Dezembro de 2022
É difícil está aqui, olhar para essa praça iluminada, ver o quão bonita está a decoração, a energia e esse amor entre as pessoas, e você não está aqui para ver.
Suspiro, como queria ter insistido em ligar, talvez assim você tivesse parado aquele carro e hoje estaria aqui comigo irmão.
- É chatinho você me faz uma falta absurda.
Meu celular vibra no bolso do casaco e enfio a mão retirando.
- Você está na praça? A voz de Valentina soa do outro lado.
- Sim, estou aqui, ok já te vi. Me afasto um segundo olhando para os lados quando a vejo acenando.
Caminho em sua direção e abaixo o olhar para colocar o celular no bolso e arrumar a minha saia.
- Aiii. Esbarro em alguém e por pouco não perco o equilíbrio dos saltos.
- Perdão, eu não vi você. Levanto o rosto e fico confusa com tanta beleza.
- Estava distraído, me desculpe. Meus ombros caem e volto a mim.
- Tudo bem eu também estava. Com o equilíbrio de volta nos pés me afasto e aceno com a cabeça passando por ele, sigo na direção de Valentina que falava ao celular com alguém e pela careta não era nada agradável.
Volto a olhar para trás mas não encontro o cara com quem esbarrei, dei de ombros e voltei a fitar Valu.
- Então quem era o bonitão. Franzo o cenho e ela faz sinal para a árvore.
- Não sei, estava distraída esbarrei no cara.
- E ele não era gato com aquele tamanho todo?
- Não sei não reparei. Minto e ela faz uma careta.
- Maldito Marcos.
- Eiii não fale assim.
- Tudo bem não estou aqui para isso, só é difícil ver como está se perdendo e nem se dar conta disso.
- Não estou... Vamos parar de falar de mim quero um abraço bem apertado. Ela sorrir e me aperta em seus braços.
- Posso senti-lo toda vez que nos abraçamos.
- Eu também, então vamos ficar grudadas a noite inteira.
- Com certeza, não tenho saco para aquele jantar. Faço uma careta pois é o mesmo para mim. Nos aproximamos da árvore e fecho os olhos.
Ah irmão você não poderia ter me deixado aqui. Volto a abrir e vejo as lágrimas no rosto da loira.
Meu irmão sempre foi o seu amor desde quando éramos pequenos.
- Eu vou te amar para sempre.
- Ele também vai te amar. Ela sorrir e resolvemos enfrentar o lindo jantar de natal.
Pura ironia.Um ano depois.
- Amor precisamos marcar a data do nosso casamento. Escuto a voz de Marcos do quarto ele está se vestindo.
Puxo a saia para cima colocando minhas botas.
Arrumando meu cabelo para passar a blusa de lã, ele aparece na porta e percebo que estou em silêncio.
- Seu avô está no meu pé por conta disso.
- Eu não acho que consigo lidar com casamento agora, falta pouco para a reunião do conselho e estou quase finalizando o meu projeto, falta somente dois hospitais para visitar.
- Eu sei querida, que tal eu cuidar disso? Ele me abraça por trás beijando meu pescoço.
- Tudo bem, estou concentrada demais, não posso falhar eles são bem rígidos e sou mulher. Ele solta um muxoxo.
- Nem adianta fazer essa cara.
- Valentina anda colocando coisas demais na sua cabecinha sabia, não devia dar ouvidos.
- Ela não me disse nada Marcos, eu conheço meu avô, foi assim com o Agus, com meu irmão, e para mim ele queria a medicina, e com os outros netos ele queria o contrário.
- O contrário ou não você vai assumir o comando.
- Obrigado por confiar em mim. Ele me abraça forte.Guio o meu carro pela ponte até o Brooklin, não imaginava pegar trânsito assim tão cedo.
Estaciono o carro na vaga da diretoria depois de me identificar.
Entro no hospital sendo seguida pelo diretor que fez questão de vir até a entrada coisa que nos outros hospitais eu não tive, e me pergunto quem é mais educado aqui?
O doutor Luís me entrega todos os relatórios do último ano.
- Sei que me entregou isso, mas quero saber qual a deficiência do hospital, estou concluindo um projeto grande, para todos e preciso que me ajude a incluir esse hospital. Ele assente.
- Eu poderia listar para você todos os departamentos, mas o pronto socorro é a nossa deficiência.
Por ser um dos maiores da região e se concentrar entre universidades, atendemos dos casos mínimos aos mais criticos e não conseguimos suprir a todos.
- Porque o que falta exatamente? Ele suspira e olha para os lados.
- Precisa confiar em mim doutor Luís, eu quero muito fazer por todos mas para isso preciso conhecer.
- As leis no nosso país não ajudam muito.
- Do que está falando?
- A maioria que entra aqui não prossegue com um tratamento, às vezes é uma coisa muito simples, como às vezes é algo perigoso também.
- E porque?
- Seguro sanitário, nem todos tem condições de pagar por um, principalmente nessa região, o que ocasiona uma super lotação no pronto socorro enquanto os ambulatórios ficam vazios.
- Entendi. Faço minhas anotações pensando em um modo de reverter isso.
- Vou pensar em um modo de reverter essa situação, talvez criando um sistema para pessoas de baixa renda isso ajudaria e a parte ambulatorial teria trabalho. Ele me observa por um tempo.
- É a primeira vez em dez anos que estou no comando desse hospital que recebo a visita de um dos donos, e não é só isso, com uma expectativa de mudar alguma coisa por aqui, já participei de várias reuniões do conselho administrativo, você é jovem mas aquilo ali é uma selva espero que esteja preparada para o que vai enfrentar se quer mesmo um sistema novo. Sorrio.
- Meu projeto financeiro já está pronto, quando eu sentar naquela cadeira pode ter certeza que vai ver a minha cara aqui muitas e muitas vezes. Ele sorrir.
- Você tem o sorriso dele. Ele solta e fico confusa.
- Seu pai, dividir muito a sala operatoria com ele.
- Han é... Fico sem saber o que falar quando meu pai se foi eu e Caio tínhamos oito anos e sempre foi um tabu para mim.
Minha mãe não resistiu por muito tempo, eu gosto de pensar que ela amava tanto meu pai ao ponto de não conseguir viver sem ele nesse mundo.
- Não quis te deixar triste.
- Está tudo bem, já faz muito tempo, obrigado por me acompanhar.
- Está brincando? O prazer foi meu, espero novidades. Aceno que sim e nós despedimos.
Ao sair do hospital meu celular toca e vejo o nome de Valentina.
- Fala loira.
- Onde você está chiquita preciso de cafeína para aguentar as próximas horas no fórum quer me acompanhar.
- Loira estou do outro lado da cidade.
- Você está no Brooklin?
- Eu disse que viria no hospital.
- Certo eu estou chegando.
- Como assim?
- Tem uma cafeteria no meio de tudo aí vai pra lá e me espera. Olho ao redor e vejo o lugar.
É hora de tomar um café.

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O Depois
Fiksi PenggemarEu queria não ter forças, queria não levantar, queria não falar, queria não fazer se quer um movimento mas não, sou um ser humano e fui feito com um instinto de sobrevivência e por mais que a vida bata eu continuo em pé. Como? Não tenho ideia, eu s...