Parte 49

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Eu ouvia, a confusão de médicos, tudo o que eles diziam.
Depois que acordei fiquei assustada com a luz em meus olhos e o corpo meio dolorido, como se tivesse dormido por muitos dias.
Então o choque de realidade veio com tudo e a emoção fez um nó na minha garganta.
As cenas se passavam como filme, a discussão no carro, a tentativa de evitar o acidente, meu corpo sendo arremessado, eu não consegui proteger o meu bebê.

Aquilo me deixou em choque e perdi o senso, não conseguia enxergar uma luz no fim do tunel.

Quando Ruggero apareceu meu mundo que já estava destruído, se desmanchou completamente.
A sensação de que ele veio só porque aconteceu tudo isso comigo, e que a qualquer momento ele me deixaria.
Eu até tentava falar, mas as palavras não me chegavam a boca e a dor me consumia.
Mas está aqui em seus braços, assistir o cuidado e carinho comigo, e quando diz que me ama com tamanha intensidade sinto até meus ossos tremerem, seus lábios ainda se encaixam perfeitamente ao meu e o seu sabor ainda é o mesmo, como senti saudades.
- Ruggeeee Sussurro baixinho em meio ao choro.
Ele sorrir, com lágrimas em seu lindo rosto.
- Senti saudade da sua voz meu amor, não me prive dela.
- Me perdoa eu...
- Ei, porque está me dizendo isso...
- Eu perdi o nosso bebê, eu não protegi ele, Ruggero eu perdi o nosso filho.
Ele beija minha testa depois meus olhos e então meus lábios.
- Eu sei amor, e eu sinto muito que tudo isso aconteceu, mas não pode se render agora, eu não sei viver sem você, por favor amor... Faço que sim com a cabeça.
E ele me abraça forte, é como se voltasse para casa.

No outro dia quando acordei, Ruggero me colocou na cadeira de rodas e me levou até o jardim.
Um espaço estava preparado para mim, eu ainda não me sentia pronta para tudo isso.
Quando a médica me cumprimentou, o medo tomou conta de mim.
- Karol vamos só fazer um alongamento hoje está bem? As palavras se embolaram na minha garganta e não saia um som.
- Você pode nos dar uns minutos.
Ela assente e vejo Karena acenando para ela.
- Meu amor está tudo bem? Faço que não.
- Karol, eu preciso ouvir a sua voz por favor. Era como se rasgasse meu coração, ele estava sofrendo e isso também era culpa minha. Respiro fundo.
- Eu não consigo, por favor me tira daqui. Seus braços me rodeiam.
- Tudo bem, não precisa fazer isso hoje está bem? Vamos entrar, podemos tentar amanhã.
O outro dia também não foi fácil, eu não consegui sair da cama, era como se o medo me paralisasse.

Uma semana depois, estava vendo o por do sol no jardim.
- Amor. Ruggero me chama.
Olho para trás, ele está sentado no tapete, o espaço que montou para que fizesse a fisioterapia.
- Eu estive pensando, que tal você sentar aqui comigo.
Empurro a cadeira até a extremidade do tapete e ele me ajuda a sentar.
Estica o braço e uma música começa a tocar.
Suas mãos descem por meus ombros fazendo uma massagem, depois os braços e ele vai me deitando aos poucos.
Vira meu corpo de um lado para o outro massageando cada parte das minhas costas.
- Você está se sentindo bem? Sussurra na minha orelha e suspiro.
- Estou. Sussurro.
- Posso te ajudar a se sentir melhor do que isso? Faço que sim.
Ele me senta faz alguns movimentos com meu corpo o que me deixa mais relaxada, e então entendo o que ele acabou de fazer, um alongamento.
As lágrimas voltam e Ruggero para a pressão nas minhas costas.
- Amor.
- Desculpe.
- E pelo o que?
- Eu não estou ajudando e você está se esforçando tanto.
- Karol tudo o que eu quero é ver você sorrir novamente e não vou desistir, entendeu. Faço que sim.
- Acho que você conseguiu se alongar, posso pedir a próxima aula a fisioterapeuta o que acha?
Ele diz com um sorrisinho lindo nos lábios e os queria tanto que fosse só meu nesse momento.
- Amor... Karol. Seu sorriso se alarga.
Então me dou conta que me perdi em seus lábios quando ele está bem próximo do meu.
- Acho que podemos tentar outro tipo de alongamento.
Eu queria dizer que acho uma ótima ideia mas seus lábios tomaram os meus e
esqueci completamente de tudo.
Meu corpo foi deitando aos poucos no tapete, e ele se acomodou sem deixar o peso cair sob meu corpo.
Eu não sentia minhas pernas e durante todo esse tempo não pensei em sexo, e  não imaginei que sentiria o que estou sentindo agora.
- Você está confortável? Quer que eu pare?
- Eu...
- Não vamos fazer nada ok, quero que se sinta confortável com tudo.
- Eu quero você.
- Eu sou seu amor. Então ele volta a me beijar e retira nossas roupas.
Quando me penetra, sinto que minha vida não mudou, e que ainda o tenho para mim, me sinto completa.

Ruggero caminha comigo para dentro.
Depois de um banho, nos aconchegamos na cama.
- Rugge. Chamo baixinho.
- Oi.
- Pode dizer a Clara que quero tentar amanhã? Ele me aperta em seus braços.
- Claro que posso, um passo de cada vez está bem? Faço que sim.
E adormeci, mas dessa vez com algo dentro de mim, uma força que eu pensei que não existia, e uma vontade de viver e amar esse homem.
É com essa força que vou tentar, por mim, por ele.

- Gostei de ver. Vejo Clara se aproximar, estou no tapete com Ruggero, ele fez novamente o alongamento de ontem.
Ele segura minha mão e olha nos meus olhos.
- Você consegue. Assinto.
- Vou pegar um suco pra gente.
Ele levanta e Clara se senta na minha frente.
- Quero aproveitar que já alongou e vou te ensinar um exercício ok, você pode fazer sozinha também, se sentir confortável para isso.
- Ok. Respondo e ela conversa um pouco mais, conta um pouco de sua vida, dos seus pacientes e quando vejo já estou fazendo não só um mais vários exercícios e Ruggero está aqui sentado observando tudo, e sorrir toda vez que meu olhar encontra o seu, eu faria de tudo para ver esse sorriso sempre ali.

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