𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.

SESSENTA E QUATRO

Gabi

Quando chega o final do ano eu sempre paro, sento em um canto sozinho e fico fazendo uma retrospectiva de tudo que aconteceu na minha vida ao longo do ano.

Voltando lá do primeiro mês, eu fico lembrando das merdas que fiz, dos porres que tomei, dos palcos em que subi pra cantar e das mulheres que eu peguei.

Aí ao longo dos primeiros meses, isso meio que foi se repetindo: jogo, quando tinha mini folgas eu curtia com meus amigos, bebia pra caralho, pegava gente, dava uma de cão arrependido e queria voltar pra ex...

Aí, mano, eu percebi que minha vida só começou a fazer sentido mesmo depois que eu conheci a Milena, sério mesmo.

Porque antes, mesmo que os rolês fossem diferentes, era tudo quase com o mesmo roteiro, tá ligado? Eu sempre voltava pro mesmo lugar em que estava, como diz a Dhiovanna, eu tinha um porto seguro, que nem era tão seguro assim.

Só que depois dela tudo passou a ser diferente, nada ficava repetitivo, sempre foram coisas novas e que me faziam ter vontade de fazer a cada vez mais.

Ou seja, meu ano realmente começou a valer a pena depois que eu visualizei aqueles stories e mandei aquela mensagem.

Agora tô aqui, casado, sou pai, tenho um cunhado maluco que tá namorando a minha irmã, meu sogro é vascaíno e sempre que me olha parece estar planejando a melhor forma de me matar.

Tô feliz? Pra caralho! Como eu nunca estive em toda a minha vida.

Amo pra caralho tudo isso e só em pensar que ano que vem, nessa mesma data, a gente vai passar com a Aurora, eu fico todo arrepiado.

Não vejo a hora de pegar a minha pequena no colo, olhar pro rostinho dela, segurar sua mãozinha...

Porra, eu fico imaginando com ela vai ser, se vai ser parecida comigo ou com a Milena, se vai ser louca alucinada por futebol igual nós dois somos, se vai ser maluquinha como a mãe ou mais centrado igual a mim.

Uma coisa eu sei: só vai namorar depois dos 40 anos de idade.

Filha minha não vai dar mole pra marmanjo não, pô, vou colocar vários seguranças na cola dela, e se eu ver algum maluco dar em cima dela, vou logo meter bronca.

A Milena que não venha passar pano, tô ligado que mãe é assim com filha mulher.

Por falar na maluca, acabou de chegar com aquela cara de quem vai pedir alguma coisa.

A gente veio pra minha casa em Jaguariúna, nossos pais, irmãos, e mais alguns familiares também estão aqui. Uma bagunça do caralho.

A Dhiovanna tá na piscina com o Gustavo, inclusive, tô com um olho lá também.

- Amor...

Dou um sorriso de lado e ela se senta entre as minhas pernas.

- Que tu quer?- me inclino e beijo seu pescoço- biquíni maneiro.

Passo a lingua entre os lábios e olho pros peitos dela que cresceram bastante.

- Tô feia nele, não gostei- faz um biquinho.

- Porra, uma gostosa dessa falar isso é até pecado, o pai aqui fica doidão em tu, preta.

Ela joga a cabeça pra trás e ri.

- Que linguajar é esse?

- Meu lado carioca tá aflorado, esquece.

- Biscoito ou bolacha?

- Bixcoito- dou risada- bolacha é doce, recheada ou salgada, o biscoito é o de polvilho.

- Isso aí- bate na minha coxa- sabe o que eu queria?