Prólogo

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Dizem que a vida é como uma roda gigante, eu gosto de compará-la a uma montanha russa, ela começa devagar subindo aos poucos, engata e logo a adrenalina transborda, com as várias voltas, as vezes em cima outras embaixo, outras de cabeça para baixo e quando enfim chega ao percurso final você sente o baque, para logo começar tudo outra vez, mesmo sem fôlego, a vida não espera você se equilibrar, ela passa e muito rápido.
Para alguns não é sempre assim, mas acho que a maioria já sentiu isso.
Em uma hora você está feliz e sorrindo em outra tudo pode acontecer.

Dezembro de 2018

- Você não tinha esse direito. Caio grita ao passar pela porta do escritório de seu avô.
- Caio isso são modos de falar comigo?
Ele joga o envelope sobre a mesa e reconheço aquele email o mesmo que...
- Agustín já encheu sua cabeça com isso? Uma risada irônica escapa dos lábios de Caio.
- Você sabe muito bem que o Agus se mandou na primeira oportunidade que teve e agora eu sei bem o porquê. Bernardo retira os óculos e esfrega o rosto controlando todas as emoções.
- Caio você não sabe o que me levou a isso, eu...
- Nós tínhamos o direito de saber, caralho a vó tinha o direito e você tirou isso da gente.
- Vocês eram crianças.
- Mesmo assim, eu queria que tivesse desmentido, que não passou de um engano mas posso ver que fez isso.
- Caio eu...
- Não vô eu estou tão...
- Furioso eu sei. Bernardo responde com lágrimas nos olhos vendo como seu neto ficou devastado.
- Decepcionado, é como estou. Caio caminha até a porta abrindo.
- Caio por favor, sua irmã não sabe nem a sua avó. Ele se vira para o avô profundamente magoado e só acena saindo em seguida.
Bernardo se apoia na mesa para conter a dor em seu peito e sua mente viaja até aquele telefonema, onde ele precisou tomar uma decisão.
Decisão essa que pode destruir a sua família hoje.

Caio por outro lado, ao entrar no seu carro senti o celular vibrar no bolso da calça jeans, vendo o nome da sua irmã piscar na tela, ele não tem coragem para atender, só liga o carro e sai em disparada sem saber exatamente para onde estava indo.
As lágrimas inundando sua face as vistas embaçadas e a dor tão forte em seu peito como se fosse sufoca-lo.
Caio sabia que tinha que parar, o tempo havia mudado e ele desde pequeno sofria com as mudanças climáticas, por ter asma, a cada mudança de tempo tinha que começar os remédios para não ter crises, e ele não tinha crise a muito anos.
Mas especialmente aquele dia estava mais frio e ele amanheceu ruim.
Secou as lágrimas tentando se recompor e esticou uma mão para abrir o porta luvas a procura da sua bombinha, mas não encontrou.
O telefone começou a tocar novamente e o nome da sua irmã gêmea apareceu.
Ele sabia que se atendesse ela iria ficar preocupada, então rejeitou a ligação e abriu o aplicativo alternando seus olhos entre a estrada e o telefone.
- Chiquita. Era como ele a chamava.
- Estou dirigindo nos vemos em casa, eu também amo você. Mesmo com a respiração fraca ele conseguiu pronunciar.
Caio precisa parar em uma farmácia ou chegar o mais rápido possível em casa.
Pisou no acelerador no momento em que o sinal abriu, atravessou a avenida e a falta de ar ficou mais forte ele precisava apoiar os cotovelos no joelho para aliviar a pressão o desespero tomando conta, no momento que decidiu estacionar não percebeu que logo a sua frente havia uma faixa de pedestres e uma senhora atravessava a pista naquele momento.
Ele não conseguiu frear a tempo, e mesmo girando o volante não foi o suficiente pegou a mulher em cheio, que teve seu corpo arremessado, o carro colidiu com poste a cabeça bateu de lado em algo pontudo fazendo o sangue escorrer o air barg abriu o que prejudicou Caio, porque agora ele não conseguia respirar, ele tentava puxar o ar e não conseguia e aos poucos foi desfalecendo.

Karol olhou para o telefone mais uma vez, escutando a mensagem de voz de seu irmão.
Eles tinham combinado de se encontrar no central park como sempre faziam em véspera de natal.
Era uma das poucas memória que restou do seu pai.
Ela escuta mais uma vez o áudio franzi o cenho porque ele não me encontraría aquí, mas acaba sorrindo ao final.
- Eu te amo chatinho. Sorrir guardando o celular.
Olha mais uma vez para a linda árvore de natal no meio da praça, ajeitando a boina em sua cabeça segue direto para o seu carro.

Do outro lado da cidade, alguém chorava, o desespero dele era tão grande que comovia quem passava.

O garoto estava para fazer sua primeira audição, para um conservatório.
Menino de escola pública, que em um recital foi convidado para fazer uma audição em uma das melhores academias de música.
Sua mãe não podia conter a emoção e alegria de ver seu único filho realizando seus sonhos.
Ela sabia que ele iria longe e realizaria todos eles, só não contava que não estaria ao seu lado.
Ele estava ansioso a espera do seu momento de subir ao palco, mas sua mãe estava atrasada, ela ficou até tarde no trabalho e quando conseguiu se liberar foi correndo o encontrar.
Ele assistia a apresentação estava nervoso, mas vez ou outra espiava as portas de vidro para ver se sua mãe passava por elas.
Em um certo momento quando esperavam o próximo candidato subir ao palco, o barulho de pneu sobressaiu chamando a atenção de todos, que correram para a porta inclusive ele, o grito ficou preso em sua garganta e as lágrimas banharam o seu rosto, ele abriu a porta, os seguranças chamavam por ele mas o garoto não deu ouvidos, correu em direção a mulher que foi jogada com o impacto.
- Mamaeeee.
Mãe, mãe....
Com a cabeça em seu colo a mulher sofrendo sem conseguir se expressar, reuniu o pouco de forças que tinha e segurou sua mão.
- Que..querido está tudo bem....
- Não mãe você vai ficar bem.... Chamem uma ambulância. Ele grita.
- Fi.filho olhe para mim.
- Você vai ficar bem, eu vou sempre está com você. Ela já sabia a essa altura que seu corpo não resistiria, mas a maior dor que ela sentiu foi ver a dor que o seu garotinho estava sentindo e como toda mãe se pudesse sentiria essa dor no seu lugar.
- Eu amo você.

Os seres humanos vivem de dores, nunca você está cem por cento bem.
Agora mesmo você que tirou um tempinho para ler te faço uma pergunta e quero que feche os olhos e responda sinceramente.
Como você está hoje?
Essa é a verdadeira pergunta de um milhão de dólares.
Nem temos uma resposta certa, não é mesmo?
Dizem que o amor cura tudo, eu já acho que o tempo cura
O amor é um sentimento que surge e não podemos evitar, eu digo que amar é uma escolha, nós aprendemos a amar.
O sentimento que chega sem avisar é a paixão o amor não, você aprende, você escolhe e você se dedica a isso.
Ao menos eu acredito assim.
Ame quem você tem hoje.
Seja paciente com quem você tem hoje.
Amanhã? O amanhã pode nunca chegar.

Sejam bem vindos a O depois.





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