DEZOITO

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O quão longe uma paranóia pode te levar?

No meu caso, acabei de baixar uma aplicativo que acompanha a gravidez.

Eu estou grávida mesmo? Não faço a mínima ideia.

Comprei vários testes na farmácia, guardei na minha bolsa e voltei pra sorveteria como se nada tivesse acontecido.

Agora a gente tá dentro do carro voltando pra casa e eu tô me preparando psicologicamente pra entrar no aplicativo.

Eu deveria fazer o teste primeiro antes de fazer isso? Como toda a certeza, só que a ansiedade me consumiu por completo.

Abro o aplicativo e coloco a data da última menstruação que eu tive, só que pra me deixar mais nervosa ainda a data do parto já aparece!

Puta que pariu.

7 de agosto de 2023.

Esse aplicativo quer o que? Matar alguém do coração?

O Gabriel coloca a mão sobre a minha coxa e eu fico mais tensa do que já estava.

- Oh Milena, fala o que você tem.

- Eu não tenho nada.

- Tem sim que eu te conheço, tá toda tensa.

- Tá tudo bem- dou um sorriso fraco pra ele que me olha todo desconfiado.

Volto a atenção pro celular e logo de cara já vejo que tem algo sobre o possível bebê.

Respiro fundo e aperto ali.

Respiro fundo e aperto ali

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Meu Deus.

Algo tão complexo e... Apavorante.

Como assim o possível bebê que tá dentro da minha barriga já tem temperamento e personalidade?

Isso tudo é muito louco e eu fico louca com tanta locura.

De repente me bate uma vontade enorme de chorar e gritar.

O Gabriel para no sinal e aperta a minha coxa.

- Fala o que tá rolando.

- Já disse que não tá rolando nada, que porra! Para de perguntar.- explodi.

- Só tô preocupado, não precisa ficar brava comigo.

- Desculpa- faço um biquinho e sinto meus olhos marejarem.

O Gabriel me olha assustado.

- Você não vai chorar, né?

- Não sei- choramingo- eu acho que tô ficando maluca.

Eu tô maluca. Completamente maluca!

Esse assunto tá me deixando doida.

- Tá com TPM?

Queria que fosse.

- Talvez...

- Você quer ir no médico?

- Não.

- Preta...

- Não fala nada por favor, só segue dirigindo- digo e ele concorda com a cabeça.

Pego o celular que havia colocado em cima do meu colo e resolvo entrar no recado que tem para a mãe.

No caso, essa mãe pode ser eu.

No caso, essa mãe pode ser eu

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Meu Deus.

A cada frase lida foi um surto diferente e agora eu tô quase me tremendo.

Eu tô praticamente sentido todas essas coisas, um exemplo disso é o bolo que eu fui comer hoje mais cedo que é um dos que eu mais amo e nem consegui comer porque meu estômago embrulhou.

Agradeço mentalmente quando chegamos em casa e o Gabriel estaciona o carro na garagem.

Assim que ele termina, pego as sacolas e desço do carro rapidamente, ele faz a mesma coisa e a gente entra na casa, subindo pro quarto logo em seguida.

Me jogo na cama e olho pro teto tentando controlar minha ansiedade que tá a mil.

Eu não sei como fazer esse teste, meu maior medo é me assustar com o resultado e acabar desmaiando no banheiro, vai que eu bata a cabeça.

Tô muito neurótica.

O Gabriel sobe em cima de mim e me encara, o semblante dele é de preocupação.

- Tá bem?- pergunta e eu apenas confirmo com a cabeça- você não tá bem, tá com a cara de preocupada aí, o que foi?

- Não é nada.

- Milena... Você não quer mais ficar comigo? Se for isso pode falar, eu não entendo mas vou respeitar tua opinião.

Dou risada.

Tá aí uma pessoa que consegue ser mais paranóica que eu.

- Não é isso, cara, são outras coisas.

- E você não vai se abrir comigo?

- Por enquanto não.

Ele bufa e eu dou um selinho em sua boca.

- Eu te amo, pretinho, só acho que tô de tpm.

- Então tá, mas qualquer coisa pode falar, tá ouvindo?

- Tô sim- passo a mão em sua barba.

- Agora eu vou atrás do Fabinho porque ele disse que tem umas coisas pra gente resolver- morde meu lábio.

- Vai lá- bato em seu ombro e ele me dá um beijinho antes de levantar.

- qualquer coisa me chama.

Por favor fica do meu lado e me ajuda a fazer esse teste.

Tenho vontade de gritar isso, mas só concordo com um aceno de cabeça.

Ele joga um beijo e sai do quarto.

Eu me levanto rapidamente e vou até minha bolsa, tirando a sacola da farmácia de dentro e correndo até o banheiro.

Tranco a porta e vou pra frente do espelho, observando meu reflexo.

Puxo minha blusa pra cima e encaro a minha barriga que tá igual a antes, nenhum sinalzinho ou algo do tipo.

Mas isso não anula nada porque pelo tempo que eu provavelmente possa estar grávida, não tem como ter barriga ainda.

Tiro os testes da embalagem leio o modo de usar, fico toda confusa e isso agora parece ser uma péssima ideia.

Deveria chamar o Gabriel pra vir aqui comigo e me ajudar? Queria muito mas se eu não estiver realmente grávida, não quero dar algum tipo de esperança pra ele e torar logo em seguida.

Faço o passo a passo que tá marcado na embalagem e marco os minutos.

Ou eu desmaio ou eu entro em estado de choque com o resultado.

𝗖𝗹𝗼𝘀𝗲 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹•• 𝟮° 𝘁𝗲𝗺𝗽.Onde histórias criam vida. Descubra agora