Parte 45

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Eu conhecia Karol, ela estava estranha.
No início pensei que fosse por conta de toda a situação que passou com o avô.
Estou realmente muito preocupado, ela não tem dormido direto e já peguei várias vezes ela chorando baixinho.
Não sei o que fazer, toda vez que pergunto ela desconversa.
Conversei com Agustín, e ele ficou de arrancar alguma coisa dela.
Hoje ela saiu bem cedo de casa, resolvi fazer uma surpresa e leva-la para almoçar.
Passei na floricultura e peguei um buquê maior do que o primeiro que dei a ela.

A secretária Ana sorrir ao me ver.
- Vocês fazem um lindo casal.
- Ela está?
- Ainda não chegou.
- Posso esperar na sala dela.  Ela faz que sim e diz que vai colocar as flores em um vaso.
Abro a porta e vou entrando, quando fecho a porta e me viro, encontro o tal do Marcos sentado no sofá.
- O que faz aqui? Pergunto.
- Olha só quem eu vejo, estava esperando a Karol.
- Você pode esperar por ela na sua sala. Aponto com o polegar para ele sair.
- Claro, mas adoraria saber se ela já te contou? Franzo o cenho.
- Contou o que? Ele sorrir com um ar de quem sabe tudo.
- Sabe de uma, da o fora daqui, não quero saber nada que venha de você.
- Nem quem foi o responsável pela morte da sua mãe?
- Como é cara? O que você está ensinuando?
- Nada. Ele levanta as duas mãos.
- Estou afirmando, isso ela não te contou não é? Que o verdadeiro culpado pela morte da sua mãe foi o irmão dela.
- O que? A porta se abre e Karol passa por ela, mas ao ver minha expressão e o idiota aqui ao lado fica seria.
- Fala pra mim que você não sabia disso, diz pra mim que é mentira?
- O que você disse a ele?
- Então é verdade.
- Eu só falei o que ele precisava saber.
- Sai daqui agora.
- Mas. Ele tenta argumentar.
- Vai. Ela grita.
- Ruggero eu....
- Ruggero o que Karol? Porque me escondeu, você sabia quem eu era, está comigo porque? Por pena por conta do seu irmão.
- Naoooo. Nunca, jamais... Por favor me escuta.
- Então fala pra mim porque me escondeu?
- Por medo, o pensamento de te perder me deixou apavorada e eu não sabia como contar.
- Eu não posso acreditar que isso está acontecendo?
- Foi um acidente Ruggero... Por favor...
Não consigo pensar, nem raciocinar direito.
- Por favor fala comigo, vamos conversar.
- Agora você quer conversar, eu não sei se fico mais decepcionado por ter me escondido ou pelo fato de que não posso culpar seu irmão. Abro a porta.
- Rugge... Amor... Não vai assim.
- Eu preciso assimilar tudo isso Karol.
- Você vai me deixar. Engulo o nó na minha garganta.
- Eu só preciso de um tempo. Saiu e só aceno com a mão para Ana.

Depois que ela morreu, não pisei mais os pés aqui.
Toco seu nome e a pequena foto.
Sinto sua falta mãe, e não consigo superar, a dor está sempre aqui.
Meu celular toca e o número da Itália aparece.
Conseguimos comprar a rede de bar e ele está organizando as coisas para a mudança, enquanto fazemos reformas.
- Rugge, aproveitei que estou na loja para ligar, encontrei uma pessoa para ficar responsável aqui e...
Você está muito calado, o que aconteceu?
- Preciso de um tempo ou acho que vou explodir.
- Então venha pra casa, te espero.
E desliga. Fecho os olhos pedindo no mais íntimo forças para superar.
Porraaaa....
Eu sempre achei que o motorista fosse algum filhinho de papai que não se importava com nada e hoje não posso culpa-lo e isso me deixa com mais raiva ainda.
Mas Karol esconder algo assim me deixou pior, e não sei o que fazer com tudo que estou sentindo.
Volto para casa e arrumo uma mala, mas antes de sair deixo um bilhete.

Eu preciso de um tempo, e colocar a cabeça no lugar, quando eu voltar conversamos.
Rugge.

Mike está me esperando no aeroporto assim que desembarco.
O caminho todo viemos em silêncio, ele me deixou ter o meu espaço e eu o agradeci por isso.
Depois de um banho encontro meu primo na praia o sol já se pôs.
Me sento ao seu lado admirando as ondas quebrarem.
- Descobri quem foi o motorista. Falo e ele me olha.
- Ah merda, o que fez com ele?
- Nada, ele está morto. E era o irmão da Karol.
- Que?
- Karol tinha um irmão gêmeo que morreu, ele tinha problemas com asma muito pior que o meu, teve uma crise enquanto estava dirigindo precisava parar o carro mas não conseguiu, e em uma das ruas estava minha mãe atravessando a pista.
- Meu Deus que loucura.
- Eu sempre o culpei por isso.
- Karol sabia? Faço que sim.
- Merda, a quanto tempo ela sabia?
- Isso faz diferença?
- Claro que faz, como ela poderia casar com você sabendo tudo. Fico em silêncio pensando no que ele falou.
- Tem razão ela não sabia, ao menos não quando casamos.
- O que ela disse? Porque não contou?
- Por medo de me perder.
- Bem, por um lado ela tem razão. Franzo o cenho.
- Se fosse o contrário como contaria isso a ela?
- Não tenho ideia, ela estava estranha e... Paro de falar ao lembrar do dia que Karol apareceu no bar transtornada chorando.
- E?
- Ela descobriu a pouco tempo, e teve o avô que revelou tudo aquilo, droga era muita coisa em cima dela.
- Imagino o quanto está sendo difícil tudo isso, mas pense bem em tudo, vocês se amam, ela errou por medo e não porque queria te enganar, você a conhece, ela é sua melhor amiga antes de tudo, esfrie a cabeça e tome um tempo vai saber o que fazer na hora certa.
- Obrigado. Ele dar dois tapinhas no meu ombro.

Uma semana se passou e esses dias aqui tem me ajudado muito, principalmente a superar a perda da minha mãe, é como se somente agora eu estivesse vivendo o luto e deixando ela ir.
Aquele peso no meu coração, a dor ao falar dela tivesse diminuindo e eu conseguisse lembrar dos momentos bons em que passamos juntos.
Eu fiquei muito chateado e decepcionado com Karol, mas pensando e lembrando, todos esses dias, minha mulher sofreu em silêncio e ficou tão apavorada achando que eu a deixaria.

O tempo me ajudou a colocar cada coisa no seu lugar.
Caio era irmão de Karol, ele errou por pegar o carro se não estava bem.
Mas isso não o faz um criminoso.
Foi um acidente, custou caro? Sim mas não posso culpa-lo, quantas vezes precisei sair de madrugada me sentindo mal só para ir ao hospital, ou parei na estrada e pedi táxi.
Está na hora de voltar.

- Então você já vai? Karena pergunta assim que se senta na mesa em um restaurante perto da loja.
- Sim, mas vejo vocês em breve, então animada para a mudança?
- Sim, estou nervosa. Mike está olhando o jogo no telão e segura sua mão.
- Vai dar tudo certo.
- Vou ver se consigo aquele apartamento no meu prédio. Falo.
- Seria maravilhoso. Ela diz e Mike se levanta e fico sem entender nada.
- Ruggeroo. Olho para ele que aponta para a tv, um letreiro com notícias pisca em baixo no telão.
Acidente deixa a presidente das empresas Sevilla em grave estado.
Meu mundo inteiro parou de existir naquele momento.
Saímos às pressas do restaurante e corremos para a loja.
- Calma me diz o número. Mike pede e Karena me traz água.
- Agustín. Falo assim que ele atende.

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