continuam em meu estômago, mas... Não parecem mais apenas voando, parecem que estão em guerra. Me afasto bruscamente e Matt leva um susto.

Boto a mão na boca.

Parece que as borboletas que estavam no estômago querem sair dele.

E o mais rápido possível.

Vou correndo para dentro da casa, direto para o banheiro, me agarrando na privada e liberando todo o café da manhã.

𝕌𝕞 ℕ𝕠𝕧𝕠 𝔸𝕞𝕠𝕣 ℙ𝕒𝕣𝕒 𝔸𝕟𝕟𝕒 ✨||✨ 𝕄𝕒𝕥𝕥 𝕊𝕞𝕚𝕥𝕙Onde histórias criam vida. Descubra agora