𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.

VINTE E QUATRO

Se esse policial descobre que o Gustavo tá fumando e que ele é menor de idade, vai dar muita merda.

Se eu falar que sou eu que estou fumando, vai dar mais merda ainda porque ele deve saber que eu sou jogador de futebol, vai que espalhe essa história por aí.

Não tem como falar que é a Milena porque certamente ela vai me matar depois.

Então só me resta o Fabinho.

- Pô, foi mal aí, é meu amigo- digo- eu já falei pra ele não ficar fumando aqui mas sabe como é- dou de ombros.

- É que incomoda muito o cheiro, se der pra você pedir pra ele parar ou fumar perto de algum lugar que tenha ventilação, já vai ajudar.

- Tudo bem, desculpa pelo incômodo.

Ele apenas sorri fraco e sai.

Fecho a porta e respiro fundo por não ter dado merda.

A Milena faz sabe o que? Ri!

Ela tá dando risada!

- Você tá realmente muito maluca- nego com a cabeça.

- Você é um ótimo ator, preto, tá melhor que a Jade Picon.

Dou risada e ela se levanta.

- Vou lá dar uma bronca no Gustavo, ainda não entendo como ele tem coragem de vir de Angra pra cá com maconha, e se param ele no meio da estrada? Meu Deus!

Ela disse bronca? Obviamente vou atrás.

Ela empurra a porta do quarto em que ele tá ficando e eu peço mentalmente pra não vermos nenhuma cena traumatizante.

Ele só tá fumando, como sempre, então tá de boa, mas o que me chama atenção é ver ele com um caderno na mão também. Achei que ele nem estudava

- Sabe quem acabou de bater aqui na porta?- ela começa a falar e eu cruzo os braços, me encostando no batente da porta.

- Quem?- olha pra ela.

- O policial que é vizinho do Gabi- sorri ironicamente e ele arregala os olhos.

- Queria o que?

- Veio reclamar do cheiro de maconha que invadiu o apartamento dele.

- Nossa, quem tá fumando? Coisa ridícula isso- fala e solta a fumaça pra cima.

Moleque do caralho, o pior é que nem da pra segurar a risada.

- Eu vou matar você- se aproxima dele que rola pro outro lado da cama- nem a porra da janela você abre, caralho, vai se fuder maconheiro.

- Quanto palavrão, para com isso, não se estressa porque vai fazer mal pro bebê- apaga o baseado no cinzeiro, se levanta e vai abrir a janela.

- E assim ele intoxica metade de são Paulo- dou risada ao ver a fumaça saindo.

Eu ando até a cama e pego o caderno que ele tava segurando, vejo que tá na matéria de matemática e as contas fazem meu cérebro doer um pouco.

Peraí...

O Gustavo sabe fazer isso aqui? Como assim a maconha não consumiu a mente dele toda?

Me sento no colchão e fico encucado porque EU não conseguiria fazer a metade disso aqui sem me perder, só que a dele já tá a maioria feita.

Aposto que ele tá pagando alguém pra fazer.

Deixo os dois discutindo e uma chavinha gira no meu cérebro, me lembro de ter feito várias contas desse tipo, então não sou tão burro assim e ele não é tão esperto.