Parte 7

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2.5

Não acho que seja ilícito já que faço uso desde que me entendo por gente.
- Não fique muito tempo sozinha aqui fora esse lugar não é para você patricinha, vá para casa garota.
Sem reação alguma foi assim que fiquei aquela noite, até agora suas palavras ficam vindo e voltando na minha mente, eu me sinto mal por tudo o que pensei sobre ele. Suspiro, ontem passei o dia no ambulatório tentando um plano de emergência e acho que consegui.
- Oi Karol.
- Olá Lídia já estão na sala de reuniões? Ela franze o cenho.
- Qual reunião?
- Como assim a do conselho administrativo?
- Querida a reunião foi ontem. Solto uma risada nervosa.
- A reunião é hoje Lídia. Uma porta se abre e vejo alguns membros do conselho falando e com eles Marcos e meu avô que saem logo em seguida.
- Vocês podem me explicar porque a reunião aconteceu sem que eu estivesse presente. Todos eles olham para mim.
- Querida não esperava você. Esse é meu avô se fazendo de sonso.
- Bom dia senhores, acho que não preciso me apresentar já que uma parte de vocês me viram crescer. Me viro para o meu avô.
- Acho que eu mereço uma explicação, porque até onde me consta eu sou a única neta que o senhor ainda tem por aqui, a única herdeira dos meus pais tendo vinte cinco por cento das ações e sua futura sucessora.
- Karol tenho certeza que seu avô vai explicar tudo direitinho, de qualquer maneira os planos estratégicos que seu noivo apresentou são bastante favoráveis era exatamente o que precisávamos.
- Como? Lanço um olhar para Marcos que sorrindo envolve seu braço ao meu redor.
- Ela vai entender. Meu avô dispensa a todos e me faz entrar em sua sala, estou tão nervosa que mesmo ele apontando para a cadeira me mantenho em pé.
- Querida tudo o que fizemos foi pensando no bem da empresa.
- O que diabos o senhor está falando?
- Você sabe que temos protocolos e regras aqui.
- Que eu estou pouco me importando vai ao ponto.
- Certo, nosso conselho decidiu nomear o Marcos como meu sucessor já que ele será seu marido em pouco tempo, e o plano criado por ele é magnífico. Lanço um olhar para Marcos e ele sorrir.
- Dê uma olhada está perfeito era tudo o que precisávamos.
Pego a pasta que ele me entrega e quando abro não estou em mim.
Esse é o meu plano, o meu trabalho, sinto como se uma faca fosse cravada em meu coração, eu não posso acreditar que meu avô e meu noivo me passaram a perna.
Fecho a pasta e olho para o meu avô, Deus como eu o odeio nesse momento, olho para o cara que eu pensei que me amava.
- Você não tinha esse direito, isso. Levanto a pasta.
- É fruto do meu trabalho e dedicação dia após dia.
- Querida não é assim...
- Ah não. Sorrio irônica.
- Amor nós vamos nos casar você vai liderar tudo comigo como meu vice.
- É querida pense, vão ser os dois, nada vai mudar.
Bato a pasta em seu peito.
- Eu não sou palhaça, não conte comigo para esse circo.
- Karol querida espere.
- Vovô estou tão furiosa nesse momento que só não mando o senhor se foder porque é meu avô então se eu fosse o senhor não me dirijia a palavra.
- Mas.. lanço a ele um olhar atravessado que o faz se calar, e me viro para porta, mas paro no mesmo instante tirando o o anel do meu dedo e faço o caminho até a mesa e apoio ali.
- Karol meu amor pense bem, não vou desistir de você assim.
- Você não desistiu Marcos, simplesmente me atropelou.
Saiu daquele escritório como se o mundo inteiro estivesse desmoronando na minha cabeça.
Como ele foi capaz de uma coisa assim.
Pego um táxi e só tem um lugar nesse exato momento que penso em ir.

Coloco as rosas brancas em frente a lápide do meu irmão e me sento em silêncio.

- As vezes eu te odeio por ter me deixado aqui. As vezes eu me odeio por ter deixado você ir.
Eu só não suporto a idéia de não ter você aqui irmão, não sei como agir com tudo que estou vivendo, estou tão magoada com o vovô, porque ele tem que ser tão teimoso com todas as suas regras descabidas.
Me ajuda irmão, sei que você não me deixou completamente.
Beijo minha mão e toco sua foto.

Encontro um hotel e não volto para casa por dois dias, Valentina está fora da cidade e eu não quero preocupar o tio Júlio, só fiz uma ligação rápida para vovó dizendo que estava bem e precisava de um tempo para mim, e foi o que eu fiz tirei um tempo para pensar em tudo.
Ele já tinha tudo planejado, queria que eu me casasse com Marcos assim teria um homem a frente, não posso acreditar o quão machista minha família é.
Fora Marcos que me usou direitinho e ainda roubou meu projeto, mas eu vou pegar o que é meu ou não me chamo Karol Sevilla e quando estiver naquela cadeira vou rasgar todos os protocolos idiotas.

Na sexta entro em casa no final da tarde e vejo uma grande movimentação e logo encontro minha avó orientando um pessoal.
- Querida.
- Oi vovó. Ela se aproxima e beija meu rosto.
- Não estou pronta para falar ainda sobre isso.
- Eu sei, só queria dizer que não estou de acordo e vou fazer o possível por você. Assinto.
- O que está acontecendo? Ela franze o cenho.
- É a festa dos associados já estava programada.
- Droga eu tinha esquecido.
- Acho bom a senhorita está presente e sem birras. Meu avô aparece.
- Bernardo. Vovó o repreende, beijo seu rosto e subo.
- Karol volte aqui.
- Deixe a em paz.
Entro no meu quarto e tranco a porta, meu telefone toca e vejo o nome de Valentina.
- Já estou sabendo e a raiva só aumenta por segundo aqui, como você está?
- Eu me preparei para isso a minha vida inteira, eles tramaram tudo nas minhas costas por puro machismo e ainda por cima roubaram meu projeto.
- Karol, ouça-me você vai pegar tudo de volta nem que seja no dente entendeu?
- Você acha que vou ficar de braços cruzados? E os meus direitos e os direitos do meu irmão, dos meus pais, vou brigar por cada um e não estou me importando se é contra o meu avô, vou mostrar pra ele que não sou uma garotinha ele vai se arrepender de não ter confiado em mim.
- É assim que se fala, eu vou conversar com papai quero saber quais as nossas chances de entrar sem o voto do conselho.
- Obrigado.
- Agora coloque uma roupa pra matar e desfile por essa festa, beba e sorria na cara do inimigo, deixe eles pensarem que você se conformou.
- Eu não estava afim mas vou fazer e já tenho em mente o que vestir nos falamos depois.

Uma hora e meia depois estou pronta, jogo um pouco de perfume e passo um batom vermelho sangue.
Assim que atravesso o jardim dou de cara com meu avô.
- Que bom que chegou, mas achei que se vestiria mais apropriada para a...  interrompo.
- Meu look está perfeito.
- Marcos não falou com você.
- Eu não tenho nada para falar com ele.
- Karol eu pensei que essa birra já tinha passado.
- Birra? aquele filho da puta rouba meu lugar, meu projeto e eu tenho que ouvi-lo eu não deveria está ouvindo você.
- Não fale assim, ele vai ser seu marido.
- Só se ele casar com meu cadáver porque só morta enterrada é que isso poderia acontecer.
- Não fale isso, não decepcione seu avô.
- Foi você que fez isso comigo vovô, eu sei o que está tentando, com o Caio funcionou mas comigo não.

Viro as costas e vejo Ruggero no bar fazendo bebidas, e fico paralisada lembrando do que aconteceu no sábado eu não apareci no bar essa semana e não o vi depois disso, sinto meu rosto esquentar, me envergonho de como o acusei de vender drogas, quando ele abriu a mochila meu coração parece ter parado naquele momento, eu conhecia muito bem aquela bombinha, passei noites em claro, com ela na mão esperando que a respiração do meu irmão voltasse ao normal.
- Querida você está perfeita. Minha vó me tira das recordações e sorrio, ela beija meu rosto.
- Preciso de uma bebida. Ela comenta.
- Temos um bar essa é uma novidade. Ela sorrir e vai em direção do bar.

E quem eu não queria ver nem pitando de ouro, aparece na minha frente quebrando o meu olhar com Ruggero, ele ver que não vou falar com ele, segura meu braço e me arrasta para o final do corredor.

- Porque está vestida assim, é a nossa festa de noivado. Rir na cara dele, será que ele tem simancol.
- Marcos ou você é idiota ou se faz eu acho que é a primeira. Levanto a mão mostrando que não tem anel nenhum no meu dedo. E ele enfia a mão no bolso tirando a caixinha.
- Eu amo você e vamos nos casar.
- Que patético.
- Karol pare de pirracinha.
- Já chega, eu entendi, vocês acham que eu não passo de uma garotinha mimada que faz birras para consegui o que quer não é? Mas olha só, o projeto que você roubou... ele me interrompe.
- Eu não roubei, vamos nos casar é nosso.
- Eu não lembro de você trabalhando nele para ser nosso, de qualquer maneira o que tínhamos acabou eu não vou ser o fantoche nessa história, e só para deixar bem claro aproveite enquanto pode porque eu vou ter o meu lugar e não vai ser com você.

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