NOVE

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Milena

Quando eu falo que minha vida é ligada no modo aleatório, eu tô falando seríssimo.

E pra mais um episódio de rolês aleatórios, estou sentada na mesma mesa que o Matuê e o Teto.

Como eles estão aqui pra fazer um show, o Gabi chamou eles pra almoçar e agora estamos aqui num rodízio de churrasco.

Tô morta de fome e esse cheiro de carne assada me faz ficar com mais ainda.

- Então vocês vão casar?- o Matuê pergunta e solta a fumaça do baseado pro alto, em seguida passa pro Gustavo.

Tá ele, o teto e o meu irmão fumando.

Se juntar o que resta do pulmão deles não dá um.

- Isso aí- o Gabi responde e coloca uma mão sobre a minha coxa.

- Mas vai demorar um pouco- digo.

- Eu quero ser padrinho, foda-se.

Imagina ter o Matuê como padrinho? Muito chique.

- E vai ser- o Gabi fala- tu e o tetinho.

- Eu o que?- olha confuso e a gente ri- tava na brisa aqui.

- Ser padrinho do nosso casamento- digo.

- Ah, aceito, mas vocês vão casar quando?

Maconheiro é uma coisa triste, né?

- Não tem data ainda- respondo- mas vai ser ano que vem.

- Por mim a gente já ia daqui pro cartório e casava lá mesmo, depois faz festa e casa na igreja- o Gabriel diz e eu reviro os olhos.

- Tem que ser com calma, cara- encaro ele.

- Com calma a gente faz outra coisa- sorri de lado e eu bato em sua coxa.

- Eu vou entrar com as alianças- o Gustavo diz- pai vai ficar gatão de terno.

- Um vibe mais pinguim- o tuê fala e a gente cai na gargalhada.

- No lugar da flor o Gabriel pode colocar uma folha de maconha no bolso do paletó- o teto fala- vai ficar top.

- Não fala isso que ele aceita- dou risada.

- E meu paletó pode ser com vários desenhos da maconha, vai ficar monstro!- o abestalhado do meu irmão diz.

- Vocês querem transformar meu casamento no que? Festa do Canabis?

- Lógico, Gabi, sei que tu gosta- o tuê pisca pra ele.

Eu tenho certeza que ele com o teto já deram maconha pro Gabriel, rap festival que o diga.

Enfim o garçom chega com um monte de carne e vai cortando, chegam outras comidas também e a gente vai se servindo.

Não sei como não reclamaram ainda por esses três estarem fumando aqui dentro.

Abro uma latinha de coca e encho meu copo, dando um gole logo em seguida.

Começamos a comer e todo mundo cala a boca.

- Vocês acham que a irmã do Gabriel ficaria comigo de novo?- o Gustavo pergunta acabando com a paz que tinha reinado.

- Como assim de novo?- o Teto pergunta, já ficaram?

- Pirralho do caralho, para de falar da minha irmã- joga uma bolinha de papel em cima dele.

- Direitos iguais, Gabi- o tuê defende meu irmão que sorri- mas você não é mais novo que ela?

- Idade é só um número- da de ombros.

- E cadeia é só uma cela com grades- o teto fala de boca cheia- isso aqui tá muito bom- aponta pro prato e a gente ri.

- Mas não dá em nada, relaxa, é que eu tô com medo de levar um fora.

- e o que tem levar um fora? É normal- o tuê diz.

- Quem é você pra falar de levar fora? Aposto que nunca tomou um toco na vida- diz.

- Lógico já, é normal.

- Verdade- o Gabriel diz.

Ele já deve ter tomado vários a anos atrás, o bichinho era estragado, viu?

Peguei a melhor fase. Amém.

O teto termina de comer e pega outra baseado.

Achei alguém pior que o Gustavo.

- Alguém chama o garçom pra me dar mais carne- peço e eles me olham assustados- eu nem comi tanto assim, cara.

- Você comeu quase que um boi inteiro, Milena- meu irmão fala e eu mostro o dedo do meio pra ele- mas eu quero mais também.

- Já que todo mundo quer eu também quero- o tuê diz.

- E tavam aí me julgando- dou risada dele- tem que aproveitar que é rodízio e comer bastante.

O Gabriel chama o garçom que logo enche nosso prato de novo.

- Você tá namorando?- pergunto pro Teto- é que eu vi uma fofoca aí.

Ele ri e nega com a cabeça.

- Tô enrolando só.

- Enrolando a garota?

- Não, o relacionamento tá enrolado, a gente não sabe se quer isso mesmo.

- E tu?- olho pro Matuê.

- Eu tô bem, e você?

- Ele não namora ninguém, Milena- o teto diz- só tem olhos pra uma.

- E pau pra várias- completa.

- Para de falar essas coisas perto da minha namorada- o Gabriel diz- ela é uma dama e recatada.

Eu dou risada.

- Nera noiva?- o teto pergunta confuso.

- verdade, é que eu esqueço.

Não vou julgar porque também esqueço.

- Recatada?- o Gustavo ri- aham.

- Mileninha é vida louca, da pra ver- o Matuê fala- aposta que fuma um.

- Fuma mermo- o boca aberta do meu irmão diz.

Aposto que se oferecessem um cargo pra ele só pra falar da minha vida, o desgramado não pensaria duas vezes antes de aceitar.

- Sabia, conheço todo mundo que gosta- ri.

- Qual é o assunto?- o Teto pergunta meio confuso- é muitos assuntos diferentes em segundos, me perco todo, meu cérebro não tá tão bom.

- É a maconha que consumiu- digo- do meu irmão tá igual.

- Ele é lento pra raciocinar conversas, bota um papel e caneta na mão dele pra ver se não escreve uma música em minutos- Matuê fala.

- Por falar nisso, tá na hora de lançar uma música em tetin- o Gabi diz e eu passo a mão no cabelo dele, tentando ajeitar um pouco.

- Perceberam que o cabelo dele melhorou bastante depois que tá com Milena?- o Matuê fala e a gente ri.

- Pô, tô precisando de uma pra cuidar do meu também- o teto fala.

- Vocês reclamam muito da vida, só estalar os dedos que vem varias.- meu irmão diz.

- Vem as falsas, né? Quero ver vim as verdadeiras- o Matuê fala- tá complicado.

Logo eles três param de conversar porque ficam mais ocupados fumando.

Eu fico com a cabeça deitada no ombro do Gabriel e bate o arrependimento por ter comido tanto, deu até preguiça.

Só que de repente chega mais uma galera no restaurante e entre eles está a pessoa que eu imaginei que nunca iria ver.

Rafaella.

𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.Onde histórias criam vida. Descubra agora