- Você parece exausto, como ela está? Mike comenta e me entrega uma cerveja, estamos na varanda, mas para o seu lado da casa, Karena está preparando o jantar e Karol adormeceu.
- Não foi um dia legal, ela teve um pesadelo e não dormiu a noite, e durante o dia não saiu da cama.
- Rugge devagar lembra? Vocês passaram por muitas coisas, ela se sente culpada e nesse momento isso pesa muito para que se recupere.
- Não sei mais o que fazer... Suspiro e baixo o olhar.
- Continue, apenas continue dando todo seu amor a ela, sendo sincero e honesto como sempre foi e não esconda nada. Karena diz sentando ao lado de Mike.
- Quando a conheci, conversamos bastante e ela me disse que vocês faziam dar certo porque eram amigos e não escondiam nada um do outro.
- Faça ela se abrir.
- Como? Ela troca duas palavras comigo.
- Já é alguma coisa para mim ela só sorrir. Ela fala.
- Ei estou em desvantagem aqui, não tenho nada, ela desvia o olhar toda vez que estou perto. Franzo o cenho.
- Ela precisa de tempo e de todos nós, precisamos fazê-la sentir que não vamos abandona-la, principalmente você.
- Eu jamais faria isso, deixei ela sozinha por uma semana olha o que aconteceu..
- Pode parando, isso não é culpa sua, não poderia evitar. Escutamos o barulho da cadeira se movendo, Karena fica em pé e Karol desce a rampa, não nos vê aqui.
Ela leva a cadeira até a extremidade do jardim e da areia. Mike segura meu braço para não me mover.
Seus pés tocam a areia quando tira o descanso. Ela abaixa a cabeça e por um momento fica ali.
Balanço a cabeça e seco as lágrimas e corro em sua direção quando ela se apoia nos braços da cadeira e deixa seu corpo cair na areia, um grito e soluços é o que escutamos.
Me jogo no chão e abraço seu corpo.
- Karol estou aqui, estou aqui meu amor.
- Ruggeroo..
- Sou eu, estou com você e não vou deixá-la nunca.
- Eu não mereço você.
- Nunca mais fale isso, você é tudo que eu tenho por favor... Meu amor por favor...
Já não me importo se não estou sendo forte por ela, porque estou desesperado.
- Eu preciso de você. Ela chora, é só o que tem feito.
- Eu não tenho forças.
- Eu te dou a minha.
- Eu perdi nosso bebê.
- Vamos ter outros, muitos outros, vamos encher essa casa de bebés, más volta pra mim, volta a ser a minha Karol a minha menina mimada de sempre, que combina roupas, que adora comer sonhos e faz bico quando tem que fazer faxina, a que tem o coração gigante e adora ajudar os outros a que tem um brilho nos olhos que me deixa encantado, a que me ama e a que eu não posso viver, se você não respirar, porque meu oxigênio pertence todo a você amor.
Por mim, por favor Karol...
Fecho os olhos ao sentir seu toque, quando volto a abrir ela está me observando e seu semblante já não é tão desesperado como antes.
- Vamos entrar, ou vai ficar doente.
É a primeira vez que ela sorrir em muito tempo.
- Tem como piorar?
- Tem sim mocinha e não vou permitir.
- Tudo bem.
Pego-a em meus braços e encontro Karena e Mike, com semblantes preocupados, aceno para eles que está tudo bem e entro em casa com ela em meus braços.
Nos deitamos e Karol se aconchega em meu peito, aliso seu cabelo até que ela adormece.
Escuto um barulho e sei que é Mike trazendo a cadeira de rodas para dentro.Abro os olhos e não sinto o corpo de Karol junto ao meu, olho ao redor ela não está no quarto, pulo da cama desesperado atrás dela.
- Karol... Karol... Não a encontro no banheiro e saiu do quarto, ela não está na cozinha e escuto uma música ao lado de fora e me aproximo da varanda e a cena faz meu coração relaxar e acelerar ao mesmo tempo.
Ela está ali, e está bem.
Karena está ao seu lado, fazendo alongamento com ela enquanto Clara a fisioterapeuta explica para as duas os movimentos que devem fazer e Karena ajuda Karol.
- É parece que temos um começo aqui? Mike comenta me entregando uma xícara de café. Não tiro os olhos dela quando respondo.
- Estou morrendo de medo, parece que a qualquer momento ela vai desabar bem na minha frente.
- Mas ela vai. Ele responde e agora o encaro.
- Toda mulher desaba Ruggero, acha que é fácil para elas serem mulheres.
- Não estou dizendo isso é que...
- Karena e eu perdemos um bebê alguns anos atrás.
- O que?
- Foi sinistro uma hora estávamos felizes comemorando e na outra correndo para o hospital porque ela estava sangrando, a médica nos disse que ele tinha se formado nas trompas nunca conseguiria sobreviver por mais tempo.
- Caralho Mike eu nunca poderia imaginar.
- Não contamos para ninguém, nem a mãe dela sabe.
- Vocês são jovens cara, vão ter filhos ainda.
- É isso que tem que responder todas as vezes que sentir esse medo, porque ela vai desabar não importa qual o motivo, basta que você esteja ali para ela.
- Obrigado, de verdade.
- Que tal um banho de mar, acho que é tudo que elas precisam depois de suarem tanto.
Olho para Karol que está secando o rosto com uma toalha e afasta os pedais da cadeira para subir.
Desço a rampa que improvisamos e beijo sua testa, percebo seus lábios se repuxarem em um sorriso.
Me abaixo ficando de frente para ela.
- Muito puxado hoje? Pergunto
- Tem certeza que ela não era um general do exército, porque não me dar moleza, nem consigo respirar.
Ela faz bico e sorrio beijando seus lábios.
- Sentir saudade disso.
- Bobo.
- Que tal um banho pra ajudar a relaxar.
- A água quente ajudaria muito.
- Estou falando daquela água. Aponto para trás e ela fica tensa, mas um sorriso brinca em seus labios ao ouvir Karena gritar por Mike pegar ela no colo.
- Se você gritar eu corro.
Falo quando pego ela em meus braços, Karol envolve meu pescoço.
- Você não faria isso comigo no colRuggerooooooo.
Já corri, e entrei com ela no mar, que estava calmo e a maré baixa.
Ver seu rosto lindo e os olhos brilharem pela primeira vez depois de muito tempo e ouvir aquele som, que faz meu coração acelerar e vibrar de alegria, o dia para mim não importava como o enfrentaria, só sabia que seria perfeito.
Ela sorrio outra vez.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Depois
FanfictionEu queria não ter forças, queria não levantar, queria não falar, queria não fazer se quer um movimento mas não, sou um ser humano e fui feito com um instinto de sobrevivência e por mais que a vida bata eu continuo em pé. Como? Não tenho ideia, eu s...