Parte 46

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Quando Ruggero saiu eu perdi o chão.
Não consegui me segurar e desabei, chorei como uma garotinha.
Lembrei do dia em que perdi meu pai, eu era uma garotinha, não entendia muito bem, mas quando minha mãe se foi eu chorei, meu avô me colocou no colo e me embalou até que eu adormecesse, mas foi só quando perdi meu irmão que meu mundo caiu e aquela sensação de anos atrás eu senti agora.
Era como se meu mundo estivesse despedaçando, eu nem percebi, Agustín entrar e sentar no chão ao meu lado.
Só quando minha cabeça encontrou seu peito foi que voltei a realidade.
- Aconteceu não foi? Faço que sim e ele me deixa chorar.

Não sei como mas acordei na minha cama, com um cheiro de comida e meu estômago revirando, corri para o banheiro e vomitei até às tripas, suando frio.
Depois de um banho encontro Carolina na cozinha ela me olha e sorrir apontando para a mesa.
- Não consigo comer nada.
- Só um suco ou uma fruta vai, você precisa se alimentar. Agustín abre a porta e trás pão, minha boca chega a salivar com cheiro.
- Como se sente?
- Eu vou ficar bem. Ele coloca um bilhete na minha frente. E uma lágrima risca o meu rosto.
-  Agora quer me contar o que aconteceu?
Passo a contar tudo a Agustín e Carolina.
- O Vovô sabia de tudo, porque não me surpreende.
- Ele só soube porque colocou um detetive e foi antes do meu casamento, não podemos culpa-lo agora.
- Ele escondeu.
- Agus eu entendo o que seu avô fez dessa vez. Olhamos para ela.
- Ele viu o quanto vocês estavam felizes, e o quanto o Rugge é importante para você, e não quis arriscar, não foi pensando nele.
Não tinha parado para analisar, pensando bem se ele quisesse nos separar teria contado e não o contrário.
- Acho que você pode ter razão.
Meu primo fala.
- Vamos esperar ele esfriar a cabeça.
- Eu o perdi. Falo. E Caro segura minha mão sorrindo ela diz.
- Ele seria um tolo, mas conheço o Ruggero, ele sempre precisou de tempo para as coisas difíceis, mas quando volta é mais confiante e renovado como ninguém.
- Eu quero acreditar, seu olhar decepcionado está gravado na minha mente e pela primeira vez na vida me senti sem chão.
- Ele vai voltar, confie. Faço que sim, mas por dentro uma voz grita alto no meu coração, não, vai não.

Eu tinha uma ideia de onde ele poderia estar mas foi só quando Karena me ligou que fiquei mais tranquila.
Saber que ele tinha seus momentos tristes e sozinho me deixavam angustiada.
Mas minha nova amiga tratava de me colocar para cima, não conseguíamos falar todo dia, porque aquela cidade desconheci o que é conexão, então tinha que esperar que ela entrasse em contato.

Valentina estava dormindo comigo todas as noites, porque meus pesadelos voltaram com tudo.
Parecia reviver o meu luto por Caio, porque era por ele que eu chamava quando acordava assustada e suando.
Os dias se arrastavam e eu não queria sair da cama, agradecia por ter Agus na Sevilla agora.
No sábado pela manhã acordei correndo para o banheiro mais uma vez enjoada e vomitando, e lembrei do porque eu poderia está assim.
Fui até o closet procurando minha bolsa que usei a última vez.
Abrir e encontrei os testes, levei para o banheiro e esperei.
As duas linhas rosa nos dois testes só confirmaram minhas suspeitas.

' Quero um monte deles...
Já pensou eles correndo pela casa.'

Enxugo as lágrimas e vou me trocar, nem chamo João, pego um táxi e paro no primeiro laboratório que vejo.
Faço o exame de sangue e aguardo.
Uma hora depois saiu pelas portas de vidro com o positivo na bolsa e coração dividido.
Feliz e angustiada de como as coisas vão ser.
Será que meu filho vai ter pais separados.
Pego o celular para pedir um táxi e a foto de Ruggero sorrindo aparece.
Eu te amo tanto!

- Karol. Não percebo Marcos no carro parado bem na minha frente.
Viro a cara e peço o táxi.
- Porfavor vamos comversa, entre eu te levo onde você quiser, só precisamos conversar.
- Eu não tenho nada para falar.
- Quando estávamos juntos. Reviro os olhos.
- Só me responda por favor. Tivemos momentos bons. Levanto o olhar para ele.
- Sim nós tivemos.
- Então eu te peço entra, eu te levo para casa, mas me deixa falar. Reviro os olhos e entro no carro, colocando o cinto.
Ele fica em silêncio por um tempo.
- Eu estava com medo, na verdade apavorado, eu não te pedir em casamento por conta do seu avô ou seu dinheiro. Reviro os olhos de novo.
- Eu amo você, e te perder me deixou sem chão, eu agi por amor.
- Paro o carro Marcos.
- Por favor me dar uma chance.
- Eu amo o Ruggero você não entendeu ainda.
- Você me amava.
- Eu achava que era amor. Então percebo que ele pegou a via de acesso a auto estrada.
- Eu não moro nessa direção, para onde está me levando? Então uma coisa me vem em mente.
- Como sabia que eu estava ali?
- Eu preciso de você meu amor, e não vou medir esforços para te ter comigo.
- Paro o carro agora Marcos eu não estou brincando. Ele não diz nada e acelera.
Tiro o cinto de segurança e vou pra cima dele, que me empurra com força e acabo batendo a cabeça no vidro, a dor causada me faz ficar tonta e sinto o sangue escorrer na minha testa.
- Me perdoa meu amor, eu precisava te afastar, você está sangrando.
- Não toque em mim, para esse carro agora. Pego o celular na bolsa e ele tenta tirar da minha mão, o empurro e ele segura de novo puxando para ele, quando olho para frente uma van vem na nossa direção e grito.
- Marcos. Coloco a mão no volante puxando para o outro lado e ele tenta a mesma coisa, mas não é o suficiente a van nos joga para fora da pista eu estava sem cinto meu corpo é arremessado para fora do carro e sinto a minha pele rasgar, o cheiro de asfalto e gosto de sangue se faz presente e luto com todas as minhas forças para me manter lúcida, não vejo onde o carro foi parar e nem Marcos e a única coisa que penso antes de apagar é no meu pequeno bebê que eu não consegui proteger.
Parece que eu só decepciono as pessoas que amo.

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