Milena
Morar numa casa com o Gabriel exige uma certa paciência.
Você pode estar num dia que quer ficar na companhia do silêncio e ele vai lá e liga um som altíssimo e ainda por cima tocando rap.
Hoje eu estou nesse dia que quero paz e tranquilidade, só que ele tá lá na academia ouvido um rap pesadão com uma batida estrondosa que faz até seu cérebro pular.
O pior é que dá pra ouvir em toda parte da casa, sério. Os vizinhos devem odia-lo.
Único lugar que encontro silêncio é dentro do banheiro, então entro na banheira e fico deitada tentando recuperar minha paz espírita.
Não consigo acompanhar o ritmo dele.
Faz dias que eu não durmo direito, tô sempre em festas e qualquer outro tipo de rolê que ele vá.
Socorro Deus.
Eu nem saía direito de casa antes, trabalhava por horas durante o dia e quando chegava em casa só queria deitar na cama e dormir.
Se passou mais ou menos duas semanas desde que voltamos de São Paulo e eu consegui uma faculdade de moda aqui no Rio e começarei a estudar na semana que vem.
Tô ganhando dinheiro com a internet e tem sido bem legal tudo que venho conquistando, mas não é algo que me identifico 100%
- Milena?- ouço a voz do Gabriel um pouco longe.
Não consegue ficar longe.
Fico em silêncio.
- Milenaaaa.
Me seguro pra não rir e deito na banheira, me encolhendo um pouco.
Ouço a porta do banheiro sendo aberta e mordo os lábios pra não rir.
- Preta?- chama.
Não é possível que ele não me viu aqui.
- Caralho- diz assustados- tá aí por quê?
Olho pro alto e lá tá ele me encarando, sem camisa e todo suado.
Babei.
- Pra me livrar um pouco do barulho- dou risada e me ajeito na banheira.
- Era só ter pedido pra eu ter desligado o som.
- Você tava treinando, não quis atrapalhar.
Ele sorri de lado e se abaixa, passando a mão no meu rosto.
- Você sabe que não atrapalha, preta, essa casa também é sua e você pode dar ordem, viu?
Dou um selinho nele que tenta aprofundar o beijo, mas não deixo.
- Já terminou o treino?
- Sim.
- Então vai tomar banho porque eu tô toda cheirosa, vem me agarrar todo suado não, cara.
- Chata- mostra a língua e se levanta- vai ficar aí me vendo tomar banho?
- Vou ter uma bela imagem.
- Então aprecia- ri e se levanta.
Ele tira toda a roupa e vira de costas, caminhado até o box.
Desço o olhar até sua bunda e morde o lábio.
Muito gostoso.
- Que bundão!- digo e ele ri ligando o chuveiro logo em seguida.
Me ajeito na banheira e fico vendo ele tomar banho, inclusive é um ótimo entretenimento.
Mas de repente meu estômago revira um pouco e eu tenho que olhar pro teto pra ver se passa.
- que foi?- ele pergunta- tá tudo bem?
- Tudo, eu só acho que preciso comer alguma coisa.
Acabei ficando muito tempo sem comer porque tava estudando algumas coisas e fazendo a última aula online antes de ir pra faculdade presencial.
Ele termina o banho rapidinho e se enrola na toalha.
- Vamos descer pra você comer alguma coisa.
- Vai vestir roupa e a gente desce juntos.
- Tá bom- se abaixa pra me dar um selinho e me ajuda a levantar.
Calço o chinelo e enquanto ele vai pro closet, eu vou até a cama e pego meu celular.
Não é a primeira vez que eu sinto isso durante essa semana, enjoo e tontura do nada.
Só que não tem como ser o que eu estou achando que é, meu ciclo menstrual não está atrasado, deve ser só coisa da minha cabeça.
Se minha menstruação não descer esse mês eu vou começar a me preocupar, mas por enquanto tá tudo tranquilo.
Tem nada tranquilo, eu tô quase surtando.
- Vamos?- o Gabi aparece vestido com uma bermuda preta de moletom e uma camiseta de algum time de basquete.
Muito gato.
- Vamos sim- sorrio fraco e vou até ele que me abraça de lado.
Descemos juntos até a cozinha e eu pego um pedaço de bolo de cenoura.
Dou a primeira garfada e engulo na força do ódio porque perdi a vontade de comer.
- Fala o que tá rolando- o Gabi diz e eu olho confusa pra ele- você ama esse bolo e agora tá assim.
- Eu acho que tô anciosa pra começar a faculdade logo, não sei- dou de ombros.
- Mas tem que comer.
- Mas eu não consigo- choramingo e ele se aproxima pegando o garfo da minha mão.
- Vou dar na sua boca.
- Nem vem- dou risada.
- Vai ganhar bolinho na boca siim, quem manda não comer?- pega um pedaço- olha o aviãozinho.
Eu não tenho maturidade pra isso, então começo a rir.
- Brinca não, Milena, come logo.
- Eu não consigo, cara- tento parar de rir.
- Abre a boquinha, Mileninha.
Abro a boca e pego o pedaço de bolo.
- Tá bom, agora deixa que eu como sozinha.
- Não, deixa que eu dou.
- cadê o Gabriel e o que fez com ele?
- Ele nem existe mais depois de você- ri- agora eu sou boiolinha.
- que lindo, confessando tudo.
- Nunca escondi nada.
Dou um sorriso e ele continua dando o bolo na minha boca até eu comer tudo.
Tomo um copo de suco de laranja e em seguida a gente vai até a sala onde ele começa a jogar aquele jogo de fórmula 1 e eu fico vendo.
Sou fã de fórmula 1, amo o Hamilton, mas se eu for jogar um jogo desse bato no primeiro carro que ver pela frente.
- Quem tá na sua frente?- pergunto.
- A peste do Verstappen.
Até aqui esse tilápia incomoda?
- Passa ele.
- Tô tentando.
Aí eu já começo a ficar nervosa.
Calma, Milena, é só um joguinho.
- VAI, GABRIEL- grito quando ele fica lado a lado com o Verstappen.
- Calma, mulher- ri.
Calma? Essa palavra nem existe no meu vocabulário.
Quando e consegue passar eu dou um grito e uns pulinhos.
- Isso aí, porra.
- Sou foda- se gaba mas eu nem posso dizer o contrário.
Ele é foda mesmo.
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𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.
FanfictionSegunda temporada de "close friends" disponível aqui no meu perfil.