VINTE E DOIS

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Milena

É horrível ter enjoos, juro, acho que é uma das piores coisas do mundo.

Eu não consigo mais comer direito, qualquer coisa que cai no meu estômago me enjoa. Até o cheiro do perfume do Gabriel que eu tanto gostava tá me dando ânsia.

Na verdade acho que eu enjoei da cara dele porque só de olhar já sinto vontade de vomitar.

E pra completar, tô tendo desejos horríveis.

Agora por exemplo, tô comendo bolacha de água e sal com ketchup.

No meu estado normal a ideia de comer isso nunca se passou pela minha cabeça, só que agora parece a coisa mais gostosa do mundo.

Será que vai ser assim até o fim da gravidez? Se for eu certamente vou comer até o reboco da parede.

- Você não tá fazendo isso!- o Gustavo chega na cozinha e me olha todo assustado.

A gente veio pro apartamento do Gabriel aqui em São Paulo porque hoje a noite vai ser a festa de aniversário da Dhiovanna, obviamente o Gustavo deu um jeito de vir e ligou o foda-se pra escola.

- O que?- olho confusa pra ele.

- Você tá comendo bolacha e ketchup?

- Sim- dou de ombros- muito bom.

- Que nojo, Milena! Eca.

- É muito bom, você não sabe o que tá perdendo.

- Não tô perdendo nada. Por que você tá comendo isso?

Eua ia falar que era desejo por causa da gravidez, mas ele ainda não sabe.

Na verdade ninguém além de mim com o Gabriel tá sabendo.

- Sei lá, eu vi em um vídeo e resolvi ver se era bom- falo a primeira coisa que vem na mente e ele da de ombros.

O Gustavo chegou em um momento da vida que ele já não liga pra mais nada, qualquer resposta pra pergunta que ele faz já tá bom, ou seja, ele não questiona mais. Já ligou o foda-se pra tudo!

Ele tira uma baseado sei lá de onde e acende.

Logo meu estômago se embrulha por causa do cheiro e eu largo tudo, correndo pro banheiro que tem aqui perto da cozinha.

- Cadê ela?- ouço a voz do Gabriel mas eu tô mais ocupada botando meus órgãos pra fora.

- Foi vomitar. Tava comendo bolacha com ketchup. Essa garota tá muito doida.

- Respeita tua irmã.

- Vai lá agir como namorado e segura na mão dela.

- Se eu for lá ela vomita em cima de mim, nem vem.

Eu daria um grito pra eles calarem a boca, mas tô mais ocupada.

O Gabriel nem vem até o banheiro porque já deixei bem claro que não quero que me vejam vomitando, ele já quebrou essa regra uma vez e eu fiquei bem brava.

Termino de vomitar e dou descarga, em seguida escovo os dentes.

Como eu sou bem precavida, já deixei uma escova espalhada pelos banheiros.

Volto pra cozinha, o Gabriel tá parado com os braços cruzados e com o olhar visível de preocupação.

- Eu tô bem- digo.

- Você come essas nojeiras e depois reclama que fica enjoada, óbvio que vai ficar.

- Nojeiras nada, se liga- faço uma careta e abro a geladeira, pegando um picolé de limão.

Eu odeio picolé de limão.

Minha vida realmente tá completamente sem sentido.

Abro a embalagem e dou uma mordida, agradecendo por não sentir nenhum choque nos dentes, ando pra sala e me jogo no sofá.

O Gabriel obviamente vem atrás de mim, como tá fazendo desde que descobrimos a gravidez. Ganhei uma sombra.

- Por que caralhos você não tá nem olhando na minha cara direito?

Por que eu fico enjoada?!

Olho pra ele e dou um sorriso fraco.

- Lógico que tô.

- tá nada.

- Tô sim.

- Não tá não. Tá enjoando de mim também?

- Lógico que não, nunca vou enjoar de você, mas talvez o bebê não esteja gostando do que você tá fazendo comigo e me faz enjoar quando te olho.

Ele da uma risada e eu não entendo legal o motivo.

- O que eu tô fazendo com você?

- Me negando.

Eu tô extremamente necessitada de sexo, juro, eu não aguento mais passar vontade. O Gabriel me enrola e não transa comigo, isso me faz criar milhares de paranóias diferentes.

Não que eu seja uma louca obcecada em transar, só que na gravidez é natural ter aumento na libido.

Caralho, eu tô grávida.

Tipo, eu tô agindo normal mas parece que gira uma chavinha no meu cérebro e eu me dou conta que um bebê vai crescer na minha barriga e depois nascer, o que me faz ficar extremamente desesperada já que eu morro de medo do parto.

Tô vendo que vou ter que trabalhar muito isso pra não entrar em estado de choque quando for a hora de botar o bebê pra fora.

- A gente já conversou sobre isso- se senta em outro sofá, bem longe de mim.

Tá vendo? Ele nem chega perto.

Não é como se eu fosse ataca-lo.

- Você vai conseguir ir na festa hoje?- pergunta após um tempo em silêncio e eu concordo com a cabeça.- e se você ficar enjoada.

- Aí eu vomito.

- Sério?- me olha debochado- tô falando sério, nena, se você não tiver se sentindo bem a gente não vai.

- Tá maluco? Lógico que a gente vai, se liga.

Ele ri e eu jogo o palito de picolé em cima dele.

- Cadê meu celular?- pergunto.

- Sei lá, não deixou na cozinha?

- Não lembro.

- Como tu esquece onde coloca o celular?

- Sei lá, cara, eu não tô batendo bem da cabeça.

Me ajeito no sofá e fico olhando pra minhas unhas que fiz hoje mais cedo e já tô sentindo vontade de tirar o esmalte todo.

Vejo o Gabriel se levantando do sofá e logo se deitando em cima de mim, sem depositar todo o peso.

- Eu te amo- me dá um selinho- amo muitão e não gosto de sentir você distante.

- Eu não tô distante- passo a mão em seu rosto e ele faz um biquinho.

- tá sim, você nem me abraça direito mais.

Como explicar que quando ele me abraça eu sinto o pau dele e fico com o corpo todo quente?

Juro, eu não tô bem.

Agora por exemplo, a parte íntima dele está encostada na minha. Bem encostada.

Ele tão perto assim me deixa com a respiração desregulada e o coração meio acelerado. Talvez seja início de infarto? Talvez.

- O que tá rolando?- me olha com a sobrancelha erguida.

Eu mordo o lábio e fecho os olhos com força pra tentar afastar todos os pensamentos impuros.

Só que a peste do Gabriel roça certas partes em mim, de baixo pra cima.

Eu solto um suspiro pesado e abro os olhos, vendo ele com um sorriso de lado.

- A gravidez realmente tá te deixando bem maluca- ri.

- Que gravidez?- ouço a voz do Gustavo e logo o Gabriel sai de cima de mim.

Ferrou.

𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.Onde histórias criam vida. Descubra agora