Parece que estou revivendo tudo, justamente no momento em que começo a superar.
Mike está comigo, me dizendo que vai ficar tudo bem, mas a verdade é que estou apavorado.
Eu não podia ter deixado ela sozinha.
Karol sofreu um acidente e segundo Agus passou por quatro cirugías e ainda está na UTI.
Quando desembarcamos nem vou em casa corro para o hospital.
- Karol Sevilla Pasquarelli.
- O senhor quem é?
- Sou o marido dela.
- Ruggero. Valentina vem entrando e me abraça.
- Eu quero vê-la. Falo.
- Ela está passando por uma avaliação médica, saiu da UTI.
- Isso é bom? Minha expressão demonstra todo o meu pavor.
- Sim, ela está progredindo.
- Tem algo que não está me contando.
- Vem comigo. Ela olha para Mike.
- Esse é meu primo Michael.
- É um prazer conhecê-lo sou prima da Karol, me chamo Valentina.
- É um prazer para mim também.
Ela nos leva por um corredor e Agustín está parado na frente da porta com seu avô.
- Então você voltou. O avô é quem fala.
- Isso não é hora vovô.
- Ela não precisa de você agora, pode ir embora. Olho para cima respirando fundo e Mike vai para falar algo e levanto uma mão pedindo para ele parar.
- Eu não fui embora em primeiro lugar.
Em segundo eu sou marido dela e por lei sou seu responsável legal.
- Não mais, perdeu esse direito quando a deixou.
- Eu não a deixei, e fique o senhor sabendo que não vou mais permitir esse tipo de tratamento, Karol é minha mulher eu estive fora sim, mas estou aqui agora e dela cuido eu, e se tiver algum problema com isso é melhor e resmungar como um velho lá fora ou vou tomar medidas e não vai poder se quer chegar perto dela outra vez.
Estou errado doutora Valentina ou não tenho esse poder sobre a minha mulher hospitalizada? Valentina segura a risada e como a boa advogada que é.
- Acho melhor o senhor baixar a bola ou vai ficar sem ver sua neta.
- Mas isso.
- Ele é legalmente casado com ela, agora é com o Ruggero nós somos só acompanhantes. Um médico sai da sala e olha para o avô de Karol, mas Agustín aponta para mim.
- É o marido dela.
- Oh tudo bem, precisa assinar algumas coisas.
- Como ela está? Já pergunto interrompendo.
- Estável.
- Ela teve uma parada cardíaca na ambulância, quando chegou aqui foi direto para cirugia.
Karol fraturou a coluna vertebral, teve uma lesão no pulmão que estamos tratando e uma perna quebrou e várias escoriações por ter sido arremessada passando pelo para- brisa do carro, e... Ele para de falar.
- E?
- Ela perdeu o bebê.
Ela perdeu o bebê. A voz dele fica ecoando na minha cabeça.
- Ruggero. Olho para Agus e depois para o médico.
- Como ela está?
- Estável.
- O que porra isso quer dizer.
- Ela já consegue respirar sozinha, ainda está debilitada mas fora de perigo sem hemorragias.
Mas precisamos analisar a coluna.
- Ela pode ficar sem andar? Valentina pergunta.
- Ainda não temos certeza mas é uma probabilidade.
- Você quer dizer que minha neta perdeu os movimentos das pernas.
- Senhor Sevilla, vamos fazer mais alguns exames ainda é muito cedo.
- Podemos vê-la? Valentina pergunta.
- Vou autorizar mas bem rápido, somente o marido pode acompanhá-la nesse momento.
Agradeço com um aceno ao médico que entende meu olhar.
Fico ao lado de fora e deixo que eles entrem aos poucos para vê-la e Mike fica ao meu lado.
- Ela estava grávida Mike.
- Você não tinha como prevê.
- Que especie de marido eu sou, deixei minha mulher grávida sozinha.
- Ruggero não faça isso, você não tem culpa. Levo as mãos ao rosto sentindo a culpa me consumir.
- Eu tentei falar com você, mas imaginei que estivesse chateado comigo também. Agustín aparece, ele não entrou.
- Eu não sabia, ela não quis me contar com medo de você se afastar de mim também.
- O que foi que eu fiz? Ele põe a mão no meu ombro.
- Você não fez nada Ruggero, é um ser humano, precisava de um tempo para assimilar as coisas, o que aconteceu foi uma fatalidade.
- Estou cansado dessa palavra. A porta se abre e o avô de Karol sai.
- Ela adormeceu. Ele coloca os óculos escuros.
- Preciso ver sua avó. Agus assente e ele sai.
Entro no quarto e Valentina está ao seu lado segurando sua mão, ela seca as lágrimas.
- Ela não disse uma palavra, só olhava para gente. Assinto e sento ao seu lado.
Uma certa hora Valentina levanta e diz que vai pra casa, então peço que leve Mike para minha casa e fico ali ao seu lado.Karol acorda o dia está amanhecendo, sinto sua mão se mover, então me aproximo, seus olhos se fixam ao meu e uma lágrima escorre, e mais outra e outra. Seco todas elas e beijo sua testa.
- Eu estou aqui com você meu amor, me perdoa por deixá-la sozinha mas eu te prometo que nunca mais vou desgrudar de você, nem que precise passar o dia na Sevilla mas não tiro mais os olhos de você é uma promessa. Beijo sua mão e seus olhos abrem e fecham, e voltam a abrir.
Fico olhando seu rosto e acaricio, uma lágrima ou outra ainda rolam por sua bochecha.
Os médicos aparecem e a levam para fazer exames.Mike aparece e me traz um café, logo após Valentina chega.
- Voce dormiu aqui? Ela pergunta e assinto.
- Como tudo isso aconteceu Valentina, ela estava grávida e... Ela segura minha mão.
- Ela não vinha se sentindo bem, mas achava que era por todo stress da família você sabe, mas daí vieram os enjoos depois que você viajou, ela resolveu fazer o teste na manhã de sábado e tudo aconteceu, eu não sei se chegou a fazer, se ela sabia.
- O João estava com ela? Ela nega.
- O Marcos estava com ela.
- Que? Como assim? O que ela estava fazendo com ele?
- Eu não sei Ruggero, não consegui entender.
- Onde ele está?
- Aqui em outro andar, não perguntei por ele, na verdade não quis saber.
Os enfermeiros empurram a maca trazendo Karol e logo atrás os médicos.
- Então doutor como ela está?
- Estamos progredindo, Karol ja não precisa de inalação, está respirando sozinha isso é muito bom, a lesão no pulmão está sob controle, os hematomas vão diminuir com o passar dos dias.
Olho para ela que está com seu olhar perdido em alguma coisa, eles arrumam a cama para que fique um pouco mais alta.
- Mas, Karol sofreu uma lesão na coluna, e perdeu parcialmente o movimento das pernas.
- Isso quer dizer que ela não pode andar? Valentina pergunta e estou ainda olhando Karol.
- Calma, com fisioterapia e muita paciência tudo volta para o lugar, não é permanente.
- Ela ainda não disse uma palavra, tem algo de errado com ela? O médico franze o cenho, e se aproxima dela.
- Karol. Chama por ela que o olha.
- Você lembra porque está aqui? Sabe o que aconteceu? Ela assente bem devagar.
- Ela ainda está em choque com tudo, vamos com calma.
- Amor. Me aproximo e seguro sua mão e ela se volta para mim, as lágrimas voltam a rolar por seu rosto.
- Querida não chore eu estou aqui com você. Ela vira o rosto para o lado e fecha os olhos.
- Um psicólogo vai visitá-la, faz parte do tratamento.
Ele se despede e vai embora e ficamos eu Valentina e Mike.
- Karol. Valentina chama.
- Você quer alguma coisa, eu posso trazer para você? Mesmo imperceptível ela acena um não. E Valentina troca um olhar comigo, ela encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos, e ficamos observando até que adormeceu.
Valentina aponta para a porta e Mike diz que fica com ela.
- Vamos, vou te levar em casa, você precisa de um banho e comer algo.
- Eu não posso deixar ela aqui.
- Seu primo está com ela, e vai ser rápido.
Assinto e saímos do hospital, ela me acompanha em casa, prepara um café e espera até que eu termine, comemos em silêncio.
- Acha que ela está em choque? Valentina pergunta.
- Eu não sei o que pensar, se não tivesse viajado se...
- Pode parando, não foi o que você fez ou como reagiu que levou Karol a entrar no carro com Marcos e causar esse acidente todo, não é sua culpa.
- Mas se tivesse ficado...
- Ruggero você precisava de tempo e Karol sabia disso, ela tinha um medo terrível de perder você, porque a vida da minha prima foi repleta de perdas, e você foi o seu ponto de paz, o aconchego e lugar seguro que ela encontrou.
Seco as lágrimas entendendo porque ela é tudo isso para mim.
- Eu não culpo o Caio pelo que aconteceu, e, mesmo querendo ficar com raiva por ter perdido alguém que amava, eu não estou e jamais deixaria minha mulher, eu a amo, você disse que eu sou seu lugar seguro mas a verdade é que ela é o meu.
Eu só precisei digerir tudo, acho que enterrei o luto e não passei por ele e depois de saber, ele veio a tona e não consegui lidar com toda situação. Ela afaga minha mão.
- Eu te entendo e ela também entendeu, só tinha um medo enorme de ficar sem você, mas entendia que precisava de espaço e tudo que veio depois não é culpa sua.
- Não, só existe um culpado nessa história. Valentina assente e está na hora de ir atrás.
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O Depois
FanfictionEu queria não ter forças, queria não levantar, queria não falar, queria não fazer se quer um movimento mas não, sou um ser humano e fui feito com um instinto de sobrevivência e por mais que a vida bata eu continuo em pé. Como? Não tenho ideia, eu s...